quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Crítica - Agents of Mayhem

Análise Agents of Mayhem


Review Agents of Mayhem
Depois de levar a franquia Saints Row literalmente para o espaço (em Saints Row IV) e para o inferno (em Gat Out of Hell), parecia que a desenvolvedora Volition não tinha mais para onde levar a aloprada gangue e provavelmente tentaria outras coisas em projetos futuros. De certa forma foi o que aconteceu, já que este Agents of Mayhem traz uma nova história e um novo grupo de personagens ainda que se passe em uma espécie de universo alternativo de Saints Row criado durante um dos finais de Gat Out of Hell.

O conhecimento do que acontece nos jogos dos Saints, no entanto, não chega a ser necessário para compreender o que acontece aqui. Alguns personagens dos games dos Saints aparecem, mas como é um universo alternativo, o que aconteceu nos jogos anteriores não chega a afetar muita coisa. A trama gira em torno da Mayhem, uma organização internacional com agentes excêntricos de diferentes países. A entidade trava uma longa batalha com a maligna organização intitulada Legion, liderada pelo nefasto Dr. Babylon, que também tem sua cota de agentes excêntricos.

É, na prática, uma paródia debochada e desbocada de desenhos animados oitentistas como G.I Joe ou He Man. O visual dos personagens traduz essa abordagem cartunesca e muitas missões trazem cutscenes animadas que remetem à estética desses desenhos antigos. Há um senso claro do exagero e do absurdo, com boa parte dos diálogos contendo piadas autorreferenciais e trocadilhos propositalmente toscos. As telas de carregamento ocasionalmente trazem falas dos personagens dando conselhos e lições de moral (hilárias e não muito úteis), parodiando o momento da "lição de moral" que desenhos como He Man traziam em algum momento.

O jogador tem cerca de uma dúzia de agentes à sua disposição, cada um tem suas próprias armas, habilidades e um golpe especial a ser usado quando a barra enche, isso sem falar em seus visuais exóticos. Da patinadora de roller derby Daisy, que luta usando seus patins e uma metralhadora imensa, ao hooligan de futebol Red Card (cartão vermelho em inglês), passando pela ninja persa Scheherazade, cada um desses personagens ajuda a trazer essa impressão de uma aventura aloprada e também de variedade no gameplay. Os personagens sobem de nível e ganham pontos para melhorar os atributos, além de equipamentos que modificam e adicionam propriedades às suas habilidades e armas.

Cada vez que deixa a Ark, a base da Mayhem, o jogador escolhe um grupo de três agentes para levar para Seul. É possível alternar o personagem controlado usando as setas do direcional e mudar seu agente durante o combate é essencial já que além de suas habilidades diferentes, cada um deles tem uma especialidade. Alguns são eficientes em causar danos aos escudos de energia dos inimigos, outros a inimigos blindados, enquanto alguns são melhores em atingir pontos fracos ou inimigos grandes. Saber montar uma equipe com a maior abrangência possível de habilidades é importante, assim como testar as sinergias e possibilidades de combinar as poderes dos diferentes para realizar investidas arrasadoras. É essa variedade entre os agentes e as múltiplas oportunidades de combinar a capacidade de cada um que torna o combate tão empolgante e divertido, compensando a natureza repetitiva das missões.

Sim, pois praticamente todas as missões e atividades consistem basicamente da mesma coisa: ir até um ponto no mapa, hackear computadores, destruir equipamentos da Legion e eliminar todos os inimigos. Do início ao fim do jogo é isso que você irá repetidamente fazer sem qualquer variação. O número de atividades é grande, mas existem só uma meia dúzia de objetivos diferentes e a variedade de inimigos também é relativamente limitada. A cidade de Seul passa um clima futurista retrô, com predominância de tons brancos e cinzentos, que tem a ver com a estética de animação oitentista do jogo, mas soa como um espaço vazio, uma mera caixa de areia para os jogadores brincarem e não um universo coeso e orgânico. As bases subterrâneas da Legion são completamente iguais umas às outras, sem qualquer traço que as diferencie.

Os agentes que não estão no grupo do jogador podem ser enviados em missões ao redor do mundo para investigar a Legion. Cada investigação traz diferentes recompensas, de itens, materiais ou dinheiro a contratos que dão alguns novos objetivos em troca de mais recursos, passando à descoberta de bases da Legion que devem ser atacadas (que são iguais às bases encontradas em Seul, sem nenhuma variedade). É uma pena que os personagens usados nessas investigações não ganhem experiência, já que seria uma boa maneira de subir o nível de personagens que o usuário não coloca em seu grupo com muita frequência.

A física envolvendo o manejo dos carros é bem escorregadia e não importa qual veículo estejamos conduzindo, há a sensação de que estamos dirigindo em uma pista cheia de óleo. Não ajuda a falta de qualquer opção ofensiva, seja atirar com os próprios personagens ou a presença de armas no carro, já que várias vezes o jogo nos pede para perseguir e destruir carros inimigos e a única maneira de fazer isso é se chocando contra eles.

O aspecto sonoro, por outro lado, funciona muito bem. A dublagem imbui os personagens com carisma e personalidade e boa parte dos diálogos cheios de frases de efeito absurdas colocava um sorriso em meu rosto. A música reverbera a estética oitentista do produto, em especial a canção tema que abusa dos sintetizadores e riffs de guitarra, soando como algo diretamente retirado de uma antiga série animada.

Deste modo, Agents of Mayhem acerta no bom humor e na variedade de personagens que torna o combate divertido, mas peca pela repetição, mundo aberto pouco envolvente e alguns problemas técnicos.


Nota: 6/10

Agents of Mayhem já está disponível para PS4, Xbox One e PC.


Trailer

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