A série Baywatch (S.O.S Malibu no
Brasil) se tornou famosa pela sua exibição de mulheres peitudas e homens
bombados correndo em câmera lenta, levando ao estrelato a atriz Pamela
Anderson. Esse nova versão para os cinemas, Baywatch:
S.O.S Malibu, parecia querer remeter a essa exploração de corpos sarados e
tramas esdrúxulas da série de maneira autoconsciente e bem humorada,
reconhecendo o ridículo do material original de maneira semelhante ao que
fizeram os dois Anjos da Lei. Em
geral é uma escolha acertada, mas o filme parece ter medo de abraçar sua
inerente idiotice e acaba prejudicado por isso.
A trama é centrada em Mitch
(Dwayne "The Rock" Johnson), líder de um grupo de salva-vidas em uma
praia californiana. O cotidiano de Mitch muda com a chegada de um novo
salva-vidas, o egocêntrico e egoísta ex-nadador olímpico Brody (Zac Efron),
obrigado a servir na praia como salva-vidas depois de um incidente que arruinou
sua carreira. A equipe de Mitch também detecta a chegada de tráfico de drogas
na praia e suspeitam que a rica Victoria Leeds (Priyanka Chopra, da série Quantico), dona de uma boate na praia,
pode estar envolvida.
O texto brinca com o fato dos
protagonistas constantemente se envolverem em problemas que nada tem a ver com
a atividade de salva-vidas e também é autoconsciente do constante uso de câmera
lenta quando as personagens se movem. The Rock é carismático como de costume
como Mitch, desfiando frases de efeito e poses heroicas com plena consciência
de sua canastrice e da caricatura que está construindo. O ator também tem uma
boa química com o restante da equipe, incluindo Zac Efron, formando uma amizade
e companheirismo bastante crível e sincero entre os personagens. Efron, por
sinal, faz o mesmo tipo marombeiro estúpido que já tinha feito no primeiro e
segundo Vizinhos, mas continua
divertindo como um idiota sem noção.
O filme funciona muito bem quando
se compromete com o absurdo e a falta de noção, como a cena em que Ronnie (Jon
Bass) fica com o pênis preso em uma cadeira de praia, atraindo a atenção de
todos os banhistas ao redor, ou a cena em que o Mitch original (David
Hasselhoff) aparece para dar conselhos a Mitch. Em outros momentos, como as
cenas de salvamento no mar, o filme pede para levarmos tudo a sério, tentando
evocar perigo e tensão para mostrar a competência e unidade da equipe, a
questão é que fica difícil sentir a urgência e o drama disso quando segundos
atrás estávamos rindo de um sujeito com o pênis enfiado em uma cadeira ou de
Brody tentando invadir o clube de Victoria disfarçado de mulher.
Também cai na besteira de tentar
levar a sério o arco de Brody, incluindo um passado trágico que nunca é
satisfatoriamente desenvolvido e desenvolvendo de modo apressado seu
aprendizado e redenção. A trama tem sua parcela de inconsistências e furos. Se,
por exemplo Ronnie podia hackear
facilmente os computadores de Victoria, por que os personagens tentaram tantas
vezes se infiltrar no clube dela? Algumas reviravoltas, como a revelação
envolvendo o chefe de Mitch, acabam sendo bem previsíveis.
Baywatch: S.O.S Malibu se sai bem no humor abestalhado e sem noção,
mas seu temor em se comprometer plenamente com sua própria idiotice acaba
prejudicando o resultado.
Nota: 6/10
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