segunda-feira, 20 de março de 2017

Crítica - Nier: Automata

Análise Nier: Automata


Review Nier: Automata
O primeiro Nier, lançado em 2010, não era um jogo perfeito, mas cativava por sua mistura de estilos, narrativa complexa e música marcante. Não vendeu muito bem, mas acabou virando cult e gerou essa "continuação" (ou seria spin off?) Nier: Automata, que traz em si as principais qualidades do jogo original.

A trama se passa séculos no futuro quando uma espécie alienígena usou máquinas para atacar a humanidade. A raça humana se refugia na Lua e cria androides para combaterem as máquinas. A androide 2B é enviada para a Terra para investigar máquinas que estão se comportando de maneira diferente. Com a ajuda do androide 9S (Nines), ela descobre que as máquinas se libertaram da rede alienígena que as controlava e passaram a desenvolver uma inteligência própria. A partir daí a narrativa levanta questões éticas e morais sobre identidade, consciência, racionalidade e o que faz de nós humanos conforme a dupla tenta desvendar o que está acontecendo.

O jogo é esperto de não tentar responder as questões que levanta (afinal séculos de filosofia não conseguiram) deixando elas em aberto para o público. A trama muitas vezes se desenvolve de maneira bem bizarra, mas o jogo consegue usar a esquisitice em benefício próprio, ainda que alguns provavelmente não irão se agradar com isso. Assim como o primeiro Nier, esse aqui também traz múltiplos finais, sendo necessário terminar o jogo ao menos três vezes para ver o final completo, sendo necessárias cerca de quarenta horas para ver todos os caminhos. Cada vez há uma nova rota e um novo ponto de vista sobre a história, além de também alterar o personagem com o qual se joga, mudando um pouco a jogabilidade.

Como de costume nos jogos da desenvolvedora Platinum Games (como Transformers: Devastation), o combate é veloz e grandiloquente, com várias armas e combos à disposição dos personagens e muito espaço para customização e experimentação. Os personagens também são acompanhados de um pequeno drone responsável por ataques à distância e que também pode executar ataques especiais. Esquivar na hora certa permite realizar contra ataques que causam mais dano e assim o jogador precisa estar atento para atacar, atirar e desviar conforme enfrenta os inimigos. A quantidade de coisas a fazer simultaneamente durante uma luta parece difícil de dominar no início, mas isso torna o domínio de todas as mecânicas em algo ainda mais satisfatório.

Além dos combates, o jogo ainda apresenta segmentos em que os personagens manejam armaduras voadoras, criando combates aéreos que remetem aos jogos estilo bullet hell como Aero Fighters. Também traz alguns minigames que envolvem hackear inimigos ou aparelhos, oferecendo assim um pouco de variedade ao gameplay.

Os personagens sobem de nível conforme ganham experiência, melhorando os atributos. As armas coletadas também podem ser melhoradas coletando os ingredientes necessários, aumentando seu dano e também adicionando novas habilidades a elas. Os personagens também podem ser customizados com chips que podem melhorar atributos como ataque e defesa ou dão novas habilidades como regeneração de vida e uma breve desaceleração do tempo quando se faz uma esquiva no momento certo.

Se a narrativa principal levanta questões instigantes e oferece batalhas grandiosas contra chefões poderosos, as missões secundárias são puro tédio. A maioria delas são fetch quests e escort missions, envolvendo coletar determinados itens ou proteger um determinado personagem durante um trajeto, sendo pouco inspiradas, variadas e muitas vezes aborrecidas.

O mundo aberto apresenta uma Terra arruinada, com grandes cidades tomadas pela vegetação, mas é genérico, não sendo muito diferente de outros cenários pós-apocalípticos e não há muito a fazer nele além de atividades como pesca ou reunir montarias (é possível montar alces e javalis). Ao menos o visual dos protagonistas é bem singular, em especial o design "gótico lolicon" da protagonista 2B, mas também o estranho visual das atarracadas máquinas alienígena e o visual imponente aspecto de alguns chefões. O que falta de identidade nos cenários, o jogo compensa de sobra com sua música singular e ocasionalmente esquisita, que fica em nossa mente mesmo horas depois que paramos de jogar. É um dos raros casos em que a música faz valer a experiência com o jogo e a exploração de um mundo aberto que não tem exatamente muito a oferecer.


Assim como o jogo original, Nier: Automata tem sua parcela de problemas, mas nos conquista com sua esquisitice que lhe dá uma identidade própria. Seu combate afiado, narrativa instigante e a excelente música acabam fazendo tudo valer a pena.

Nota: 8/10

O jogo está disponível para PS4 e PC

Trailer:

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