segunda-feira, 31 de julho de 2017

Crítica - Os Meninos Que Enganavam Nazistas

Análise Os Meninos Que Enganavam Nazistas


Review Os Meninos Que Enganavam Nazistas
Inúmeros filmes já foram realizados sobre a luta por sobrevivência dos judeus em países ocupados pelos nazistas com os mais diferentes enfoques. Este filme francês Os Meninos Que Enganavam Nazistas não tem muito a acrescentar em relação ao que já foi dito sobre a questão, mas é competente o bastante para valer a experiência.

A trama é baseada na história real dos irmãos Joseph (Dorian Le Clech) e Maurice (Batyste Fleurial), que se separaram dos pais para fugirem dos nazistas depois da ocupação de Paris. Os dois garotos passam, então, a percorrer o interior da França em busca de um local seguro.

É um fiapo de trama, mas isso não é exatamente um problema, já que o filme adota uma estrutura de road movie e esse tipo de narrativa é mais sobre o crescimento e aprendizado dos personagens ao longo da jornada do que sobre um destino ou arco dramático claramente delimitado. A viagem errante dos garotos serve não só como uma jornada de amadurecimento, na qual eles aprendem a lidar com as dificuldades do mundo (e nesse caso um mundo que os persegue), mas também como um retrato da ocupação nazista na França e como o regime trabalhava para colocar a população local contra os cidadãos judeus, fazendo-os crer que os judeus eram a raiz de todos os problemas.

sexta-feira, 28 de julho de 2017

Crítica - Planeta dos Macacos: A Guerra

Análise Planeta dos Macacos: A Guerra


Review Planeta dos Macacos: A Guerra
Planeta dos Macacos: A Origem (2011) pegou todo mundo de surpresa. Depois da malfadada tentativa do Tim Burton em recomeçar a famosa cinessérie em 2001 ninguém estava exatamente empolgado para uma nova tentativa de outra versão. O filme, no entanto, acertava em suas discussões sobre preconceito e apresentava um fascinante protagonista no símio Cesar (Andy Serkis). Planeta dos Macacos: O Confronto (2014) expandiu as ideias trazidas no anterior e carregou de nuance e tons de cinza o embate entre homens e símios. Já este Planeta dos Macacos: A Guerra, encerra a trilogia de modo bastante digno, ainda que não tenha nada a dizer que os dois filmes anteriores já tenham dito.

Na trama, Cesar e os demais símios tentam viver em paz escondidos na floresta depois dos eventos do filme anterior, mas continuam sendo caçados por humanos. Quando uma patrulha de soldados ataca sua vila, Cesar decide libertar os soldados inimigos capturados como prova de sua boa vontade e desejo de trégua com os humanos. Ao invés de trégua, os humanos realizam um ataque furtivo para assassinar César. O ataque dá errado e ao invés de matar o líder símio, o Coronel (Woody Harrelson) mata o filho e a esposa de César. Com raiva pelo assassinato de sua família, Cesar parte em busca do Coronel, enquanto que ordena que o resto de seu bando encontre um novo lar.

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Crítica - Dunkirk

Análise Dunkirk


Review Dunkirk
Quando escrevi sobre Interestelar (2014) mencionei que o diretor Christopher Nolan estava criando uma armadilha para si mesmo ao fazer filmes que trabalhassem com conceitos (temáticos e estruturais) cada vez mais complexos ao ponto em que ele não conseguiria dar conta das próprias ambições. Parece que ele percebeu que estava se perdendo em seus próprios maneirismos e decidiu fazer algo mais simples com este Dunkirk ao contar a história sobre a retirada das tropas britânicas das praias de Dunquerque na França durante a Segunda Guerra Mundial.

A trama acompanha a retirada sob diferentes pontos de vista. Vemos a perspectiva dos soldados na praia a espera de resgate, seguindo o soldado Tommy (Fionn Whitehead) e seus esforços para se manter vivo conforme as tropas aliadas vão sendo acuadas por soldados alemães. Seguimos a movimentação dos barcos de resgate, incluindo embarcações civis, a partir do navegador civil Dawson (Mark Rylance), que tenta chegar ao local da batalha enquanto resgata soldados de outras embarcações naufragadas pelo inimigo. Por fim, no ar seguimos o piloto Farrier (Tom Hardy) que tenta abater os bombardeiros inimigos antes que eles afundem os barcos de resgate.

sexta-feira, 21 de julho de 2017

Crítica - Em Ritmo de Fuga

Resenha Em Ritmo de Fuga


Review Em Ritmo de Fuga
Alguns filmes nos conquistam não pela história que nos contam, mas pela maneira que eles contam sua história. É exatamente isso que acontece neste Em Ritmo de Fuga que encanta pelo modo como integra a música à ação em uma trama de roubo que é bem típica.

