Uma franquia que existe há mais de vinte anos, quinze games
numerados, sem falar de mais de uma penca de derivados e spin-off, Final Fantasy é um dos nomes mais reconhecíveis no
universo dos videogames. Este World of
Final Fantasy tinha a missão de celebrar esse legado longevo, ao mesmo
tempo em que deveria introduzir novatos às suas duas décadas de histórias,
cenários fantásticos e personagens de cabelos espetados.
A trama segue os gêmeos Reynn e
Lann que descobrem ter o poder de capturar Mirages (os monstros que habitam
esse mundo) e fazê-los lutar ao seu lado. Eles precisam usar essas habilidades
para salvar o mundo de Grymoire de um império maligno. É uma "trama
padrão" de JRPGs, mas funciona pelo carisma dos gêmeos, sempre cheios de
energia e constantemente trocando observações sagazes e fazendo trocadilhos
bem-humorados, as interações entre eles constantemente colocavam um sorriso no
meu rosto, mesmo quando eu não dava a mínima para a trama, e me mantiveram
entretido durante as sessenta horas (mais ou menos) de campanha.
O visual
A jornada os leva a alguns
lugares familiares da franquia como o Castelo de Figaro, de Final Fantasy VI, ou o Reator Mako, de Final Fantasy VII, além de, claro te
colocar em contato com vários personagens da franquia como Rydia, de Final Fantasy IV, Faris, de Final Fantasy V,
Squall, de Final Fantasy VIII e até
mesmo alguns personagens mais obscuros como a Shelke de Dirge of Cerberus: Final Fantasy VII. Todos eles em fofíssimas
versões Chibi (chamados no universo do jogo de Lilikins), com cabeções e corpos
pequenos, remetendo à estética dos primeiros games.
Aliás, esse é o mais fofo e
bonitinho Final Fantasy já feito e até monstros tradicionais como Behemoths e
Ahrimans ganham designs que os fazem
parecer bichinhos de pelúcia, mesmo em poses "ameaçadoras". Muitos
dos cenários são reconstruções fieis de lugares conhecidos de outrora e sempre
que tinha a impressão de estar diante de algo conhecido, bastavam alguns
minutos para me lembrar de qual jogo aquilo tinha sido tirado (joguei todos os
exemplares "numerados" e boa parte dos spin-offs). As dungeons
oferecem algum espaço para exploração sempre ocultado ao menos uma sala
secreta, com itens e/ou algum monstro poderoso para enfrentar e capturar.
O gameplay
Ao capturar monstros, o jogador
pode levá-los junto nas batalhas, o principal uso é "empilhá-los"
junto aos seus dois personagens e assim combinar as habilidades das diferentes
criaturas. Cada personagem pode empilhar até dois monstros consigo ou ambos
podem se juntar para invocar criaturas ainda maiores e mais poderosas, as
Mega-Mirages, que funcionam de forma similar às summons de Final Fantasy X.
As batalhas seguem a mecânica de encontros aleatórios e transcorrem no
tradicional sistema de turnos, com uma barra de tempo sendo preenchida para que
cada personagem realize sua ação. É um sistema simples, mas toda a mecânica de
empilhar os monstros traz bastante profundidade e variedade tática, já que há
um número considerável de criaturas para capturar. Assim como os personagens,
os monstros sobem de nível e ganham pontos de habilidade que podem ser usado
nas Mirage Boards de cada criatura. As boards
são uma espécie de grade de habilidades (pensem na sphere grid de Final Fantasy
X ou no crystarium de Final Fantasy XIII) e variam com cada
monstro, algumas são bem lineares enquanto outras oferecem diferentes
"caminhos".
É possível ir até o fim sem
capturar todo e qualquer monstro que você encontrar, mas isso inevitavelmente
acaba deixando o combate um pouco repetitivo, já que ele depende dos monstros
para oferecerem novas magias e habilidades que mudam a abordagem aos
enfrentamentos. Sem mencionar que a captura de algumas criaturas específicas é
essencial para conseguir o melhor final. Além dos monstros, o jogador também
recebe as "Champion Medals" de alguns personagens icônicos que
encontram durante a jornada. É possível equipá-las para invocar guerreiros como
Lightning (Final Fantasy XIII) ou
Squall para realizarem um ataque devastador ou conferirem buffs e debuffs.
A música
A música traz composições
remixadas dos diferentes exemplares da franquia e é difícil não sentir uma
alegria nostálgica ao ouvir o tema das cidades do primeiro Final Fantasy ao entrar em uma determinada vila ou o tema inicial
de Final Fantasy VI ao colocar meu
personagem para andar em uma armadura magitek.
Os novatos na franquia talvez não
peguem todas as referências, mas World of
Final Fantasy é uma ótima introdução aos universos e histórias criados ao
longo de tantos games. É uma afetuosa, colorida e divertida celebração do
legado cultural da franquia e um competente JRPG que remete à "era de
ouro" do gênero.
Nota: 8/10
Obs: O game está disponível para PS4 e PS Vita (e tem suporte para cross
save entre as duas plataformas).
Trailer
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