O primeiro Minha Mãe é Uma Peça (2013) valia pelo carisma de Paulo Gustavo
como a dramática e desbocada Dona Hermínia. Não era nada extraordinário, mas ao
menos cumpria sua função de divertir. O mesmo, no entanto, não pode ser dito
deste Minha Mãe é Uma Peça 2, que parece apenas repetir todas as
piadas do primeiro, mas sem o mesmo brilho e frescor de antes.
A trama continua a acompanhar Hermínia (Paulo Gustavo), agora apresentadora de um programa de televisão sobre
maternidade. Ela também precisa lidar com a visita de sua irmã Lúcia Helena
(Patrycia Travassos) e com o fato de seus filhos, Juliano (Rodrigo Pandolfo) e
Marcelina (Mariana Xavier) quererem sair de casa.
Muito do humor vem da maneira
histérica com a qual Hermínia lida com as situações e como isso é um exagero
que de algum modo reflete o comportamento de muitas mães. A questão é o que o
filme não tem muito mais a oferecer além de noventa minutos da personagem
gritando o tempo todo, o que torna a experiência literalmente monótona (não há
quebras, respiros, variações de tom, tempos mortos, nada) e cansa pelo
constante e insistente barulho atacando nossos ouvidos.
Claro, Gustavo ainda tem várias
boas sacadas e respostas sagazes para tudo e algumas cenas valem pelo puro nonsense, como quando Hermínia enfrenta
um assaltante, mas a personagem não tem nada mais a oferecer além de gritos e
da repetições de chavões como "eu grito e reclamo porque amo vocês" e
outros clichês. Mesmo o arco envolvendo os filhos deixarem a casa não vai além
do clichê da "síndrome do ninho vazio" e é abordado de maneira rasa e
resolvido muito facilmente. Na verdade, o filme tem uma quase completa ausência
de conflitos ou tensões dramáticas, com a maioria das tentativas de estabelecer
esses elementos sendo rapidamente resolvidas (como a questão dos filhos saírem
de casa) ou completamente esquecidas, como o monitor de pressão usado por
Hermínia que é sumariamente esquecido depois de duas ou três cenas e nunca mais
é mencionado (uma simples linha de diálogo "deu tudo bem com aquele meu
exame" resolveria isso).
O filme inteiro tem um tom
bastante episódico, com cada cena parecendo um esquete solto, malmente
conectado a uma narrativa maior, fazendo tudo parecer frouxo e desconectado
demais. A sensação é que você pode cochilar por quinze minutos em qualquer cena
e ainda assim não vai perder nada importante. Além disso ainda estende algumas
piadas mais do que deveria, esticando a cena mesmo quando a graça já acabou.
Herson Capri diverte com a
canalhice do ex-marido de Hermínia e Patrycia Travassos tem um ótimo monólogo
sobre como a língua portuguesa tem palavrões melhores, mas no geral tudo é
completamente focado em Hermínia e os coadjuvantes tem pouquíssimo espaço.
Talvez dar a eles um pouco mais de tempo de tela ou arcos próprios (ao invés de
somente gravitarem em torno da protagonista) ajudaria a dar um respiro à
histeria constante de Hermínia e evitaria que ela soasse tão cansativa. Algumas
piadas incomodam pelo gosto duvidoso, em especial aquelas envolvendo a Tia
Zélia (Suely Franco) e o fato dela estar ficando esclerosada. Sim, Hermínia
exibe um afeto genuíno pela tia, mas isso não torna menos cruel o fato dela
fazer piada com uma idosa com problema mental.
Minha Mãe é Uma Peça 2 tem lá seus momentos de divertimento, mas no
geral parece uma repetição preguiçosa do primeiro filme. Sem nada novo ou
interessante a acrescentar à personagem, a repetição torna-se cansativa ao invés
de entreter.
Nota: 5/10
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