Comédias são sempre um gênero difícil de
avaliar, afinal, o que é engraçado para alguém pode não ter a menor graça para
outra pessoa. Isto se mostra bastante verdadeiro para este Os Penetras, uma vez que a satisfação proporcionada pelo filme está
diretamente ligada ao quanto cada um aprecia do tipo de humor defendido pelos
dois protagonistas, Marcelo Adnet e Eduardo Sterblich. No filme, Marco (Adnet)
é um malandro que vive de penetrar em festas chiques e aplicar pequenos golpes
ao lado de seu parceiro Nelson (Stepan Nercessian) e vê em Beto (Sterblich), um
homem ingênuo que está tentando reatar com a namorada, uma vítima perfeita para
ser “depenada”, termo que o próprio personagem usa.
A verdade é que nenhum dos dois se
esforça muito para compor um personagem, se limitando basicamente à fazer as
mesmas coisas que fazem na televisão, o Beto, por exemplo canta fino do pé do
ouvido do Marco tal qual o Freddie Mercury Prateado que Sterblich faz no Pânico na Band. O roteiro se baseia em
um fiapo de triângulo amoroso entre os dois e a misteriosa Laura (Mariana
Ximenes) e o desenvolvimento disso tudo é absurdamente frouxo, dando muitas
vezes a impressão de que estamos acompanhando apenas uma sequencia de esquetes
soltos de algum programa televisivo.
O resto do elenco composto de nomes
famosos como Luiz Carlos Miele, Luis Gustavo Suzana Vieira e Andrea Beltrão
funciona apenas como um bando de figurantes de luxo já que nenhum deles é
realmente engraçado nem contribui em nada para o desenvolvimento da narrativa.
A personagem de Beltrão inclusive aparece para resolver um determinado conflito
da história e logo depois é completamente esquecida, sendo que a situação
poderia ser resolvida sem a adição gratuita de uma nova personagem apenas para
ser descartada logo depois.
Se o roteiro é completamente inócuo,
incluindo aí uma conclusão igualmente vazia que tenta apontar para uma
continuação, as situações envolvendo as peripécias dos personagens para entrar
de penetra nas festas ou as loucuras feitas durante as mesmas não contem nada
que já não tenha sido visto em filmes como Penetras
Bons de Bico (2005) e similares.
O único momento que poderia ser digno de nota seria quando o trio de picaretas
tenta disfarçar Beto como um famoso ator estrangeiro, mas mesmo esta não tem
seu potencial cômico explorado.
No fim das contas, Os Penetras só vale a pena para aqueles que já são fãs do humor de
Adnet e Sterblich na televisão, mas como diria Homer Simpson: “pra que vou pagar pra ver algo no cinema se
posso assistir a mesma coisa de graça na TV?”. Já aqueles que já não gostam
muito de nenhum dos dois, resta procurar algo no resto da programação dos
cinemas, pois dificilmente sairão satisfeitos da sala de projeção.
Nota: 4/10
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