quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Crítica - Max Steel

Análise Max Steel


Review Max Steel
Max Steel, baseado no boneco da Mattel (e que já teve uma série animada), teve um lançamento bem curioso nos Estados Unidos no final do ano passado. Ninguém sequer sabia da existência do filme até um mês antes de sua estreia quando o estúdio divulgou o primeiro trailer na internet. Como praticamente não sabia nada sobre o filme, ninguém se empolgou e, consequentemente, pouca gente compareceu um mês depois nos cinemas e o filme foi um grande fracasso. O que teria levado a produtora a agir com tanto desdém em relação ao filme? Eles se deram conta de que tinham uma bomba em mãos? Foi um filme feito "nas coxas" e de qualquer jeito só para não perder os direitos do personagem? As duas coisas? Independente dos motivos da displicência do estúdio para com o produto, o resultado final é tão ruim que me pergunto como alguém achou que seria uma boa ideia fazer este filme.

A trama acompanha o adolescente Max (Ben Winchell) que passou a vida constantemente mudando de cidade até retornar para sua cidade natal com a promessa de sua mãe, Molly (Maria Bello), de que esta é a última vez. Chegando lá, percebe que muitos conhecem mais sobre seu falecido pai do ele próprio, ao mesmo tempo em que começa a manifestar estranhos poderes. Aos poucos, ele parece não ser capaz de conter a energia de seu corpo até que recebe a visita do alienígena Steel (voz de Josh Brener), que não só é capaz de absorver o excesso de energia de Max, como também pode se fundir com ele (Max e Steel, Max Steel, sacaram?) transformando-o em um cosplayer ruim de Homem de Ferro.

A trama é um bagunça enorme incapaz de estabelecer com clareza uma lógica própria. A energia de táquions manipulada por Max recebe uma definição diferente cada vez que é explicada e praticamente pode fazer qualquer coisa que a trama determine que ela pode, de interferir em aparelhos eletrônicos, a conferir super força e velocidade, disparar raios de energia, voar, ficar invisível, enfim serve para qualquer coisa. Não importa o que aconteça, sempre haverá uma nova habilidade para livrar Max de seu apuro, eliminando qualquer senso de perigo. A amnésia de Steel também vai e volta dependendo do quanto o que ele tem a dizer é importante para avançar a trama e sempre que necessário ele convenientemente lembra de algo que pode ajudar Max.

A motivação dos vilões alienígenas, os Ultralinks, também é pobremente definida, com o filme se limitando a dizer que eles querem destruir o mundo (com qual finalidade? Por diversão? Para absorver a energia do planeta?) ou qual a razão deles sempre se manifestarem como tornados. Do mesmo modo, nada sobre o passado do pai de Max é satisfatoriamente explicado além de um "ele é um alienígena" dito por alguém em algum momento e que ele estava aqui para proteger a Terra dos Ultralinks. Como ele chegou aqui, qual seu plano para defender o planeta ou outras questões também são ignoradas.

As decisões dos personagens também não fazem muito sentido. Em algum momento Max e Steel são atacados por um grupo de mercenários armados quando está à caminho da escola. Ele se esconde na floresta e qual o plano dele para lidar com a situação? Ir para a escola, o exato local para onde os vilões sabiam que ele iria. Na cena seguinte ele já está na escola, mas, de algum modo os mercenários não vão atrás dele, pois apesar de serem homicidas sem escrúpulos que atiram sem reservas no meio de uma estrada, não estão dispostos a invadir uma escola. Tampouco são espertos ao ponto de se fingirem de policiais ou algo assim para entrarem na escola e levarem Max sem precisar atirar. Em outro momento, novamente acuado, a estratégia de Max é que ele e Steel se separem, ignorando o fato de que ele pode se transformar em um herói indestrutível quando ligado ao pequeno alienígena e que Steel é o único com o mínimo de informação para ajudá-lo a sobreviver. A revelação do vilão principal é tratada como uma grande reviravolta, mas é tão óbvia (em parte pelo número reduzido de personagens) que qualquer um prestando um mínimo de atenção é capaz de antecipar com quinze minutos de projeção. Para piorar o dito vilão sequer tem uma motivação convincente, sendo mau simplesmente por ser mau. Ele quer a energia de Max para...para...err...bem, ele quer a energia de Max e pronto.

Ben Winchell é um buraco negro de empatia como Max, se limitando a fazer a mesma expressão confusa e boquiaberta com fala gaguejante cada vez que algo importante acontece diante dele, uma espécie de imitação piorada do que Shia Labeouf fez na franquia Transformers. Seu interesse romântico, Sofia (Anna Villafane), é só isso, não servindo a nada além de objeto de afeto do personagem, se apaixonando por Max mesmo com ele se comportando como um viciado em crack perto dela. Os diálogos entre os dois são tão cafonas e toscos que fazem os diálogos entre Anakin e Amidala na trilogia prelúdio de Star Wars parecerem pura poesia. A costumeiramente competente Maria Bello tem pouquíssimo a fazer como a mãe de Max, que se limita a se recusar a responder as perguntas do filho. Bello pelo menos fica longe do constrangimento vivenciado pelo colega de elenco Andy Garcia, que passa o terço final do filme em uma armadura do que parece ser plástico barato que certamente me faria rir se eu não estivesse tão ocupado sentindo vergonha pelo veterano ator.

Em termos de produção, tudo é bastante tosco, da energia que flui do corpo de Max ao Ultralink ciclone criado por uma computação gráfica datada, às armaduras que parecem feitas por um cosplayer sem dinheiro. Tudo parece da pior qualidade, só se salva o alien Steel cujos efeitos o tornam minimamente convincente. Mesmo deixando de lado o visual precário, o filme nem é interessante em termos de design de produção. O traje de Max parece uma cópia mal feita da armadura do Homem de Ferro, o visual de Steel parece plagiado dos robôs dos games da série Portal, enfim tudo soa como uma reciclagem preguiçosa de elementos melhores de outros produtos. As (poucas) cenas de ação são pavorosamente filmadas, com uma câmera constantemente trêmula que torna tudo confuso, prejudicada ainda por uma montagem excessiva, cheia de cortes, que deixa a ação fragmentada e quase incompreensível.

Há muito pouco, praticamente nada, a ser aproveitado ou recomendado nesse colossal desastre que é Max Steel. Os personagens não tem carisma, o texto sequer estabelece de modo coeso o universo da trama, a ação é mal dirigida e o humor não tem graça. Um filme baseado em um brinquedo deveria ao menos divertir, mas nem isso consegue.


Nota: 1/10

Trailer

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