Baby (Ansel Elgort) é um jovem órfão extremamente hábil no volante que há anos vem trabalhando para o misterioso Doc (Kevin Spacey) como motorista em seus assaltos de modo a saldar uma dívida antiga que tem com ele. Baby está apenas a um roubo de ficar quites com seu empregador quando conhece a bela Debora (Lily James) e se apaixona por ela. Baby pensa em largar sua vida de crimes e fugir com ela, mas Doc o obriga a continuar trabalhando para ele e tudo se complica quando a instável equipe do mais recente roubo parece botar tudo a perder.

A narrativa traz tudo que já vimos em outros "filmes de roubo". Elementos como "o último golpe", a paixão capaz de redimir o protagonista, os conflitos com os demais membros da equipe. Não fosse a mão de um cineasta com uma visão bem particular para esse material como o Edgar Wright, o resultado seria algo bem banal. O que Wright faz, no entanto, é encher o filme de ritmo e energia ao deixar toda ação e movimentação dos personagens síncrona (e, de certa forma, submissa) às batidas da música que não para de tocar nos fones de ouvido do protagonista. Assim, ele inverte a típica relação entre música e imagem do cinema hollywoodiano na qual a música acompanha as imagens, não o contrário. Isso fica evidente na cena em que Baby pede aos demais ladrões que esperem o momento certo da música para saírem do carro.

quarta-feira, 19 de julho de 2017

Crítica - Transformers: O Último Cavaleiro

Análise Transformers: O Último Cavaleiro


Review Transformers: O Último CavaleiroUma nova ameaça contra o planeta surge e um grupo de personagens precisa descobrir um segredo dos Transformers guardado na Terra há centenas anos para salvar o mundo. Essa era a premissa dos quatro filmes anteriores dos "robôs em disfarce" e também é deste quinto Transformers: O Último Cavaleiro, que já mostra os evidentes sinais de desgaste da franquia e que não há muito mais a ser dito ou feito com ela.

Depois dos eventos do filme anterior, Optimus (voz de Peter Cullen) viajou ao espaço em busca de seus criadores. O governo tornou os Transformers ilegais e passou a caçá-los. Cade Yeager (Mark Wahlberg) se tornou um fugitivo e vive de resgatar Autobots da força-tarefa que caça todos os robôs. O cotidiano muda quando Cade encontra um velho Transformer que chegou à Terra e lhe dá um misterioso medalhão que é a chave para impedir uma ameaça iminente. Enquanto isso, Optimus encontra sua criadora, Quintessa (Gemma Chan), que lhe faz de refém enquanto move as ruínas do planeta Cybertron em direção à Terra.

terça-feira, 18 de julho de 2017

Crítica - Como Se Tornar um Conquistador

Análise Como Se Tornar um Conquistador


Review Como Se Tornar um Conquistador
Homem imaturo, egoísta e preguiçoso, acostumado a ter tudo de bandeja tem o tapete de sua boa vida e é obrigado a assumir alguma responsabilidade. Parece a premissa de Billy Madison: Um Herdeiro Bobalhão (1995) e algumas outras comédias de Adam Sandler, mas é o ponto de partida deste não muito imaginativo Como Se Tornar um Conquistador.

Maximo (Eugenio Derbez) é um homem de meia idade que nunca trabalhou na vida depois de ter se casado ainda jovem com uma mulher mais velha e milionária. Ele vive seus dias torcendo para que sua esposa morra e ele herde tudo, mas o destino lhe prega uma peça quando ela o trai com um homem mais novo e o expulsa de casa. Como eles eram casados com separação total de bens, Maximo fica sem nada e acaba indo pedir ajuda para a irmã que há muito não vê: Sara (Salma Hayek). Como era de se imaginar, o contato com a família vai levá-lo a aprender valiosas lições e a se importar com mais alguém além de si próprio.

De início já salta aos olhos o quanto o protagonista é desagradável. As primeiras cenas que mostram sua boa vida ao lado da esposa idosa o estabelecem como uma pessoa fútil, estúpida, preguiçosa, sem escrúpulos e que vê a esposa como um mero talão de cheques. Eu sei que a narrativa é sobre o aprendizado dele, mas se o filme não dá ao personagem nenhum atributo positivo para que eu simpatize com o sujeito de início, se torna muito difícil se importar com a jornada dele. Afinal, ao invés de lamentarmos por Maximo quando ele perde tudo, apenas vemos um parasita desprezível recebendo o que merece.

segunda-feira, 17 de julho de 2017

Crítica - De Canção em Canção

Análise De Canção em Canção


Review De Canção em Canção
Depois do maravilhoso A Árvore da Vida (2011), o diretor Terrence Malick parece ter se reduzido a uma paródia de si mesmo, transformando seu estilo de narrativa em uma série de cacoetes a serem repetidos exaustivamente mesmo que ele não tenha muito o que fazer ou dizer com eles. Já tinha acontecido no pretensioso e vazio Amor Pleno (2012) e no intragável Cavaleiro de Copas (2015). O trailer deste De Canção em Canção dava a impressão que talvez o diretor fosse retornar à boa forma de antes, mas o resultado apenas sedimenta sua fixação por meramente repetir aqueles maneirismos que a essa altura já cansaram.

