Os Saltimbancos Trapalhões (1981) provavelmente está entre os meus
favoritos dentre os filmes feitos pela trupe de humor liderada por Renato
Aragão. A ideia de uma nova versão do filme baseado no musical teatral escrito
por Chico Buarque, no entanto, não me despertava tanta empolgação. Felizmente
esse Os Saltimbancos Trapalhões: Rumo à
Hollywood é um filme adorável e uma homenagem afetuosa do longa oitentista
no qual se baseia.
Na trama, Didi Mocó (Renato
Aragão) é um faz-tudo que trabalha no Circo Sumatra, liderado pelo sempre
irritadiço Barão (Roberto Guilherme, o eterno Sargento Pincel). O circo está à
beira da falência e o Barão decide alugar o terreno para que o prefeito da
cidade realize eventos. Didi, no entanto, está disposto a salvar o circo e com
a ajuda de Dedé (Dedé Santana) e Karina (Letícia Colin), a filha do Barão que
retornou ao circo depois de terminar a faculdade, decidem escrever um novo e
grandioso número para tirar o circo da bancarrota.
É uma trama típica de um musical
de bastidores (ou backstage musical)
com uma trupe de artistas falidos tendo que enfrentar as dificuldades criando
um novo material capaz de chamar o público de volta. Apesar da estrutura
prototípica, funciona pelo carisma dos protagonistas. Didi e Dedé estão afiados
como há muito não os víamos, sempre com uma resposta mordaz e bem-humorada na
ponta da língua, e há um paixão clara da parte deles por este material, tanto
que Renato Aragão não segura a emoção ao homenagear os companheiros falecidos
ao fim do filme. Letícia Colin, por sua vez, é adorável como Karina e além de
ter uma ótima química com Didi e Dedé ainda se sai muito bem nos números
musicais de sua personagem.
As canções nos ganham não apenas
pelo seu valor nostálgico, mas também pelo deslumbre e encantamento transmitido
pelos números musicais e a paixão verdadeira pelo circo que ele exibe. O
excesso de personagens, porém, acaba atrapalhando o filme e travando o ritmo. O
arco de Luiza (Livian Aragão), sobrinha da cartomante Zoroastra (Maria Clara
Gueiros), e seu romance com um trapezista recém-chegado, por exemplo, tem muito
pouco a acrescentar ao filme e poderia ser suprimido sem que se perdesse nada
do enredo. Do mesmo modo, os vilões jamais soam como um obstáculo verdadeiro à
trupe e são vencidos facilmente e sem causa muito impacto.
Ainda assim Os Saltimbancos Trapalhões: Rumo à Hollywood funciona como uma
afetuosa homenagem ao original, sendo uma comédia bem simpática e divertida.
Nota: 6/10
Trailer
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