Final de ano chegando e hora de fazer o balanço do passou. Com o cinema não é diferente e essa é a época de relembrar o que teve de bom ao longo do ano, mas também o que teve de muito ruim. Como prefiro dar primeiro as más notícias, começarei com a listas de piores. Então vamos às experiências mais dolorosas e insuportáveis que tive dentro de um cinema este ano. Logicamente, levei em conta apenas o que foi lançado comercialmente no Brasil ao longo de 2016, seja para cinema ou direto para home video (DVD, Blu-Ray, serviços de streaming como a Netflix).
10. Pequeno Segredo
Uma história real que poderia
render um filme relativamente interessante sobre amor familiar e aproveitar a
vida ao máximo é reduzido a um relato mais hagiográfico do que biográfico. Com
um maniqueísmo simplório, uma narrativa sem ritmo, que não só demora a engrenar
como faz a narrativa parecer mais longa do que realmente é, e uma direção que
parece mais preocupada em forçar seu público a chorar do que tecer uma trama
interessante.
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O primeiro Truque de Mestre (2013) já não era lá grande coisa, mas essa continuação
parece querer fazer tudo ainda maior e mais exagerado, jogando uma reviravolta
atrás da outra na esperança de que o público não perceba que nada daquilo faz
muito sentido. O pior é que a narrativa não só é alheia à própria estupidez e
artificialidade, se julgando muito mais inteligente do que realmente é, como
também trata o público como idiota e incapaz de perceber os muitos mistérios e
reveses óbvios, telegrafados com extrema clareza e antecedência.
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Vinte anos depois do original,
este Independence Day: O Ressurgimento
não passa de uma reciclagem preguiçosa de um monte de ideias velhas e sem
personalidade, prejudicada ainda por um elenco sem carisma ou cuja graça já se
perdeu há muito tempo (Jeff Goldblum interpretando a si mesmo já tinha se
tornado cansativo no fim dos anos 90). As cenas de destruição são a mesma
computação gráfica genérica que boa parte dos filmes catástrofe apresenta e
seria possível trocá-las por praticamente qualquer outras da filmografia do
diretor Roland Emmerich que ninguém notaria a diferença.
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Nenhum filme simboliza melhor a
expressão "chutar cachorro morto" na minha memória recente do que
este. Sem ter para onde ir criativamente, o filme apenas encadeia uma série de gags e piadas batidas sem qualquer
lógica, coesão ou interesse de formar um trama minimamente interessante. Nem
mesmo o esquilo Scrat faz rir como antes.
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"Nossa Assassino à Preço Fixo (2011)
é tão bom e singular que mal posso esperar por uma continuação" disse ninguém em lugar nenhum e
momento algum do tempo. Mesmo sem ninguém pedir nem querer e o desfecho do
primeiro não deixar nenhum grande gancho essa continuação foi feita de algum
modo e o resultado é um roteiro inexistente, uma atuação no piloto automático
do habitualmente carismático Jason Statham, cenas de ação sonolentas e efeitos
especiais tão ruins que parecem saídos de algo feito há mais de duas décadas
atrás.
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Cinquenta Tons de Cinza (2015) já era involuntariamente hilário de tão
ruim, então não faz muito sentido fazer graça em cima de algo que originalmente
provocava risos (ainda que não intencionais). Para piorar, lançar esse tipo de
filme um ano depois de seu "filme-base", significa que boa parte das
piadas já foi feita por programas de humor, blogs, canais de Youtube, Honest
Trailers e outras plataformas. Assim o filme já chega nos cinemas com gosto de
comida velha, requentando piadas que todo mundo já viu e não fazendo nenhum
esforço para ir além do que já foi dito.
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Clone safado de O Sexto Sentido (1999), esse filme
estrelado por Adrien Brody acompanha um psicólogo que aparentemente começa a
"ver gente morta". Cheio de sustos gratuitos e previsíveis (que nunca
funcionam) feitos para compensar uma trama com mais buracos do que uma rodovia
brasileira, ainda traz Brody em uma performance tão desinteressada que parece
prestes a dormir em cena à qualquer momento.
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Mais uma "comédia" de
Adam Sandler na qual ele exercita seu humor estilo "ofensas de playground", cujas piadas se
resumem a apontar para alguém e dizer algum xingamento gratuito, normalmente de
cunho preconceituoso, ou alguma escatologia desprovida de contexto narrativo.
Ainda pesa a mão na misoginia, com todas as mulheres sendo ou megeras
manipuladoras ou meros objetos sexuais. Sandler parece miserável em cena, sem
energia ou empolgação e as cenas de ação são jogadas à esmo na tela.
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O "comediante" Rodrigo
Sant'anna é praticamente uma versão brasileira de Adam Sandler. Seu humor não
passa de uma reprodução de preconceitos anacrônicos e ofensas infantis sem
qualquer esmero ou criatividade. É tipo aquele seu tio-avô metido a comediante
que faz sempre as mesmas piadas velhas em todo almoço de domingo e se acha
super engraçado, sem perceber que não passa se um sujeito antiquado e
preconceituoso.
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1. Ben-Hur
Eu demorei um tempo para decidir qual
dos filmes do top 3 ficaria na
primeira posição. O que desempatou foi o fato de que, bem, dos dois anteriores
ninguém espera muita coisa. Por outro lado, espera-se que um remake de um dos mais icônicos filmes já
feitos ao menos se esforce para ser bom, mas este Ben-Hur sequer parece estar tentando. O problema nem é só o texto
ruim, cheio de furos, a direção exagerada e sem sutileza ou o protagonista que
é mais sem graça do que uma salada de chuchu com pepino. Além de tudo isso Ben-Hur fracassa em quesitos que uma
produção de 100 milhões não tem o direito de errar. Do figurino "de
época" que parece comprado em uma loja de grife (e com costuras
industriais ocasionalmente aparentes), Morgan Freeman com uma peruca de dreadlocks mais falsos que moeda de três
reais, penteados com topetes cheios de gel para dar um visual brega de "bad boy de butique" (nem mesmo o 300 de Zack Snyder, que não tinha nenhum
compromisso com a fidelidade histórica tinha algo assim), sem mencionar a
computação gráfica ruim (a corrida de bigas é uma bagunça de efeitos ruins,
câmera tremida e montagem epilética). Tudo isso dá a impressão de que estamos
diante de alguma novela bíblica da Record e não um blockbuster de alto orçamento.
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Menções "honrosas":
Bem, é isso, essa foi minha
tentativa de elencar os piores entre os piores que passaram por mim neste ano.
E para você, quais foram os piores filmes a passarem pelas nossas telas em
2016?
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