terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Reflexões Boêmias - Melhores Filmes de 2016



Depois de fazer minha lista com os piores filmes do ano, chegou a vez de listar os melhores e devo dizer que foi muito mais difícil. Assim como no ano passado, tentei me ater apenas a um top 10, mas tinham filmes que valiam destaque de fora dessa lista inicial, então acabei novamente fazendo um top 15. Assim como na lista de piores, levei em conta os filmes lançados comercialmente no Brasil em 2016, tanto nos cinemas quanto em vídeo e serviços de streaming. Sendo assim, vamos aos filmes.




Filme sul-coreano que traz uma intensa jornada de tensão que não economiza no sangue e na violência, também consegue pensar sobre a importância da cooperação e os perigos do ódio e do preconceito.

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Um esquisito musical sobre trabalhadores de um cemitério, que conquista pelo seu bom humor e o modo como brinca com as convenções do gênero. Serve também como um exame sobre nossa relação com a morte e o processo de verticalização e gentrificação das grandes cidades.

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"Ah, a Disney está fazendo mais uma animação sobre bichinhos fofinhos falantes", pensei eu quando entrei para assistir a este Zootopia. É de fato bem bonitinho, engraçado e movimentado, mas a cidade dos animais também serve como uma poderosa metáfora sobre intolerância e uso do medo como ferramenta política.

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Parecia ser apenas uma animação debochada e sem noção sobre comidas antropomórficas falando palavrões, mas por trás de sua fachada de besteirol há um comentário contundente sobre  a nossa adesão sem questionamento aos dogmas que nos são postos. 

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O cantor e compositor Alceu Valença se arrisca pela primeira vez como diretor de cinema e entrega um filme que é uma vibrante e apaixonada declaração de amor à cultura nordestina, que se desdobra diante dos nossos olhos como que um cordel ganhando vida. Ainda tem o trabalho excelente de Irandhir Santos e Hermila Guedes como o casal Lampião e Maria Bonita.

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Incômodo e reconfortante em iguais medidas, o filme lida com cuidado e sensibilidade com a situação limite de uma mãe que tenta escapar do cativeiro com seu filho (fruto de abuso durante o período cativo) que nunca conheceu o mundo exterior. É beneficiado ainda pelo ótimo trabalho de Brie Larson e do ator mirim Jacob Tremblay.

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O filme que finalmente deu o cobiçado Oscar a Leonardo DiCaprio. Além da entrega do ator no papel de um homem que tenta sobreviver nos ermos gelados depois de um ataque de urso, a trama é engrandecida pela fotografia que prima pelo uso de luz natural e pelos longos planos filmados em locação, que ajudam a transmitir a imensidão o perigo daquelas paisagens inóspitas ao mesmo tempo em que reverencia sua beleza. A história do caçador Hugh Glass acaba servindo como uma ponderação do que separa o homem do restante dos animais.

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Um bem humorado deboche sobre como a especulação financeira descontrolada e sem fiscalização que, num misto de burrice e mau caratismo, serviu de ponto de partida para a grande crise financeira que abateu os Estados Unidos no fim da primeira década dos anos 2000. Usando da galhofa para tentar esclarecer o "financeirês", o filme mostra como tudo isso é feito para soar inacessível e ocultar que muito disso não passa de enganação. Apesar da abordagem cômica, não perde de vista os efeitos devastadores da crise e como muito pouco é feito para evitar que algo assim se repita.

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Lamentavelmente lançado direto para home video e serviços de streaming (na Netflix consta o título original em inglês), esse suspense é um interessante estudo sobre a dificuldade de lidar com o luto e a razão dos cultos e religiões serem tão atraentes. A diretora Karyn Kusama tece um lento, mas bastante hábil, jogo de tensão e relaxamento, dando aos poucos pequenos vislumbres que de a situação não é aquilo que os personagens imaginam até que tudo explode no tenso e impactante clímax.

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Um sufocante retrato do cotidiano de um judeu em um campo de concentração nazista. Com a câmera concentrada praticamente o tempo inteiro em seu protagonista, o diretor húngaro Laszlo Nemes nos torna colega de confinamento dele e um incômodo voyeur de toda aquela situação. O que fica é uma experiência implacável e desoladora sobre um dos pontos mais baixos e horrendos da história humana.

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5. A Bruxa



Com um excelente trabalho de ambientação, Robert Eggers nos deixa imersos no clima e modo de vida dos Estados Unidos colonial do século XVII, um período de enorme fervor religioso no qual o diabo parecia espreitar à cada esquina e cada momento. Acompanhando o cotidiano de uma família à beira da floresta, vemos como qualquer mínimo desvio do que se considera como "normal" ou aceitável é imediatamente visto como demoníaco (especialmente no que se refere à conduta feminina) e por mais que realmente pareça existir algo sobrenatural afligindo aquela família, aos poucos vamos percebendo que eles podem ser tão malignos quanto aquilo que os observa da floresta.

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Duríssimo documentário que nos lembra como o preconceito e racismo estão enraizados na sociedade brasileira. A partir de uma investigação sobre os atos de uma rica família do interior paulista simpatizante do nazismo, vemos como as consequências deste racismo e a ideologia que o sustenta permanece até hoje em nosso país.

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Confesso que nunca fui um grande fã do cineasta franco-canadense Denis Villenueve (de Os Suspeitos e Sicario: Terra de Ninguém), mas este A Chegada se revela um poderoso estudo sobre a complexidade das relações humanas e dos processos de comunicabilidade, lembrando a importância do entendimento e diálogo para o crescimento humano. Também é um interessante estudo sobre nossa relação com o tempo e como a vida vale a pena ser vivida à despeito da inevitável finitude de nossa existência.

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Com uma trama que se estende ao longo de gerações, o cineasta chinês Jia Zhang-ke examina de maneira delicada e melancólica como as nossas vidas operam em um constante estado de transformação quer queiramos ou não. O tempo afeta e transforma todas as coisas, pessoas, lugares, nações, e isso torna cada experiência significativa e singular, já que cada coisa que vivenciamos de algum modo nos afeta, nos transforma (como no princípio de Heráclito de que não se entra no mesmo rio duas vezes).

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O pernambucano Kleber Mendonça Filho segue seu excelente O Som ao Redor (2013), com este igualmente irretocável Aquarius. Assim como eu seu trabalho anterior, o diretor se debruça sobre o processo de formação das grandes cidades brasileiras e como elas parecem construídas para serem espaços de exclusão. Também examina as dinâmicas de poder que orientam as relações entre diferentes classes sociais e como o Estado parece tratar os cidadãos de modo diferenciado a partir do lugar ao qual pertencem. Tudo isso a partir da sublime interpretação de Sônia Braga como a resiliente Clara, uma mulher que demonstra ter passado por muita coisa em sua vida ao ponto de conseguir manter a serenidade e a placidez mesmo diante de muitos absurdos ao qual é submetida. É  um cuidadoso, inteligente e impactante estudo sobre o processo de formação das nossas cidades e sociedade, lembrando a importância da memória e da história para compreender como chegamos nessa situação.

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Menções honrosas (em ordem aleatória):




Boa Noite, Mamãe

Cinema Novo


Bem, esses foram os quinze melhores e mais algumas menções honrosas, mas então, quais foram os melhores para você? Conte para nós nos comentários!

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