Começamos hoje com nossa seção de
Drops (ou pílulas) críticas. É um espaço para textos um pouco mais breves sobre
filmes que não queremos deixar de falar, mas infelizmente tivemos muito tempo
disponível para fazer um texto mais longo como costumamos.
Paterson
Dirigido por Jim Jarmusch (de Amantes Eternos), o filme acompanha o
cotidiano de Paterson (Adam Driver), um motorista de ônibus na cidade de
Paterson, Nova Jérsei, nos Estados Estados Unidos. Ao assistirmos uma semana em
sua vida, vemos sua relação com a cidade e suas tentativas de escrever poesia.
Com uma direção cheia de
sensibilidade e delicadeza, Jarmusch constrói o cotidiano de Paterson com um
naturalismo raro de alcançar (assim como o recente A Cidade Onde Envelheço), usando as andanças e encontros
aparentemente casuais e aleatórios do protagonista para nos lembrar de como
tudo ao nosso redor, mesmo as menores coisas, podem ser cheias de poesia,
beleza e significado. O filme nos lembra como a arte emerge do mundo e de nosso
contato e ligação com ele e nesse sentido não é por acaso que personagem e
cidade tem o mesmo nome, sinalizando a comunhão entre o sujeito e sua cidade,
assim como com a poesia, já que Paterson é também o título de um dos livros de
William Carlos Williams, famoso poeta da cidade que, por sinal, também é citado
no filme.
Nota: 8/10
Trailer
O uso da estrutura de falso
documentário já foi banalizado pelo cinema de terror, mas outros gêneros ainda
conseguem produzir filmes interessantes dentro desse dispositivo a exemplo
deste neozelandês O Que Fazemos Nas
Sombras.
Dirigido por Taika Waititi (que
está no comando do vindouro Thor Ragnarok),
o filme é todo feito como um documentário que acompanha o dia a dia (ou seria
noite a noite?) de três vampiros que moram juntos em Wellington, Nova Zelândia.
Já tentando nos convencer da "veracidade" de seu documentário desde
as cartelas iniciais que mostram o logo da "Comissão de Documentário da
Nova Zelândia" e textos que explicam a descoberta de uma sociedade secreta
e como a equipe de filmagem se mantinha protegida das criaturas, o filme brinca
com as possibilidades do que aconteceria se vampiros realmente vivessem entre
nós.
Os personagens remetem a
arquétipos tradicionais de vampiros presentes na ficção. Do vampiro monstruoso
ao estilo Nosferatu (1922) ao vampiro
medieval claramente inspirado pelo Drácula do romance de Bram Stoker, passando
pelo vampiro dândi que remete aos romances de Anne Rice. Além de brincar com
esses clichês de personagem, o filme também faz graça em cima de como situações
cotidianas afetam os vampiros, como a dificuldade de entrar em bares ou boates,
já que eles só podem entrar se forem convidados, ou a dificuldade em manter a
casa limpa porque as vítimas insistem em jorrar sangue para todo lado quando
mordidas. O resultado não só é um dos melhores "falsos documentários"
ou mockumentaries dos últimos anos,
como também é muito divertido.
Nota: 8/10
Trailer
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