Os zumbis estão mais em voga do
que nunca na cultura pop, marcando
constante presença em filmes, séries de televisão, videogames, quadrinhos e uma
platitude de outras plataformas. O coreano Invasão
Zumbi poderia ser apenas mais um caça-níqueis a tentar faturar uns trocados
em cima da popularidade dos mortos-vivos, mas funciona muito bem devido às
metáforas sociais que constrói e pela eficiência dos momentos de tensão.
Na trama, o empresário workaholic Seok Woo (Yoo Gong) tenta se
reconectar com a filha, a quem dá pouca (quase nenhuma) atenção, no dia de seu
aniversário. Como presente sua filha pede que ele a leve para visitar a mãe,
que mora no interior da Coreia do Sul.
Woo resolve ir de trem com sua filha e no caminho para a estação percebe
que há uma série de confusões ocorrendo na cidade. No trem, percebemos que há
uma epidemia zumbi se alastrando, mas quando os personagens se dão conta já é
tarde demais, o trem está em movimento e eles precisam sobreviver aos vagões
infestados de zumbis.
Como toda boa história de zumbis,
há um comentário social sobre nosso estilo de vida. Woo é alguém que vive para
o seu trabalho, alheio à filha e a mãe, alienado por seu foco no trabalho. Sua
existência é tão "não-vida" quanto a das criaturas que enfrenta.
Também fala da "zumbificação" provocada pelos tablets e smartphones,
que deixa todos vidrados em seus aparelhos e alheios ao que acontece ao redor.
Seu mais importante discurso, no entanto, é o da cooperação como única forma de
sobrevivência. No filme, aqueles que usam da truculência, do medo e da exclusão
são tratados como vilões e a sobrevivência parece vir da cooperação e do
entendimento entre as pessoas. É quase como uma espécie de anti The Walking Dead (aqui me refiro
especificamente à série de televisão), já que a série tem uma abordagem
bastante determinística e até darwinista do apocalipse zumbi, no qual apenas os
fortes e que cuidam apenas dos seus são aptos a sobreviver.
Os mortos vivos são velozes e
agem como um grande enxame, de modo similar ao que acontecia em Guerra Mundial Z (2013). Se no filme
estrelado por Brad Pitt tínhamos uma carnificina incomodamente asséptica e com
pouco sangue, aqui o diretor Sang-ho Yeon não se furta a mostrar a brutalidade
das criaturas, que atacam suas presas com voracidade. É também eficiente em
criar cenas de tensão, como nos momentos em que o pequeno grupo liderado por
Woo tenta se esgueirar por vagões lotados de zumbis para encontrar os demais
sobreviventes. São cenas sufocantes de tanta tensão, nas quais um movimento em
falso significará a morte de todos. O grupo com o qual Woo convive é bem
construído o suficiente para que temamos por suas vidas ainda que não sejam
exatamente sujeitos carregados de complexidade. O vilão por vezes peca pelo
exagero e ocasionalmente soa mais caricato do que deveria, mas serve para mostrar
a conduta de alguém que não se importa com nada além da própria sobrevivência.
Invasão Zumbi é um ótimo exemplar do gênero que representa,
funcionando tanto como uma reflexão sobre nosso modo de vida, mas também como
uma jornada cheia de medo e tensão.
Nota: 8/10
Trailer:
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