Uma nova ameaça contra o planeta
surge e um grupo de personagens precisa descobrir um segredo dos Transformers
guardado na Terra há centenas anos para salvar o mundo. Essa era a premissa dos quatro
filmes anteriores dos "robôs em disfarce" e também é deste quinto Transformers: O Último Cavaleiro, que já
mostra os evidentes sinais de desgaste da franquia e que não há muito mais a
ser dito ou feito com ela.
Depois dos eventos do filme
anterior, Optimus (voz de Peter Cullen) viajou ao espaço em busca de seus
criadores. O governo tornou os Transformers ilegais e passou a caçá-los. Cade
Yeager (Mark Wahlberg) se tornou um fugitivo e vive de resgatar Autobots da
força-tarefa que caça todos os robôs. O cotidiano muda quando Cade encontra um
velho Transformer que chegou à Terra e lhe dá um misterioso medalhão que é a
chave para impedir uma ameaça iminente. Enquanto isso, Optimus encontra sua
criadora, Quintessa (Gemma Chan), que lhe faz de refém enquanto move as ruínas
do planeta Cybertron em direção à Terra.
O filme apresenta uma quantidade
grande de personagens e subtramas, mas nunca consegue juntar tudo de maneira
coesa ou que faça sentido. Em um instante joga os personagens em uma
determinada direção para abandonar tudo isso minutos depois e direcioná-los em
um caminho que nada tem a ver com o que está acontecendo. Em muitos momentos
ficamos nos perguntando qual a razão de determinadas coisas acontecerem, já que
nada é muito justificado e parece acontecer por pura necessidade da trama. Com
duas horas e meia de duração, todo esse vai e vem de ideias que as vezes não
vão a lugar nenhum fica para lá de cansativo. A ideia dos Cavaleiros da Távola
Redonda usarem equipamento alienígena é até interessante, mas acaba mal
aproveitada em meio às incoerências e inconsistências do roteiro.
Se, por exemplo, Cade é um
fugitivo da justiça, como a filha dele estuda normalmente em uma universidade?
Não seria fácil para o governo prendê-la como cúmplice (afinal ela estava com
ele durante os eventos do filme anterior) e usá-la para pressioná-lo a se
entregar (ou como isca)? Se a força tarefa plantou um localizador em Bumblebee
e sabia a localização de Cade, para quê fazer acordo com Megatron, que eles
sabem ser maligno? Porque os Decepticons estão presos ao invés de serem
destruídos? Se Bumblebee e outros Autobots colaboraram com os aliados na
Segunda Guerra Mundial, como é que isso não é mencionado no primeiro filme pelo
Setor 7? Afinal eles protegiam os destroços de Megatron e da Allspark na Represa
Hoover desde um período anterior à guerra (a represa foi construída em 1936),
então não faz sentido, em retrospecto, que o agente Simmons (John Turturro) e
os demais agissem como se todos os Transformers fossem hostis e não conhecessem
nada a respeito dos robôs, sendo que já houve uma colaboração entre eles.
Eu poderia escrever páginas e
páginas sobre as inconsistências que esse filme tem, tanto consigo mesmo quanto
em relação aos quatro anteriores, mas isso significaria fazer um esforço mental
sobre esse roteiro maior do que as próprias pessoas que o escreveram. A trama
ainda gasta um bom tempo introduzindo novos personagens, como a menina Izabella
(Isabela Moner), só para depois abandoná-la sem cerimônias, apenas que ela
volte para a batalha final nos últimos minutos e ainda assim não tenha nada
marcante para fazer. O mesmo, inclusive, pode ser dito de alguns personagens
que retornam como o capitão Lennox (Josh Duhamel), que acompanhamos desde o
primeiro filme e ainda assim é uma folha em branco. Ele poderia ser
literalmente substituído da trama por um militar genérico qualquer que não
haveria prejuízo algum. O veterano Anthony Hopkins consegue dar credibilidade
ao seu lorde inglês cuja função é basicamente explicar a trama e dizer um monte
de palavras inventadas, conferindo um grau de urgência que o restante do filme
simplesmente não consegue trazer. Por outro lado, o comediante Jerrod
Carmichael é desperdiçado como o histérico assistente de Cade, cuja
"graça" consiste em gritar a todo momento.
