Homem imaturo, egoísta e
preguiçoso, acostumado a ter tudo de bandeja tem o tapete de sua boa vida e é
obrigado a assumir alguma responsabilidade. Parece a premissa de Billy Madison: Um Herdeiro Bobalhão
(1995) e algumas outras comédias de Adam Sandler, mas é o ponto de partida
deste não muito imaginativo Como Se
Tornar um Conquistador.
Maximo (Eugenio Derbez) é um
homem de meia idade que nunca trabalhou na vida depois de ter se casado ainda
jovem com uma mulher mais velha e milionária. Ele vive seus dias torcendo para
que sua esposa morra e ele herde tudo, mas o destino lhe prega uma peça quando
ela o trai com um homem mais novo e o expulsa de casa. Como eles eram casados
com separação total de bens, Maximo fica sem nada e acaba indo pedir ajuda para
a irmã que há muito não vê: Sara (Salma Hayek). Como era de se imaginar, o
contato com a família vai levá-lo a aprender valiosas lições e a se importar
com mais alguém além de si próprio.
De início já salta aos olhos o
quanto o protagonista é desagradável. As primeiras cenas que mostram sua boa
vida ao lado da esposa idosa o estabelecem como uma pessoa fútil, estúpida,
preguiçosa, sem escrúpulos e que vê a esposa como um mero talão de cheques. Eu
sei que a narrativa é sobre o aprendizado dele, mas se o filme não dá ao
personagem nenhum atributo positivo para que eu simpatize com o sujeito de
início, se torna muito difícil se importar com a jornada dele. Afinal, ao invés
de lamentarmos por Maximo quando ele perde tudo, apenas vemos um parasita
desprezível recebendo o que merece.
A trama é cheia de eventos
previsíveis e conveniências pouco verossímeis, como o fato do sobrinho de
Maximo estar apaixonado pela ricaça idosa (Raquel Welch) que ele deseja como
próxima vítima esposa. É óbvio que ele vai tentar ajudar o desajeitado
sobrinho a se aproximar da menina para poder se aproximar da avó. É óbvio que
os conselhos machistas e equivocados (do tipo "mulheres não sabem o que
querem" e "mulheres precisam que um homem lhes diga o que
fazer") que ele dá ao menino não irão ajudar. É óbvio que a irmã e o
sobrinho eventualmente irão cansar das baboseiras de Maximo, assim como é óbvio
que ele fará uma grande demonstração de afeto para mostrar que se importa com
dois e irá reconquistá-los.
A questão é que nem mesmo a
mudança do personagem ao final soa genuína, já que apesar de demonstrar que se
importa com a família, Maximo continua em essência o mesmo parasita fútil em
busca de uma ricaça que o sustente. Assim, a tentativa do filme em convencer o
público da mudança do protagonista soa forçada e artificial.
Não ajuda também que boa parte
das piadas seja igualmente previsível e fácil de antecipar, o que elimina a
graça da maioria delas. Um exemplo é a cena em que ele usa graxa de sapatos
para pintar a barba e os pelos do peito antes de pular numa piscina, deixando
óbvio que a estratégia inevitavelmente dará errado e a graxa irá sujar a água
de marrom (sim, parecendo diarreia). Quando não são previsíveis, gastam tempo
em gags que não rendem, como a dupla de cobradores atrás de Maximo, cuja
"graça" se baseia nos constantes berros da dupla. O filme tem apenas
dois momentos realmente engraçados, a gag
com o caminhão na primeira cena e o momento em que Maximo e Sara se imaginam
cantando juntos enquanto a montagem alterna entre o que eles imaginam que estão
fazendo e o que de fato está ocorrendo.
Isso claro, é muito pouco para
fazer valer a pena suportar o desastre que é este Como Se Tornar Um Conquistador, uma experiência intragável graças
ao protagonista sem carisma, texto previsível e piadas que não funcionam.
Nota: 2/10
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