terça-feira, 20 de setembro de 2016

Crítica - Sete Homens e Um Destino

Resenha Sete Homens e Um Destino


Sete Homens e Um Destino
Sete Homens e Um Destino (1960) é ainda hoje um dos mais icônicos westerns já feitos, então a ideia de refazer algo tão marcante (ainda que ele fosse basicamente uma versão ocidentalizada de Os Sete Samurais de Akira Kurosawa) me deixava temendo por outra bomba baseada em um filme seminal como foi o caso do recente (e indefensável) Ben-Hur. Felizmente, este novo Sete Homens e Um Destino é bem apreciável, ainda que não tenha muito a dizer que já não tinha sido dito antes.

Na trama, o rico empresário Bartholomew Bogue (Peter Sarsgaard) oprime uma pequena vila no velho oeste dos Estados Unidos para tomar as terras dos habitantes. Cansados da violência perpetrada por Bogue, alguns habitantes liderados pela viúva Emma (Haley Bennett), decidem contratar pistoleiros para ajudá-los a enfrentar seu algoz. A viúva encontra o pistoleiro Chisolm (Denzel Washington) e o contrata para ajudar, mas ele sabe que não será suficiente e recruta outros seis capazes combatentes, entre eles o atirador Robicheaux (Ethan Hawke), o jogador Faraday (Chris Pratt) e o lutador Billy (Byung-hun Lee, o ninja Storm Shadow dos filmes dos G.I Joe).

É uma trama bem simples e direta, mocinhos e bandidos são bem delineados, mas funciona pela condução segura das cenas de ação e pelo carisma do elenco. O filme consegue deixar claro as habilidades de cada personagem e como cada um contribui com o grupo, construindo também um divertido clima de camaradagem entre eles, com constantes piadas e provocações. Acerta ao dar ao grupo um caráter mais plural ao grupo, agora composto pelas diferentes etnias que ajudaram a construir os alicerces da expansão ao oeste estadunidense.

Os dilemas de cada um deles são bem tradicionais, como a vingança pela família morta, o trauma da guerra e por aí vai, mas o elenco consegue dar personalidade suficiente aos seus personagens para torná-los figuras interessantes de acompanhar. Chris Pratt interpreta o mesmo tipo de cafajeste divertido que viveu em Guardiões da Galáxia (2014) e Jurassic World (2015), mas continua funcionando. Denzel Washington traz intensidade e carisma a Chisolm enquanto que Vincent D'Onofrio (o Rei do Crime de Demolidor) faz de seu Horne um homem que viveu tanto tempo isolado que parece ter dificuldade em falar e suas frases são quase sempre aforismos bíblicos. Peter Sarsgaard faz de Bogue o mesmo tipo macabro que já fez em tantos outros filmes, mas é eficiente em torná-lo um sujeito desprezível cuja presença desperta temor. O texto acerta em evitar transformar Emma em uma mera donzela em apuros ou em interesse romântico dos protagonistas (ainda que alguns deles tentam), tornando-a uma líder resoluta e combatente hábil, mesmo que ciente de que está metida em algo além de sua capacidade.

O filme tem longas cenas de ação e elas se beneficiam de um ritmo acertado, cuja montagem contribui para o senso de coesão espacial e deixando claro os confrontos simultâneos que ocorrem em amplos espaços sem jamais soar confuso. Consegue ainda criar tiroteios e lutas bem coreografadas e soluções criativas sobre como um grupo tão pequeno é capaz de enfrentar os numerosos capangas de Bogue. A imensidão do oeste hostil é transmitida nos amplos planos e o uso de contraluz evidencia o sol causticante daquele ambiente. A música é eficiente em evocar um senso de grandiosidade e urgência,  ainda que não tenha nada tão marcante quanto o tema do filme original (que é usado nos créditos).

Sete Homens e Um Destino pode não ter muito a acrescentar ao clássico western no qual se baseia, mas os personagens carismáticos e as boas cenas de ação valem a experiência.


Nota: 7/10

Trailer

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