Nosso Drops de hoje fala brevemente de dois filmes que chegaram ao Brasil
direto pela Netflix. Um é a produção original do próprio canal de streaming, Fica Comigo e outra é o documentário Betting on Zero, que trata da Herbalife.
Fica Comigo
Considerando que esse ano já
tivemos uma cópia ruim de Atração Fatal (1987)
no péssimo Paixão Obsessiva, imaginei
que este Fica Comigo, uma espécie de
versão adolescente de Atração Fatal,
ao menos se esforçasse para ser minimamente interessante, mas lamentavelmente
isso não acontece.
A narrativa acompanha Tyler
(Taylor John Smith), um adolescente que começa a namorar a garota dos seus
sonhos em Ali (Halston Sage, de Cidades de Papel) durante as férias do colégio. Depois de uma briga com Ali durante
uma festa, ele acaba se envolvendo com Holly (Bella Thorne) e passa uma noite
com ela. No dia seguinte, no entanto, Ali chama Tyler para conversar e volta
com ele. Ao voltar ao colégio, descobre que Holly também começou a estudar lá e
não aceita o fato dele ter voltado com Ali.
A progressão da trama é bem
previsível para quem já viu uma narrativa desse tipo, mas o principal problema
é que a vilã Holly não funciona. Interpretada de modo exagerado e sem sutileza
por Bella Thorne, Holly logo se transforma em uma caricatura, falhando tanto em
despertar medo (ao invés disso cai no humor involuntário) ou em ser sensual
(ela é mais constrangedora do que sexy). Como a vilã não convence, o filme
tenta criar suspense com alguns sustos súbitos previsíveis (como o pesadelo de
Tyler) e uma música excessivamente intrusiva, cheia de acordes graves que
berram em nossos ouvidos que deveríamos sentir medo.
Nota 4/10
Betting on Zero
Empresas que adotam o chamado
modelo de "marketing multinível"
como Telexfree ou Herbalife tem sido alvo constante de escrutínio nos últimos
anos, recebendo acusações de que sua estrutura de negócios era um disfarce para
um grande esquema pirâmide. É exatamente sobre isso que trata o documentário Betting on Zero, focando na trajetória
da Herbalife.
O filme segue o investidor de
Bill Ackman, que ao analisar os números da Herbalife concluiu que o negócio tem
as características de uma pirâmide e que não é sustentável a longo prazo,
apostando na queda das ações da empresa.
Utilizando dados de fontes
primárias, estatísticas, vídeos de recrutamento da Herbalife e depoimentos de
pessoas que foram ou são distribuidores da empresa, o documentário argumenta de
modo convincente como a estrutura de distribuição torna praticamente impossível
que um consultor ganhe dinheiro vendendo produtos para um consumidor final,
demonstrando que o modo de ganhar dinheiro é fazer outras pessoas se tornarem
consultores da empresa para então repassar a eles seu estoque (e
consequentemente o risco financeiro). Através dos depoimentos de envolvidos,
vemos como muita gente perde tudo sob a promessa de dinheiro fácil, revelando o
quanto esse tipo de esquema pode ser danoso.
O diretor Ted Braun se mostra
inteligente ao evitar romantizar o "protagonista" do filme ou
transformá-lo em um herói ou mártir. O filme deixa claro que Ackman não é
nenhum santo, nem é movido por ideias altruístas, deixando claro que ele
denuncia a Herbalife porque tem muito dinheiro a ganhar ao investir na queda
das ações da empresa. Assim, o filme não fica passivo nem acrítico em relação
Ackman, reconhecendo que apesar de motivações pessoais, ele não deixa de
levantar pontos válidos.
Nota: 7/10
Trailer
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