segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Crítica - Nu

Análise Nu


Review Nu
Alguns filmes pegam uma premissa que é familiar e já foi utilizada por outros de modo a acrescentar um novo olhar ou abordagem para algo conhecido. Alguns, no entanto, pegam uma história previamente conhecida, e apenas adicionam o mínimo necessário para que não seja um completo plágio. É isso que acontece neste Nu, cópia safada e sem criatividade de Feitiço do Tempo (1993), cuja única alteração significativa é a nudez do título.

Na trama, Rob (Marlon Wayans) é um homem irresponsável e imaturo que está prestes a se casar. No dia do seu casamento, no entanto, ele acorda nu no elevador do hotel e resolve correr para chegar na igreja. A questão é que no fim do dia ele volta a acordar nu no elevador, repetindo o mesmo dia. Rob precisa então achar uma maneira de chegar ao seu casamento até o fim do dia e também descobrir como foi parar ali.


Já estabelecendo a falta de comprometimento de Rob de maneira óbvia quando ele recusa um cargo de professor permanente em uma das primeiras cenas do filme, fica incomodamente evidente o percurso do personagem na trama. Assim como o protagonista de Feitiço do Tempo, Rob precisará aprender a ser responsável e a se importar com os outros e não apenas consigo. Tudo isso já foi visto antes e melhor realizado. Em Nu, essa jornada de aprendizado nunca é desenvolvida de uma maneira satisfatória, basta ele repetir para as pessoas que conhece alguma frase que as ouviu dizer e imediatamente elas estão do lado dele, soando mais como uma manipulação do que como um aprendizado ou aprofundamento das relações.

As situações também nunca são tão engraçadas ou absurdas como deveriam ser. A cena em que ele enfrenta o ex-namorado (Scott Foley, da série Scandal) de sua noiva (Regina Hall), é tediosamente previsível. Desde o primeiro momento sabemos que ele vai usar sua "habilidade" de voltar no tempo para aprender a desviar de seus golpes, então quando isso acontece não há muito o que rir já que tudo segue exatamente o que se imaginava.

A trama por sinal, tem vários furos e personagens cujas decisões não fazem muito sentido. Em um dado momento vemos Rob retornar ao seu quarto de hotel para pegar suas roupas e não há menção de que tenha mais outra pessoa no seu quarto. Mais adiante, o filme mais uma vez mostra o protagonista retornando ao quarto e dessa vez há uma prostituta dormindo em sua cama que nunca tinha sido mostrada no local antes.

Além disso a revelação de como ele foi parar nu no elevador de outro hotel do outro lado da cidade não faz o menor sentido. Se a pessoa responsável queria impedir o casamento e já o tinha feito deitar com uma prostituta, porque simplesmente não fotografar os dois e mostrar para a noiva ou levar sua noiva até o quarto e forjar "flagrante"? Qual o motivo de carregá-lo até outro lugar e largá-lo lá? Além disso, se a segurança do hotel tinha imagens da pessoa colocando Rob no elevador (inclusive a placa de seu carro), porque os funcionários do hotel parecem surpresos ao abrirem as portas do elevador e o verem nu lá dentro? O filme também peca por alguns efeitos especiais bem toscos, como o péssimo fogo digital na cena do incêndio na igreja ou o evidente chroma key nas tomadas em Rob sobe na torre do sino.

Se há alguma coisa que torna o filme minimamente engraçado é a entrega de Marlon Wayans ao humor físico, em especial no primeiro encontro deles com uma gangue de motoqueiros ou a cena dele dopado e com uma fratura exposta. O problema é o pouco espaço e liberdade que a narrativa dá para que ele exercite seus talentos e a presença do comediante acaba sendo muito mal aproveitado. Dennis Haysbert (o eterno presidente Palmer de 24 Horas) também é igualmente mal aproveitado como o sogro durão de Rob, sempre trazendo uma presença forte e gravidade quando está em cena.
Falhando tanto no drama quanto na comédia e desperdiçando os talentos de seu protagonista em um texto problemático e pouco criativo, não há muito o que aproveitar em Nu.


Nota: 3/10

Trailer:
 

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