quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Crítica - Jack Reacher: Sem Retorno

Análise Jack Reacher: Sem Retorno


Review Jack Reacher: Sem Retorno
Com o relativo sucesso do primeiro filme, Tom Cruise retorna como o ex-militar Jack Reacher neste Jack Reacher: Sem Retorno, uma continuação que, assim como o anterior, funciona como um passatempo descompromissado ainda que não ofereça nada de especial.

Na trama, Reacher (Tom Cruise) vai a Washington D.C visitar a major Turner (Cobie Smulders), mas descobre que ela foi presa, acusada de traição. Acreditando na inocência da amiga e que o exército está disposto a condená-la para enterrar de vez o caso, Reacher decide tirá-la da prisão e assim partem em uma viagem pelo país para provar sua inocência. Ao mesmo tempo, Reacher precisa lidar com a presença de Sam (Danika Yarosh), uma jovem que pode ser sua filha.

O filme é eficiente em criar a impressão de que os protagonistas estão acuados e que há um perigo real sobre eles. Isso não acontecia no primeiro, quando Reacher parecia sempre estar à frente de seus oponentes ao ponto de nada que eles fizessem soava como uma ameaça. Há a constante sensação de que eles estão isolados, sem ninguém para confiar exceto uns nos outros e a única arma que possuem é a própria astúcia. Inclusive cria situações bacanas nas quais as habilidades de Reacher em improvisar e investigar são constantemente exploradas. Além disso os combates refletem a natureza implacável e direta do protagonista que sempre se movimenta para causar o máximo de dano possível em seus inimigos e são beneficiados pelo fato de Cruise fazer a maioria de suas cenas de ação.

O operativo responsável por caçar Reacher consegue ser um inimigo mais à altura do investigador do que o mafioso interpretado pelo fraco Jai Courtney no primeiro filme. O vilão principal, porém, é um militar corrupto genérico interpretado no piloto automático por Robert Knepper (de Prison Break e Carga Explosiva 3), não chegando aos pés da figura misteriosa e ameaçadora vivida pelo cineasta Werner Herzog em Jack Reacher: O Último Tiro (2012).

Tom Cruise é carismático e cheio de energia como de costume, trazendo intensidade e a Reacher, um homem que parece não conseguir, embora claramente queira, demonstrar afeto pela filha e parece sempre abordar tudo com um olhar excessivamente pragmático. Cobie Smulders faz da major Turner uma militar durona, mas com um rígido código moral que não vê com bons olhos o modo como Reacher toma constantemente a lei nas próprias mãos. Ela também é tão capaz e engenhosa quanto Reacher, mas ele (e o próprio filme), parece tratá-la mais como uma subalterna do que uma igual. Tudo bem que ela chama a atenção de Reacher para sua conduta, mas ainda assim ele a trata com certa condescendência e a própria narrativa a deixa mais num lugar de assistente do que parceira, mesmo essa história sendo mais dela do que dele. Sam ajuda a trazer um lado mais humano no protagonista e é beneficiada pela boa química que tem tanto com Smulders como com Cruise.

O roteiro, por outro lado, é marcado por alguns furos. É difícil crer que uma militar experiente e seguidora de regras como Turner não saiba de antemão que o exército bloquearia seu acesso ao sistema e seu e-mail. Do mesmo modo, toda a justificativa do processo da mãe de Sam contra Reacher não faz muito sentido, afinal ela nunca sequer o tinha visto (na verdade, o livro fornece uma explicação melhor, mas no filme fica incoerente). Também exibe alguns desenvolvimentos óbvios. A cena em que Turner ensina Sam a se livrar de um captor caso seja feita como refém deixa evidente que era será inevitavelmente capturada pelos vilões e usará o golpe para sair de uma situação complicada (o que obviamente acontece).

Jack Reacher: Sem Retorno funciona pelo carisma de seus personagens e pelo manejo da intriga. Não é um filme que vai mudar sua vida, mas funciona como uma diversão despretensiosa.


Nota: 6/10

Trailer:

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