quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Crítica - Invasão Zumbi

Análise Invasão Zumbi


Review Invasão Zumbi
Os zumbis estão mais em voga do que nunca na cultura pop, marcando constante presença em filmes, séries de televisão, videogames, quadrinhos e uma platitude de outras plataformas. O coreano Invasão Zumbi poderia ser apenas mais um caça-níqueis a tentar faturar uns trocados em cima da popularidade dos mortos-vivos, mas funciona muito bem devido às metáforas sociais que constrói e pela eficiência dos momentos de tensão.

Na trama, o empresário workaholic Seok Woo (Yoo Gong) tenta se reconectar com a filha, a quem dá pouca (quase nenhuma) atenção, no dia de seu aniversário. Como presente sua filha pede que ele a leve para visitar a mãe, que mora no interior da Coreia do Sul.  Woo resolve ir de trem com sua filha e no caminho para a estação percebe que há uma série de confusões ocorrendo na cidade. No trem, percebemos que há uma epidemia zumbi se alastrando, mas quando os personagens se dão conta já é tarde demais, o trem está em movimento e eles precisam sobreviver aos vagões infestados de zumbis.

Como toda boa história de zumbis, há um comentário social sobre nosso estilo de vida. Woo é alguém que vive para o seu trabalho, alheio à filha e a mãe, alienado por seu foco no trabalho. Sua existência é tão "não-vida" quanto a das criaturas que enfrenta. Também fala da "zumbificação" provocada pelos tablets e smartphones, que deixa todos vidrados em seus aparelhos e alheios ao que acontece ao redor. Seu mais importante discurso, no entanto, é o da cooperação como única forma de sobrevivência. No filme, aqueles que usam da truculência, do medo e da exclusão são tratados como vilões e a sobrevivência parece vir da cooperação e do entendimento entre as pessoas. É quase como uma espécie de anti The Walking Dead (aqui me refiro especificamente à série de televisão), já que a série tem uma abordagem bastante determinística e até darwinista do apocalipse zumbi, no qual apenas os fortes e que cuidam apenas dos seus são aptos a sobreviver.

Os mortos vivos são velozes e agem como um grande enxame, de modo similar ao que acontecia em Guerra Mundial Z (2013). Se no filme estrelado por Brad Pitt tínhamos uma carnificina incomodamente asséptica e com pouco sangue, aqui o diretor Sang-ho Yeon não se furta a mostrar a brutalidade das criaturas, que atacam suas presas com voracidade. É também eficiente em criar cenas de tensão, como nos momentos em que o pequeno grupo liderado por Woo tenta se esgueirar por vagões lotados de zumbis para encontrar os demais sobreviventes. São cenas sufocantes de tanta tensão, nas quais um movimento em falso significará a morte de todos. O grupo com o qual Woo convive é bem construído o suficiente para que temamos por suas vidas ainda que não sejam exatamente sujeitos carregados de complexidade. O vilão por vezes peca pelo exagero e ocasionalmente soa mais caricato do que deveria, mas serve para mostrar a conduta de alguém que não se importa com nada além da própria sobrevivência.

Invasão Zumbi é um ótimo exemplar do gênero que representa, funcionando tanto como uma reflexão sobre nosso modo de vida, mas também como uma jornada cheia de medo e tensão.


Nota: 8/10

Trailer:


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