quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Crítica - Moana: Um Mar de Aventuras

Análise Moana Um Mar de Aventuras


Review Moana Um Mar de Aventuras
Moana: Um Mar de Aventuras não é exatamente original. É uma reprodução da tradicional "jornada do herói" (até se referem à personagem no filme como "a escolhida") que já vimos um monte de outras vezes, mas à despeito da natureza familiar, funciona pelos seus personagens bem construídos e pelas canções envolventes compostas pelo atual queridinho da Broadway, Lin-Manuel Miranda, que fez a limpa nos prêmios Tony (o "Oscar" do teatro dos Estados Unidos) com o musical Hamilton, escrito, dirigido e protagonizado por ele.

A trama acompanha a jovem Moana (Auli'i Cravalho) uma garota que cresceu em uma pequena ilha e sempre sonhou em viajar através dos oceanos. Seu pai, no entanto, tem planos diferentes para ela, criando-a para tomar seu lugar como líder de seu povo. Sua sede de viajar acaba sendo estimulada quando ela recebe um artefato chamado Coração de Te Fiti, que aparentemente pertencia a uma deusa antiga, que precisa ser devolvido ao seu devido lugar para evitar que as trevas se espalhem pelo mundo e tudo seja controlado pelo monstro de lava Te Ka. Para tanto, ela precisa encontrar e pedir ajuda ao semideus Maui (Dwayne "The Rock" Johnson), que originalmente roubou a joia.

Apesar da trama girar em torno de Moana pedir auxílio a Maui, essa nunca deixa a história dela e semideus jamais lhe rouba o protagonismo. É pelas ações e decisões dela que a trama avança e é por causa dela que Maui deixa de lado seu medo e insegurança para enfrentar Te Ka. A força do filme reside em Moana, uma garota impetuosa, engenhosa e destemida, disposta a qualquer coisa para salvar seu povo, mesmo sabendo que ainda tem muito a aprender e que talvez tudo aquilo esteja acima de suas capacidades. Encantadora, divertida, decidida, mas também com inseguranças e medos bastante críveis, Moana é uma protagonista interessante e complexa que segura o filme mesmo quando sua jornada soa demasiadamente familiar, conseguindo fazer rir e emocionar, em especial nas cenas entre ela e avó (confesso que chorei, podem me julgar), em iguais medidas.

Maui é um divertido companheiro de viagem, com sua atitude egocêntrica, pagando de grande herói e desbravador, mas recuando quando a situação aperta. Ele podia ser só isso, mas o filme ainda consegue estabelecer motivos bem convincentes para ele ter se tornado daquele jeito, enriquecendo o personagem e fazendo-o ir além de um coadjuvante engraçadinho. Também acerta ao evitar transformar o monstro Te Ka em uma criatura meramente cruel e maligna, mas evitarei dizer mais para não estragar a experiência de ninguém.

Como de costume nas animações da Disney, as canções e números musicais são maravilhosos, trazendo aquela sensação de beleza e encantamento que sempre se espera dos trabalhos do estúdio. Da divertida You're Welcome ("De Nada") cantada por Maui, passando pela grandiosa We Know The Way, cantada quando Moana aprende sobre seus ancestrais, e a tocante How Far I'll Go ("Saber Quem Eu Sou) que pontua a jornada da protagonista e é cantada mais de uma vez, evidenciando a evolução da personagem, as canções são daquelas que ficam na cabeça depois que o filme acaba. É impossível também não mencionar a qualidade técnica da animação e da ampla expressividade dos personagens. As texturas da superfície do mar (e o modo como ela reage a objetos e variações de luz) e da areia impressionam pelo seu fotorrealismo e o filme acerta até em pequenos detalhes como o sutil relevo das tatuagens em relação à pele dos personagens ou o modo natural como os cabelos de Moana e Maui se movem.

Assim sendo, mesmo com uma trama demasiadamente banal, Moana: Um Mar de Aventuras conquista pelo carisma e força de sua protagonista e o espetáculo de suas canções.


Nota: 8/10

Trailer:

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