Estrelado por Jackie Chan e
Johnny Knoxville, este Fora do Rumo segue
a velha fórmula das comédias de ação de parceiros, nos apresentando uma dupla
de protagonistas com personalidades antagônicas que são obrigados à cooperar
para lidar com um problema (algo que o próprio Chan já tinha feito nas franquias A Hora do Rush e Bater ou Correr). O problema do filme é menos a repetição da fórmula
em si e mais a maneira automática e sem brilho com a qual ela é utilizada.
A trama é centrada em Eddie
(Jackie Chan), um policial de Hong Kong que perde seu parceiro durante a
investigação de um criminoso cuja identidade real ninguém conhece. Anos depois
ele está obcecado em obter vingança e a única presença em sua vida é a afilhada
Samantha (Fan Bingbing), filha de seu parceiro morto. Quando o malandro Connor
(Johnny Knoxville) rouba dinheiro do cassino no qual Samantha trabalha e ela é
ameaçada pelos donos, Eddie resolve ir atrás de Connor para ajudar a afilhada.
Isso o leva em uma viajem até a Rússia e de volta para Hong Kong.
O filme acaba adotando uma
estrutura de road movie para
compensar a trama simplória. Se nesse tipo de filme os encontros ao longo da
viagem servem para ajudar a desenvolver os personagens, aqui eles parecem um
amontoado de ideias aleatórias feita para gerar algumas piadas rasteiras ou
ampliar o tempo de projeção. Em um dado momento o personagem de Chan começa a
cantar Rolling in the Deep de Adele e
isso se torna um grande número musical sem que isso sirva para avançar a trama
ou dar mais profundidade ao seu personagem, a cena existe simplesmente porque
alguém queria que ela existisse. O desenvolvimento é previsível com um tendo
algo importante a aprender com o outro (Eddie precisa aproveitar a vida, Connor
precisa ser mais responsável) e algumas reviravoltas óbvias, como a descoberta
de que Connor tem provas que ajudariam o caso de Eddie contra o homem que matou
seu parceiro.
As tentativas de humor são
rasteiras e dignas de um filme do Adam Sandler, com golpes na virilha e
escatologia preguiçosa. Em uma cena alguém dá testículos fritos de bode para o
personagem de Knoxville comer e, bem, é isso, essa é a piada. Em outra um
cavalo é mostrando defecando e aparentemente os realizadores desse filme acham
estrume algo divertido por si só. A repetição da gag de Connor tentando fugir de Eddie apenas para fracassar
segundos depois acaba cansando. Já não era exatamente engraçada na primeira
vez, perde totalmente a graça na segunda e lá pela quarta dá vontade de ir
embora do cinema. Se ninguém parece ter feito qualquer esforço criativo nesse
filme, porque eu deveria passar pelo esforço e teste de paciência que é
assisti-lo?
Se tem algo que impede o filme de
se tornar uma experiência excruciante e insuportável, são as cenas de ação
protagonizadas por Jackie Chan. Com um vigor físico invejável para um homem que
já passou da casa dos sessenta anos, Chan traz energia e bom humor para os
combates. Como é de costume nos filmes que faz, suas coreografias sempre tentam
trazer algo de incomum ou insólito nas lutas, como na cena que ele tenta se
defender usando bonecas russas que vão se quebrando e revelando versões menores
de si mesmas conforme ele é atacado. As cenas de ação são a única coisa
verdadeiramente divertida no filme inteiro.
A direção de Renny Harlin tenta
emular o estilo hiperbólico de diretores como Guy Richie com seus letreiros
coloridos mostrando os nomes dos personagens, edição acelerada e música
engraçadinha, mas falta ao filme a sagacidade dos diálogos, os personagens
esquisitos, o senso de humor seco e o timing
cômico preciso que alguém como Richie traz às suas obras. No fim, os
esforços de Harlin não passam de uma imitação barata, que reproduz os
dispositivos, mas não entende como eles funcionam.
Fora do Rumo desperdiça o carisma de Jackie Chan e as cenas de ação
divertidas que ele protagoniza em uma trama vazia, sem foco, personagens sem
carisma e humor extremamente rasteiro.
Nota: 4/10
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