quarta-feira, 19 de abril de 2017

Crítica - Cosmic Star Heroine

Análise Cosmic Star Heroine


Review Cosmic Star Heroine
Desde os primeiros trailers o RPG indie Cosmic Star Heroine me chamou atenção por sua estética 16 bits que remetia a uma mistura dos antigos Phantasy Star (em especial Phantasy Star IV) de Mega Drive (ou Genesis) e Chrono Trigger. A ideia de algo que remetia aos RPGs que adorava quando garoto, mas que conseguisse agregar algo novo às mecânicas que se espera desse tipo de jogo me agradava bastante e felizmente a desenvolvedora Zeboyd Games (de Cthulhu Saves The World) entrega exatamente o que prometeu.

A trama acompanha a agente intergaláctica Alyssa L'Salle que durante uma missão de rotina encontra uma poderosa arma e se vê em meio a uma grande conspiração que, claro, posa uma ameaça para todo o universo. Não reinventa a roda, mas funciona pelo carisma e humor dos personagens. Apesar da natureza referencial, o universo construído pela trama é coeso e interessante o bastante para se sustentar sozinho ao invés de apenas ser algo que parece com muitas outras coisas.

Tal como os RPGs da era 16 bits tudo é visto de cima e há um mapa mundi em cada planeta no qual se acessa as cidades e dungeons. Assim como em Chrono Trigger é possível ver os inimigos vagando pelos ambientes e se aproximar deles inicia a batalha. Os combates são por turnos, com uma barra à direita da tela mostrando a ordem. Cada personagem possui um número limitado de espaços para equipar habilidades e a maioria das habilidades só pode ser usada uma vez antes que você precise realizar uma ação de bloqueio para recarregá-las. A essa mecânica somam-se duas outras, o medidor de estilo e a barra de Hyper. O medidor de estilo é uma porcentagem que sobe a cada ação realizada e deixa os ataques e curas cada vez mais poderosos, o que significa que quanto mais durar uma luta, mais dano seus personagens e os inimigos irão causar, criando um tenso sistema de risco e recompensa. O Hyper é uma barra cujo tamanho varia de acordo com cada personagem e ao ficar cheia deixa o personagem em "Hyper Mode" fazendo suas ações ainda mais eficientes e causando ainda mais estrago.

A combinação dessas três mecânicas cria uma gama ampla de possibilidades estratégicas aos combates, já que o jogador precisa estar atento ao uso das habilidades e ao estado de seus dois medidores. Abrir uma luta "gastando" uma habilidade à qual o inimigo é vulnerável pode parecer uma boa ideia se você não levar em conta esses três sistemas, mas logo soa como uma decisão precipitada quando você percebe que esse personagem estará em Hyper Mode no turno seguinte e assim você jogou fora uma oportunidade de causar dano massivo ao oponente e talvez encerrar a batalha.

Se considerarmos o número amplo de personagens utilizáveis, cada um com seu conjunto singular de habilidades e mecânicas de combate, percebemos que há uma inesperada profundidade a ser encontrada aqui. Além dos personagens que o jogador leva em combate, é possível também recrutar membros para a tripulação da nave de Alyssa. Esses coadjuvantes podem ser colocados no grupo em uma função de suporte e cada tripulante oferece uma vantagem diferente que vai desde o aumento de um determinado atributo a resistência a debuffs e outras coisas úteis. Como tanto os personagens combatentes quanto os de suporte podem ser trocados livremente quando se caminha pelo mapa, isso facilita a construção de estratégias para se adaptar a diferentes situações.

Os sprites de personagem são bem detalhados, expressivos e cheios de personalidade, com um design que remete bastante ao estilo sci fi anime dos primeiros Phantasy Star. Os planetas a explorar são bem diferenciados entre si, assim como os inimigos, mas o que surpreende em termos de visual são as muitas cutscenes em pixel art que ajudam a contar a história, algumas até com falas, como a canção cantada por uma das personagens. A música investe em batidas eletrônicas e no uso de sintetizadores, evocando não apenas uma atmosfera futurista, mas também uma sensação de nostalgia oitentista/noventista. Em alguns momentos encontrei pequenos bugs gráficos e o jogo deu crash em pelo menos uns dois momentos (um deles depois de uma longa batalha contra um chefão, o que me fez começar tudo de novo), mas nada tão frustrantemente incômodo ao ponto de estragar a experiência, como o recente Mass Effect: Andromeda.

Cosmic Star Heroine consegue ir além do mero exercício de nostalgia. Ele pega tudo jogos similares da era 16 bits tinham de melhor e acrescenta uma série de novos sistemas, construindo um RPG com elementos que trazem frescor ao batido sistema de combate por turnos.


Nota: 8/10

Trailer

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