A trama gira em torno do "quadrado" amoroso envolvendo o produtor musical Cook (Michael Fassbender), o músico BV (Ryan Gosling), a aspirante a cantora Faye (Rooney Mara) e a professora Rhonda (Natalie Portman), mostrando as idas e vindas nos relacionamentos entre esses personagens. Se você conhece o cinema de Malick, no entanto, sabe que a trama em si é o que menos importa nos filmes do diretor, já que o interesse dele é mais produzir provocações e ponderações sobre a natureza das relações humanas (nesse filme mais sobre namoros e relações afetivas) do que contar uma história.

sábado, 15 de julho de 2017

Crítica - O Mínimo Para Viver

Análise O Mínimo Para Viver


Review O Mínimo Para Viver
Fazer um filme com um tema como a anorexia é algo bem delicado. Por um lado é necessário mostrar a realidade do problema e suas consequências de uma maneira sincera e sem caricatura. Por outro, é importante evitar pesar demais a mão no sofrimento para não soar sensacionalista demais. Esse O Mínimo Para Viver tenta encontrar esse delicado equilíbrio, mas nem sempre envolve como deveria.

Ellen (Lilly Collins) é uma jovem anoréxica que já passou por vários tratamentos e clínicas sem conseguir melhorar. Sua madrasta Susan (Carrie Preston de The Good Wife e The Good Fight) resolve levá-la ao Dr. Beckham (Keanu Reeves), um médico com métodos pouco comuns, mas que costuma obter bons resultados. Assim, Ellen é levada para o centro de tratamento do médico e passa a conviver com outras pessoas com distúrbios alimentares, dividindo com elas suas experiências e angústias.

O filme faz um trabalho competente em esclarecer a natureza do distúrbio e evita dar soluções fáceis como apontar um único culpado para o problema, reconhecendo que é um acúmulo de elementos que leva alguém por esse caminho. No caso da protagonista, a narrativa mostra sua relação ausente com o pai (que nunca aparece em cena, nem mesmo a voz) e a relação complicada com a mãe e a madrasta. Seu trauma com o impacto negativo que sua arte teve sobre uma pessoa, problemas de autoestima e também o modo como a mídia constrói ideias de beleza quase que inalcançáveis ao mesmo tempo em que também vende alimentos altamente calóricos como os mais desejáveis.

quinta-feira, 13 de julho de 2017

Crítica - D.P.A Detetives do Prédio Azul: O Filme

Análise D.P.A Detetives do Prédio Azul: O Filme


Review D.P.A Detetives do Prédio Azul: O Filme
Confesso que não conhecia a série infantil nacional DPA: Detetives do Prédio Azul que é exibida no canal a cabo Gloob e entrei para assistir essa versão cinematográfica sem saber exatamente o que esperar. Felizmente o resultado é uma experiência divertida, que não se limita a ser um mero episódio de duração estendida, ainda que com alguns problemas no percurso.

Na trama, os detetives mirins Sol (Letícia Braga), Bento (Anderson Lima) e Pippo (Pedro Henriques Motta) veem seu prédio ameaçado depois que a síndica e bruxa Leocádia (Tamara Taxman) dá uma festa para a comunidade bruxa do Rio de Janeiro. Durante a festa os principais bruxos da cidade tem seus artefatos mágicos roubados e na manhã seguinte várias rachaduras começam a aparecer no prédio. A prefeitura condena o edifício e o trio de detetives precisa desvendar quem foi o responsável antes que a demolição ocorra.

O filme tem um clima de desenho animado das antigas, remetendo às animações de Hanna-Barbera como Scooby Doo ou Josie e as Gatinhas devido ao visual colorido com uma certa pegada retrô, sem mencionar na mistura aloprada, mas que funciona, entre investigação e fantasia. Os bruxos, por exemplo, se vestem de maneira exagerada e extravagante (o personagem do Ailton Graça parece um cosplayer do Visconde de Sabugosa) e suas mágicas enchem a tela de raios coloridos.

