terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Crítica - Minha Mãe é Uma Peça 2

Análise Minha Mãe é Uma Peça 2


Review Minha Mãe é Uma Peça 2
O primeiro Minha Mãe é Uma Peça (2013) valia pelo carisma de Paulo Gustavo como a dramática e desbocada Dona Hermínia. Não era nada extraordinário, mas ao menos cumpria sua função de divertir. O mesmo, no entanto, não pode ser dito deste Minha Mãe é Uma Peça 2, que parece apenas repetir todas as piadas do primeiro, mas sem o mesmo brilho e frescor de antes.

A trama continua a acompanhar Hermínia (Paulo Gustavo), agora apresentadora de um programa de televisão sobre maternidade. Ela também precisa lidar com a visita de sua irmã Lúcia Helena (Patrycia Travassos) e com o fato de seus filhos, Juliano (Rodrigo Pandolfo) e Marcelina (Mariana Xavier) quererem sair de casa.

Muito do humor vem da maneira histérica com a qual Hermínia lida com as situações e como isso é um exagero que de algum modo reflete o comportamento de muitas mães. A questão é o que o filme não tem muito mais a oferecer além de noventa minutos da personagem gritando o tempo todo, o que torna a experiência literalmente monótona (não há quebras, respiros, variações de tom, tempos mortos, nada) e cansa pelo constante e insistente barulho atacando nossos ouvidos.

Claro, Gustavo ainda tem várias boas sacadas e respostas sagazes para tudo e algumas cenas valem pelo puro nonsense, como quando Hermínia enfrenta um assaltante, mas a personagem não tem nada mais a oferecer além de gritos e da repetições de chavões como "eu grito e reclamo porque amo vocês" e outros clichês. Mesmo o arco envolvendo os filhos deixarem a casa não vai além do clichê da "síndrome do ninho vazio" e é abordado de maneira rasa e resolvido muito facilmente. Na verdade, o filme tem uma quase completa ausência de conflitos ou tensões dramáticas, com a maioria das tentativas de estabelecer esses elementos sendo rapidamente resolvidas (como a questão dos filhos saírem de casa) ou completamente esquecidas, como o monitor de pressão usado por Hermínia que é sumariamente esquecido depois de duas ou três cenas e nunca mais é mencionado (uma simples linha de diálogo "deu tudo bem com aquele meu exame" resolveria isso).

O filme inteiro tem um tom bastante episódico, com cada cena parecendo um esquete solto, malmente conectado a uma narrativa maior, fazendo tudo parecer frouxo e desconectado demais. A sensação é que você pode cochilar por quinze minutos em qualquer cena e ainda assim não vai perder nada importante. Além disso ainda estende algumas piadas mais do que deveria, esticando a cena mesmo quando a graça já acabou.

Herson Capri diverte com a canalhice do ex-marido de Hermínia e Patrycia Travassos tem um ótimo monólogo sobre como a língua portuguesa tem palavrões melhores, mas no geral tudo é completamente focado em Hermínia e os coadjuvantes tem pouquíssimo espaço. Talvez dar a eles um pouco mais de tempo de tela ou arcos próprios (ao invés de somente gravitarem em torno da protagonista) ajudaria a dar um respiro à histeria constante de Hermínia e evitaria que ela soasse tão cansativa. Algumas piadas incomodam pelo gosto duvidoso, em especial aquelas envolvendo a Tia Zélia (Suely Franco) e o fato dela estar ficando esclerosada. Sim, Hermínia exibe um afeto genuíno pela tia, mas isso não torna menos cruel o fato dela fazer piada com uma idosa com problema mental.

Minha Mãe é Uma Peça 2 tem lá seus momentos de divertimento, mas no geral parece uma repetição preguiçosa do primeiro filme. Sem nada novo ou interessante a acrescentar à personagem, a repetição torna-se cansativa ao invés de entreter.


Nota: 5/10 

Trailer

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