segunda-feira, 31 de julho de 2017

Crítica - Os Meninos Que Enganavam Nazistas

Análise Os Meninos Que Enganavam Nazistas


Review Os Meninos Que Enganavam Nazistas
Inúmeros filmes já foram realizados sobre a luta por sobrevivência dos judeus em países ocupados pelos nazistas com os mais diferentes enfoques. Este filme francês Os Meninos Que Enganavam Nazistas não tem muito a acrescentar em relação ao que já foi dito sobre a questão, mas é competente o bastante para valer a experiência.

A trama é baseada na história real dos irmãos Joseph (Dorian Le Clech) e Maurice (Batyste Fleurial), que se separaram dos pais para fugirem dos nazistas depois da ocupação de Paris. Os dois garotos passam, então, a percorrer o interior da França em busca de um local seguro.

É um fiapo de trama, mas isso não é exatamente um problema, já que o filme adota uma estrutura de road movie e esse tipo de narrativa é mais sobre o crescimento e aprendizado dos personagens ao longo da jornada do que sobre um destino ou arco dramático claramente delimitado. A viagem errante dos garotos serve não só como uma jornada de amadurecimento, na qual eles aprendem a lidar com as dificuldades do mundo (e nesse caso um mundo que os persegue), mas também como um retrato da ocupação nazista na França e como o regime trabalhava para colocar a população local contra os cidadãos judeus, fazendo-os crer que os judeus eram a raiz de todos os problemas.

Os dois garotos tem uma química fraternal bastante genuína. Eles reagem de maneira bem crível à situação, demonstrando o tempo todo que não sabem exatamente a melhor maneira e agir e constantemente dialogando sobre o que fazer. O garoto Dorian Le Clech é especialmente eficiente ao construir a ingenuidade e imaturidade de Joseph e o modo como ele inicialmente tem dificuldade em aceitar que sua vida não tem como retornar ao que era e que nem toda sua família pode conseguir sobreviver. Há um afeto forte demonstrado por ele em relação aos pais e é a força dessa relação afetiva que nos faz torcer por ele e nos mantêm interessados, mesmo quando a trama começa a repetir todos os elementos que já vimos a exaustão nesse tipo de filme.

A jornada dos dois garotos não é fácil e por mais de uma vez são interrogados ou capturados por nazistas que questionam a origem dos dois. Apesar de serem eficientes em criar um sentimento palpável de tensão, com o tempo esse expediente dos garotos serem pegos de surpresa e precisarem recorrer a alguma artimanha para driblar a falta de documentação acaba ficando um pouco repetitivo. O uso de narrações em off para dar conta de algumas passagens de tempo acaba soando redundante, já que serve apenas para explicar eventos e sentimentos que já estão sendo efetivamente mostrados imageticamente na tela.

Por outro lado, o desfecho acerta ao equilibrar o senso de vitória experimentado pelos protagonistas com a ideia de que o preconceito e a intolerância ainda estão longe de acabar. O final aponta a necessidade de compaixão e alteridade nas relações humanas como um esforço contínuo e não apenas em momentos de conflito, trazendo uma mensagem que dialoga com os dias atuais e não apenas no período no qual o filme se passa.

Assim, mesmo não trazendo nada de novo em relação aos filmes sobre fugitivos do Holocausto, Os Meninos Que Enganavam Nazistas funciona pela afetividade sincera entre seus personagens.


Nota: 7/10

Trailer

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