Conheçam os indicados ao Emmy 2017

Emmy 2017 nominees


A Academia de Artes e Ciências Televisivas dos EUA divulgou hoje os indicados ao Emmy 2017. A premiação, que visa celebrar os melhores da televisão, acontecerá no dia 17 de setembro e será apresentada por Stephen Colbert, sendo exibida no Brasil pelo canal a cabo TNT. Sem Game of Thrones, já que a nova temporada só estreia no 16 de julho e portanto está inelegível para concorrer este ano, quem dominou as indicações foi a primeira temporada de Westworld, também da HBO. Stranger Things da Netflix também recebeu uma quantia considerável de menções. Confiram os indicados abaixo.

sexta-feira, 7 de julho de 2017

Crítica - Castlevania: 1ª Temporada

Análise Castlevania: 1ª Temporada


Review Castlevania: 1ª Temporada
Confesso que fui pego de surpresa com o anúncio de que a Netflix faria uma série animada baseada na famosa série de games Castlevania e me aproximei dessa primeira temporada sem saber o que esperar. O resultado me surpreendeu positivamente pela construção de um universo implacável e por não economizar na violência.

A trama se passa na Valáquia (uma região que hoje faz parte da Romênia) do século XV. O conde Vlad Drácula Tepes (voz de Graham McTavish) se apaixona por uma mulher humana e decide viver ao lado dela como humano. Durante uma de suas viagens, sua esposa acaba capturada pela Igreja e queimada como bruxa por acharem que seu conhecimento científico era feitiçaria. Isso desperta a ira de Drácula, que decide convocar um exército de demônios para eliminar a raça humana. O único que talvez possa impedi-lo é Trevor Belmont (voz de Richard Armitage), o último de uma linhagem de caçadores de monstros que agora vagueia a esmo pela Valáquia depois que sua família perdeu tudo e foi considerada herege pela Igreja.

terça-feira, 4 de julho de 2017

Crítica - Homem-Aranha: De Volta ao Lar

Análise Homem-Aranha: De Volta ao Lar


Review  Homem-Aranha: De Volta ao Lar
Depois de uma estreia promissora no universo Marvel com sua ponta em Capitão América: Guerra Civil (2016), era inevitável que o Homem-Aranha recebesse seu próprio filme. A divulgação do filme, no entanto, não trazia muita confiança graças ao seu excesso de ênfase na presença do Tony Stark (Robert Downey Jr), quase fazendo parecer que Peter Parker (Tom Holland) seria um coadjuvante em seu próprio filme. Ainda bem que nesse caso os trailers e pôsteres não refletiam o produto final e Parker é de fato o dono de sua própria história e Stark aparece relativamente pouco.

A trama se passa alguns meses depois dos eventos de Guerra Civil, com Peter retornando a sua escola depois de ter experimentado o "gostinho" de estar ao lado dos heróis que tanto admira. Logicamente, ele não consegue se acostumar a ser apenas um estudante colegial e fica ansioso por sua próxima missão ao lado dos Vingadores. Quando uma nova aventura não aparece, ele decide patrulhar as ruas de Nova Iorque por conta própria e esbarra na gangue liderada pelo perigoso Abutre (Michael Keaton) que trafica armas avançadas feitas com a sucata recuperada das batalhas dos Vingadores e outros heróis. Tony Stark alega que o vilão pode ser demais para um herói novato como o Homem-Aranha, mas Peter decide provar seu valor.

segunda-feira, 3 de julho de 2017

Crítica - Eu, Deus e Bin Laden

Análise Eu, Deus e Bin Laden


Review Army of One
O cinema hollywoodiano já produziu inúmeras histórias sobre um homem sozinho, lutando contra um grupo de vilões e tentando fazer a diferença. Este Eu, Deus e Bin Laden não é uma dessas histórias, embora seu protagonista creia que seja e é daí que vem a graça do filme.

A trama é baseada na história real de Gary Faulkner (Nicolas Cage), um homem de meia idade do interior dos EUA que diz que Deus (Russell Brand) lhe incumbiu de capturar Osama Bin Laden. Faulkner então compra uma espada e uma passagem só de ida para o Paquistão e decide caçar o líder terrorista.

Nicolas Cage traz uma energia insana para Faulkner, um sujeito largado e delirante com sua barba desgrenhada e cabelos sebosos. O ator usa uma voz extremamente anasalada e uma cadência incessante para a fala do personagem, fazendo-o soar como alguém inoportuno e inconveniente. Através da verborragia do personagem, Cage também deixa claro o quanto ele se sente solitário (ele fala daquele modo porque não tem lá muito traquejo social) e a extrema necessidade de aprovação que ele tem. Não é um protagonista fácil de torcer, mas a ideia parece ser exatamente transformá-lo em uma caricatura e expor ao ridículo sua conduta, afinal de contas, considerando as ações do sujeito, não dá para realmente levá-lo a sério.