segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Crítica - Horizonte Profundo: Desastre no Golfo

Análise Horizonte Profundo


Resenha Horizonte Profundo Desastre no Golfo
Quando escrevi sobre Terremoto: A Falha de San Andreas (2015) disse que "filmes catástrofe são normalmente mais focados na criação do espetáculo destrutivo do que em elaborar uma narrativa envolvente ou personagens interessantes". Quando temos ainda um filme catástrofe baseado em uma tragédia real, espera-se também uma certa medida de sentimentalismo em relação às pessoas que lutaram pela sobrevivência. A mistura por vezes funciona, como em O Impossível (2012), mas pesar a mão no sentimentalismo pode descambar fácil para um sensacionalismo apelativo e é isso que acontece neste Horizonte Profundo: Desastre no Golfo.

Baseado no incidente da plataforma Deepwater Horizon, o maior vazamento de petróleo a acontecer na costa dos Estados Unidos. O filme acompanha o engenheiro Mike (Mark Wahlberg) que vai trabalhar na plataforma e percebe que os executivos da companhia, ansiosos com os atrasos no cronograma, estão querendo pular as verificações de segurança. Obviamente tudo dá muito errado e os operários precisam dar um jeito de evitar um desastre maior e esvaziar a plataforma.

Os personagens não vão além de clichês básicos como "o pai de família", "o veterano experiente" e daí por diante. Se é possível aderir de algum modo a eles isso é mais mérito do carisma de Mark Walhberg e Kurt Russell. O filme pesa a mão na construção do executivo interpretado por John Malkovich, que só faltou mergulhar em uma pilha de dinheiro ao estilo Tio Patinhas. Claro que imagino o sujeito deve ser de fato um escroto sem escrúpulos, não sou tolo de defender o contrário, mas o que é feito aqui pelo texto e pelo trabalho de Malkovich o faz parecer um vilão de desenho animado. O filme ainda desperdiça Kate Hudson como a esposa que não tem nada a fazer além de chorar pelo telefone.

Apesar de demasiadamente maniqueísta, o filme constrói bem os eventos que levaram até o desastre, mostrando como a plataforma estava em mau estado  e os dirigentes pouco se importavam com isso ou com o risco que as operações representavam. As cenas de destruição da plataforma são competentes e ajudam a transmitir a sensação de perigo e urgência da situação, nos deixando em suspense se os personagens irão ou não sobreviver a esta situação. A música, porém, acaba soando demasiadamente intrusiva, pesando a mão no sentimentalismo nos momentos mais dramáticos quase que querendo nos obrigar a chorar.

O desfecho do filme soa praticamente sensacionalista ao exibir as fotos dos indivíduos reais que morreram no incidente, um expediente apelativo, manipulativo e desnecessário, já que o fato de ser real não é o que define o engajamento de um espectador com uma narrativa. Também pesa a mão no ufanismo com as longas tomadas da bandeira americana tremulando acompanhada de uma música grandiloquente enquanto tudo pega fogo. Uma maneira nem um pouco sutil de sugerir que a nação sobrevive a qualquer tragédia, convenientemente esquecendo que apesar do esforço heroico dos operários em salvar o maior número possível de pessoas, nem a empresa nem seus executivos foram punidos por qualquer instância governamental pela negligência criminosa que aconteceu aqui.

Horizonte Profundo: Desastre no Golfo consegue criar bons momentos de tensão e perigo, mas desaba sob uma abordagem sensacionalista dos eventos reais que inspiraram o filme.


Nota: 5/10

Trailer:

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