Confesso que não conhecia a série
infantil nacional DPA: Detetives do Prédio Azul que é exibida
no canal a cabo Gloob e entrei para assistir essa versão cinematográfica sem
saber exatamente o que esperar. Felizmente o resultado é uma experiência
divertida, que não se limita a ser um mero episódio de duração estendida, ainda
que com alguns problemas no percurso.
Na trama, os detetives mirins Sol
(Letícia Braga), Bento (Anderson Lima) e Pippo (Pedro Henriques Motta) veem seu
prédio ameaçado depois que a síndica e bruxa Leocádia (Tamara Taxman) dá uma
festa para a comunidade bruxa do Rio de Janeiro. Durante a festa os principais
bruxos da cidade tem seus artefatos mágicos roubados e na manhã seguinte várias
rachaduras começam a aparecer no prédio. A prefeitura condena o edifício e o
trio de detetives precisa desvendar quem foi o responsável antes que a
demolição ocorra.
O filme tem um clima de desenho
animado das antigas, remetendo às animações de Hanna-Barbera como Scooby Doo ou Josie e as Gatinhas devido ao visual colorido com uma certa pegada
retrô, sem mencionar na mistura aloprada, mas que funciona, entre investigação
e fantasia. Os bruxos, por exemplo, se vestem de maneira exagerada e
extravagante (o personagem do Ailton Graça parece um cosplayer do Visconde de Sabugosa) e suas mágicas enchem a tela de
raios coloridos.
O trio de protagonistas tem uma
química bastante sincera juntos (afinal o elenco está junto há algum tempo) e
são carismáticos o suficiente para fazer os momentos de humor funcionarem. O
resto do elenco também é igualmente divertido, em especial o porteiro Severino
(Ronaldo Reis) e o modo como ele reage aos eventos inacreditáveis que ocorrem
ao seu redor. Atores veteranos como Otávio Müller, Mariana Ximenes e Ailton
Graça também divertem em suas composições exageradas dos bruxos cariocas. Em
termos de construção cômica, o principal problema é o modo como o filme se
apoia mais do que deveria em piadas simplórias de flatulência, simplesmente
mostrando alguém peidando e esperando que isso seja suficiente para fazer rir.
A costura entre os elementos
sobrenaturais no mundo real, afinal se passa no Rio de Janeiro do nosso mundo e
usa cenas feitas em locação, acaba se dando de forma bem orgânica,
estabelecendo com clareza as regras de funcionamento da magia e explorando-as
com coerência. O próprio mistério que serve de espinha dorsal para a trama é
igualmente bem costurado e coeso, ainda que seja relativamente previsível para
quem tenha certa familiaridade com esse tipo de narrativa. Outra questão é que
muitas vezes há um excesso de exposição e as explicações são dadas de modo
pouco orgânico. Toda vez que alguém diz uma informação relevante ao caso um
outro personagem repete tudo em forma de pergunta e alguém responde reiterando
a informação com as mesmas palavras. Com o tempo a repetição desse expediente
narrativo acaba cansando.
De todo modo, Detetives do Prédio Azul: O Filme se
mostra uma aventura bem simpática, conquistando com sua estética cartunesca e
diversão ingênua. Os adultos talvez não aproveitem tanto quanto o público
infantil, no entanto.
Nota: 6/10
Trailer
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