Uma família vivendo em uma casa
na floresta leva o avô doente, com o corpo marcado por lesões e escaras, para
fora de casa. Exceto pelo doente, todos usam máscaras e luvas de proteção,
provavelmente é algo contagioso. Eles arrastam o corpo do doente, cobrem seu
rosto com um travesseiro e dão um tiro em seu rosto, jogando-o em uma vala logo
em seguida e ateando fogo em seu corpo. Praticamente não há diálogos nessa
cena, mas nesses primeiros minutos Ao
Cair da Noite já deixa claro ao espectador o cotidiano duro de seus
personagens e quanto eles se desumanizam para sobreviver.
A família composta por Paul (Joel
Edgerton), sua esposa Sarah (Carmen Ejogo) e seu filho adolescente Travis
(Kevin Harrison Jr). O cotidiano da família é interrompido mais uma vez quando
um homem, Will (Christopher Abbott) tenta invadir a casa deles. Ao descobrir
que ele apenas buscava mantimentos para sua família, Paul decide convidá-los
para morar em sua casa. Se de início a convivência parece pacífica, aos poucos
a paranoia em relação à misteriosa epidemia deixa os nervos de todos a flor da
pele.
É impressionante como o diretor
Trey Edward Shults consegue fazer tanto com tão poucos elementos. O filme se
passa todo na casa e na mata ao redor e tem apenas cinco personagens, mas há um
constante clima de suspense e temor exatamente por não sabermos quem ou quê
devemos exatamente temer. É aparentemente inquestionável que há algum tipo de
epidemia à solta, mas porque exatamente os personagens temem tanto sair de casa
à noite? O que essa doença faz com as pessoas? Mais que isso, conforme a trama
avança e as tensões entre os moradores da casa começam a ampliar, ficamos nos
perguntando se a ameaça está mesmo lá fora ou dentro da casa.
O roteiro e a montagem enchem os
personagens de ambiguidades que nos fazem duvidar das intenções e sanidade de
cada um deles. Os pesadelos de Travis
nos fazem indagar se ele não está enlouquecendo ou infectado, o momento em que
Will contradiz algo que tinha dito inicialmente nos faz desconfiar dele e as
ações cada vez mais brutas e desapegadas de humanidade de Paul levantam a
questão se ele é mesmo apto a liderar aquele grupo. Todas essas dúvidas e
tensões vão crescendo aos poucos e é igualmente recompensador e angustiante
quando tudo estoura sobre os personagens, lembrando um pouco a cuidadosa e
eficiente construção atmosférica do excelente A Bruxa (2016).
Joel Edgerton, que já tinha se
saído muito bem no suspense O Presente
(2015), entrega aqui uma de suas melhores performances como um homem que tenta
ocultar seu medo e desespero com uma fachada rígida e pragmática. Apesar da
dureza de suas escolhas e ações, Edgerton nos dá indícios sutis que ele tem
plena consciência dos impactos morais e humanos de suas escolhas, lamentando o
extremos aos quais precisa chegar, mas fazendo mesmo assim. A fotografia
investe nas sombras e nos contrastes entre claro e escuro, criando ambientes
tomados por sombras, nos quais as lanternas dos personagens são a única fonte
de luz, nos fazendo temer pelo que pode se esconder em cada canto escuro, em
especial pelo constante uso de ruídos da floresta.
Ao Cair da Noite faz um bom uso de sua trama e ambientação
econômicas, lembrando que o medo e a tensão residem muitas vezes naquilo que
não vemos ou não sabemos.
Nota: 8/10
Trailer
Eu achou que é Muito bom quando um filme consegue despertar emoções poderosas como a angústia, o filme é excelente, Assombroso de uma forma peculiar e com atuações monstruosas devo reconhecer que Ao Cair Da Noite e um bom filme terror é incomum e inteligente O filme é bacana!
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