Depois de levar a franquia Saints Row literalmente para o espaço
(em Saints Row IV) e para o inferno
(em Gat Out of Hell), parecia que a
desenvolvedora Volition não tinha mais para onde levar a aloprada gangue e
provavelmente tentaria outras coisas em projetos futuros. De certa forma foi o
que aconteceu, já que este Agents of
Mayhem traz uma nova história e um novo grupo de personagens ainda que se
passe em uma espécie de universo alternativo de Saints Row criado durante um dos finais de Gat Out of Hell.
O conhecimento do que acontece
nos jogos dos Saints, no entanto, não chega a ser necessário para compreender o
que acontece aqui. Alguns personagens dos games dos Saints aparecem, mas
como é um universo alternativo, o que aconteceu nos jogos anteriores não chega
a afetar muita coisa. A trama gira em torno da Mayhem, uma organização
internacional com agentes excêntricos de diferentes países. A entidade trava uma
longa batalha com a maligna organização intitulada Legion, liderada pelo
nefasto Dr. Babylon, que também tem sua cota de agentes excêntricos.
É, na prática, uma paródia
debochada e desbocada de desenhos animados oitentistas como G.I Joe ou He Man. O visual dos personagens traduz essa abordagem cartunesca e
muitas missões trazem cutscenes
animadas que remetem à estética desses desenhos antigos. Há um senso claro do
exagero e do absurdo, com boa parte dos diálogos contendo piadas
autorreferenciais e trocadilhos propositalmente toscos. As telas de
carregamento ocasionalmente trazem falas dos personagens dando conselhos e
lições de moral (hilárias e não muito úteis), parodiando o momento da
"lição de moral" que desenhos como He Man traziam em algum momento.
O jogador tem cerca de uma dúzia
de agentes à sua disposição, cada um tem suas próprias armas, habilidades e um
golpe especial a ser usado quando a barra enche, isso sem falar em seus visuais
exóticos. Da patinadora de roller derby
Daisy, que luta usando seus patins e uma metralhadora imensa, ao hooligan de futebol Red Card (cartão
vermelho em inglês), passando pela ninja persa Scheherazade, cada um desses
personagens ajuda a trazer essa impressão de uma aventura aloprada e também de
variedade no gameplay. Os personagens
sobem de nível e ganham pontos para melhorar os atributos, além de equipamentos
que modificam e adicionam propriedades às suas habilidades e armas.
Cada vez que deixa a Ark, a base
da Mayhem, o jogador escolhe um grupo de três agentes para levar para Seul. É
possível alternar o personagem controlado usando as setas do direcional e mudar
seu agente durante o combate é essencial já que além de suas habilidades
diferentes, cada um deles tem uma especialidade. Alguns são eficientes em
causar danos aos escudos de energia dos inimigos, outros a inimigos blindados,
enquanto alguns são melhores em atingir pontos fracos ou inimigos grandes.
Saber montar uma equipe com a maior abrangência possível de habilidades é
importante, assim como testar as sinergias e possibilidades de combinar as
poderes dos diferentes para realizar investidas arrasadoras. É essa variedade
entre os agentes e as múltiplas oportunidades de combinar a capacidade de cada
um que torna o combate tão empolgante e divertido, compensando a natureza
repetitiva das missões.
Sim, pois praticamente todas as
missões e atividades consistem basicamente da mesma coisa: ir até um ponto no
mapa, hackear computadores, destruir equipamentos da Legion e eliminar todos os
inimigos. Do início ao fim do jogo é isso que você irá repetidamente fazer sem
qualquer variação. O número de atividades é grande, mas existem só uma meia
dúzia de objetivos diferentes e a variedade de inimigos também é relativamente
limitada. A cidade de Seul passa um clima futurista retrô, com predominância de
tons brancos e cinzentos, que tem a ver com a estética de animação oitentista
do jogo, mas soa como um espaço vazio, uma mera caixa de areia para os
jogadores brincarem e não um universo coeso e orgânico. As bases subterrâneas da
Legion são completamente iguais umas às outras, sem qualquer traço que as
diferencie.
Os agentes que não estão no grupo
do jogador podem ser enviados em missões ao redor do mundo para investigar a
Legion. Cada investigação traz diferentes recompensas, de itens, materiais ou
dinheiro a contratos que dão alguns novos objetivos em troca de mais recursos,
passando à descoberta de bases da Legion que devem ser atacadas (que são iguais
às bases encontradas em Seul, sem nenhuma variedade). É uma pena que os personagens
usados nessas investigações não ganhem experiência, já que seria uma boa
maneira de subir o nível de personagens que o usuário não coloca em seu grupo
com muita frequência.
A física envolvendo o manejo dos
carros é bem escorregadia e não importa qual veículo estejamos conduzindo, há a
sensação de que estamos dirigindo em uma pista cheia de óleo. Não ajuda a falta
de qualquer opção ofensiva, seja atirar com os próprios personagens ou a
presença de armas no carro, já que várias vezes o jogo nos pede para perseguir
e destruir carros inimigos e a única maneira de fazer isso é se chocando contra
eles.
O aspecto sonoro, por outro lado,
funciona muito bem. A dublagem imbui os personagens com carisma e personalidade
e boa parte dos diálogos cheios de frases de efeito absurdas colocava um
sorriso em meu rosto. A música reverbera a estética oitentista do produto, em
especial a canção tema que abusa dos sintetizadores e riffs de guitarra, soando
como algo diretamente retirado de uma antiga série animada.
Deste modo, Agents of Mayhem acerta no bom humor e na variedade de personagens
que torna o combate divertido, mas peca pela repetição, mundo aberto pouco
envolvente e alguns problemas técnicos.
Nota: 6/10
Agents of Mayhem já está disponível para PS4, Xbox One e PC.
Agents of Mayhem já está disponível para PS4, Xbox One e PC.
Trailer
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