Michael Bay conduz tudo repetindo
a mesma meia dúzia de cacoetes de sempre, como planos em ângulos baixos, giros
de câmera ao redor dos personagens, planos na contraluz e uma fotografia
tendendo para tons alaranjados. A essa altura tudo isso já ficou manjado e o diretor
soa mais como um sujeito extramente limitado em relação aos recursos de
construção audiovisual de seus trabalhos do que alguém que tenta construir um
estilo próprio. Até porque o uso de nenhum desses recursos, ou mesmo a
combinação deles, é exclusividade de Bay.
As cenas de ação são simplesmente
uma bagunça. Filmadas com uma câmera tremida, enquadramentos descentralizados
e editadas com uma montagem ultra acelerada que não permite nenhuma tomada
durar mais de dois segundos, são inábeis em criar qualquer senso de coesão ou
unidade espacial. O excesso de câmera lenta acaba atrapalhando mais do que
ajuda, ampliando a sensação de uma ação truncada e fragmentada. Isso piora se
considerarmos que, com exceção de Optimus e Bumblebee, a maioria dos robôs tem o
mesmo design cinzento que contribui
para a grande confusão de não sabermos quem está lutando com quem e qual a
posição deles em relação aos demais no campo de batalha. Falando em batalha,
qual o motivo de Grimlock, que estava no ferro velho de Cade com o resto dos
Autobots, não aparecer na batalha final com os demais robôs? Ele simplesmente
ficou lá relaxando no ferro velho enquanto um planeta inteiro se chocava com a
Terra?
A bagunça se agrava mais ainda
pela atroz mixagem sonora que mistura os tiros, explosões e sons metálicos de
uma maneira quase que indistinguível. A sensação é que ao invés de estar dentro
de um cinema, fui parar em uma rave
de dubstep na qual as caixas de som
acabaram de sofrer curto circuito. A música é excessivamente intrusiva, sempre
martelando exaustivos acordes graves dos momentos de ação e tensão ou subindo o
volume nos instrumentos de corda chorosos nas cenas que deveriam ter algum tipo
de impacto emocional, soando mais manipulativas do que algo a acrescentar
significado.
O único embate em que toda essa
condução acelerada e bagunçada fica suavizada é no antecipado confronto entre
Optimus e Bumblebee, o que parece ser uma coisa boa, mas, considerando que a
luta dura pouco mais de um minuto, o resultado é bem decepcionante. Além de não
empolgar, a luta é resolvida de modo abrupto e forçado. Durante cinco
filmes e quase uma dúzia de horas fomos martelados com a informação que a caixa
vocal de Bumblebee estava além de qualquer conserto e, ainda assim, o
personagem magicamente recupera a sua voz em um momento conveniente. A
motivação de Optimus, ou melhor, falta dela, contribui para a falta de peso
dramático já que a trama recorre à boa e velha lavagem cerebral para justificar
o fato dele se voltar contra os aliados. Considerado que até mesmo o recente Velozes e Furiosos 8, uma franquia que
não exatamente se preocupa com a complexidade de seus personagens e tramas,
conseguiu oferecer uma motivação compreensível e aceitável para que Dom
enfrentasse sua família, ver Transformers:
O Último Cavaleiro usar uma muleta fácil como essa torna-se inadmissível.
Com um texto mais esburacado que
uma rodovia brasileira, personagens vazios e cenas de ação insuportáveis de ver
ou ouvir, há muito pouco o que aproveitar em Transformers: O Último Cavaleiro. É tão ruim que consegue superar o
pavoroso segundo filme como o pior da franquia. Eu diria que seria melhor parar por aqui, mas como o filme menciona várias vezes um conhecido e poderoso vilão, diria que ao menos mais uma continuação é inevitável.
Nota: 2/10
Obs: Há uma cena adicional no meio dos créditos.
Trailer
Obs: Há uma cena adicional no meio dos créditos.
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Os humanos e os Transformers estão em guerra, Optimus Prime se foi. A chave para salvar nosso futuro está enterrada nos segredos do passado, na história oculta dos Transformers na Terra. Amei ver em Transformers a Isabela Moner, lembro dos seus papeis iniciais, em comparação com os seus filmes atuais, e vejo muita evolução, mostra personagens com maior seguridade e que enchem de emoções ao expectador. Desfrutei muito seu trabalho neste filme para crianças O que Será de Nozes cuida todos os detalhes e como resultado é uma grande produção e muito bom elenco.
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