quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Crítica - Sherlock: The Final Problem (S04E03)

Análise Sherlock: The Final Problem (S04E03)


Review Sherlock: The Final Problem (S04E03)
Uau. Que jornada foi essa quarta temporada de Sherlock. De um começo trôpego em The Six Thatchers e de uma melhora em The Lying Detective, mas que pouco fazia para avançar o que parecia ser a trama principal da temporada, o "retorno" de Moriarty (Andrew Scott). Com muitas perguntas ainda no ar, este The Final Problem (uma referência ao conto O Problema Final, que tratava do embate final entre Holmes e Moriarty, mas a narrativa também acena para o conto O Ritual Musgrave) tinha uma tarefa muito difícil de amarrar tudo e ainda lidar com o gancho do episódio anterior que mexia com o passado da família Holmes. Fiquei surpreso em como o episódio se sai extremamente bem em juntar todas as tramas deixadas no ar, resultando em uma excelente trama do detetive britânico.

A narrativa começa pouco depois dos eventos em The Lying Detective, com Holmes (Benedict Cumberbatch) e Watson (Martin Freeman) indagando à Mycroft (Mark Gatiss) sobre a existência da misteriosa Eurus (Sian Brooke), que pode ser irmã de Sherlock e Mycroft. Depois de revelar um pouco sobre o passado de sua família, Mycroft leva Holmes e Watson à prisão secreta na qual sua irmã está desde a infância, para garantir que ela nunca deixou o lugar. O que nenhum deles esperava, é que tudo não passava de uma armadilha de Eurus, que os prende no lugar e os transforma em seus joguetes.

Ao longo do episódio Sherlock, Watson e Mycroft terão suas habilidades e convicções testadas ao limite por Eurus, que parece compreender as mentes do trio melhor que eles próprios. A tensão é constante e há uma real sensação de perigo rondando os personagens, nos levando a crer que talvez eles não consigam sair dali com vida. Cada enigma, cada desafio parece feito para analisar uma faceta de Holmes, inclusive seu lado mais humano, como acontece na tensa e melancólica cena na qual ele é obrigado a ligar para Molly (Louise Brealey) e confronta os sentimentos da legista.

Diferente de Moriarty, que realmente queria fazer Sherlock sofrer, Eurus o observa com uma curiosidade científica e, até certo ponto, ingênua, como que apenas quisesse entender o funcionamento da mente do irmão e não compreendesse a extensão da monstruosidade à qual o submete. Falando em Moriarty, o episódio finalmente explica como e de saíram as muitas gravações com mensagens macabras do vilão e o contexto no qual elas foram feitas.

No curso das reviravoltas, no entanto, uma delas acaba soando excessiva, que é a resolução do "ritual Musgrave" e a constatação das memórias perdidas de Sherlock. A ideia de um irmão desconhecido e nunca mencionado já era algo que requisitava certa cooperação do espectador, mais inserir melhor amigo de infância nunca mencionado, citado ou indicado pela série já nos últimos minutos do episódio é simplesmente pedir demais do público, por mais que isso se relacione com a jornada do personagem. Além disso, passado o choque com a revelação, ela é prontamente esquecida, não repercute nem acrescenta nada aos personagens, deixando claro que ela não era necessária, ainda mais em um episódio cheio de acontecimentos climáticos.

À despeito do tropeço, o conflito e o desfecho da trama reforçam o quanto os criadores da série conhecem esses personagens e o que faz funcionar. A narração final de Mary Morstan (Amanda Abbington) não só fecha perfeitamente a temporada como também pode ser um final extremamente digno caso a série não volte. Um desfecho que celebra seus personagens ao mesmo tempo que nos lembra os motivos deles permanecerem tanto tempo no imaginário popular.


Nota: 9/10

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