quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Crítica - Fora do Rumo

Resenha Fora do Rumo


Review Fora do RumoEstrelado por Jackie Chan e Johnny Knoxville, este Fora do Rumo segue a velha fórmula das comédias de ação de parceiros, nos apresentando uma dupla de protagonistas com personalidades antagônicas que são obrigados à cooperar para lidar com um problema (algo que o próprio Chan já tinha feito nas franquias A Hora do Rush e Bater ou Correr). O problema do filme é menos a repetição da fórmula em si e mais a maneira automática e sem brilho com a qual ela é utilizada.

A trama é centrada em Eddie (Jackie Chan), um policial de Hong Kong que perde seu parceiro durante a investigação de um criminoso cuja identidade real ninguém conhece. Anos depois ele está obcecado em obter vingança e a única presença em sua vida é a afilhada Samantha (Fan Bingbing), filha de seu parceiro morto. Quando o malandro Connor (Johnny Knoxville) rouba dinheiro do cassino no qual Samantha trabalha e ela é ameaçada pelos donos, Eddie resolve ir atrás de Connor para ajudar a afilhada. Isso o leva em uma viajem até a Rússia e de volta para Hong Kong.

O filme acaba adotando uma estrutura de road movie para compensar a trama simplória. Se nesse tipo de filme os encontros ao longo da viagem servem para ajudar a desenvolver os personagens, aqui eles parecem um amontoado de ideias aleatórias feita para gerar algumas piadas rasteiras ou ampliar o tempo de projeção. Em um dado momento o personagem de Chan começa a cantar Rolling in the Deep de Adele e isso se torna um grande número musical sem que isso sirva para avançar a trama ou dar mais profundidade ao seu personagem, a cena existe simplesmente porque alguém queria que ela existisse. O desenvolvimento é previsível com um tendo algo importante a aprender com o outro (Eddie precisa aproveitar a vida, Connor precisa ser mais responsável) e algumas reviravoltas óbvias, como a descoberta de que Connor tem provas que ajudariam o caso de Eddie contra o homem que matou seu parceiro.

As tentativas de humor são rasteiras e dignas de um filme do Adam Sandler, com golpes na virilha e escatologia preguiçosa. Em uma cena alguém dá testículos fritos de bode para o personagem de Knoxville comer e, bem, é isso, essa é a piada. Em outra um cavalo é mostrando defecando e aparentemente os realizadores desse filme acham estrume algo divertido por si só. A repetição da gag de Connor tentando fugir de Eddie apenas para fracassar segundos depois acaba cansando. Já não era exatamente engraçada na primeira vez, perde totalmente a graça na segunda e lá pela quarta dá vontade de ir embora do cinema. Se ninguém parece ter feito qualquer esforço criativo nesse filme, porque eu deveria passar pelo esforço e teste de paciência que é assisti-lo?

Se tem algo que impede o filme de se tornar uma experiência excruciante e insuportável, são as cenas de ação protagonizadas por Jackie Chan. Com um vigor físico invejável para um homem que já passou da casa dos sessenta anos, Chan traz energia e bom humor para os combates. Como é de costume nos filmes que faz, suas coreografias sempre tentam trazer algo de incomum ou insólito nas lutas, como na cena que ele tenta se defender usando bonecas russas que vão se quebrando e revelando versões menores de si mesmas conforme ele é atacado. As cenas de ação são a única coisa verdadeiramente divertida no filme inteiro.

A direção de Renny Harlin tenta emular o estilo hiperbólico de diretores como Guy Richie com seus letreiros coloridos mostrando os nomes dos personagens, edição acelerada e música engraçadinha, mas falta ao filme a sagacidade dos diálogos, os personagens esquisitos, o senso de humor seco e o timing cômico preciso que alguém como Richie traz às suas obras. No fim, os esforços de Harlin não passam de uma imitação barata, que reproduz os dispositivos, mas não entende como eles funcionam.

Fora do Rumo desperdiça o carisma de Jackie Chan e as cenas de ação divertidas que ele protagoniza em uma trama vazia, sem foco, personagens sem carisma e humor extremamente rasteiro.


Nota: 4/10

Trailer

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