quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Crítica - Top of the Lake: 1ª Temporada

Análise Top of the Lake: 1ª Temporada


Review Top of the Lake: 1ª Temporada
Top of the Lake foi lançada em 2013 como uma minissérie, sem planos para outras temporadas ou novas histórias com a detetive Robin Griffin (Elizabeth Moss, a Offred de The Handmaid's Tale). O sucesso da série, no entanto, acabou motivando a diretora e showrunner Jane Campion a fazer uma nova temporada trazendo uma nova investigação da detetive e talvez tenhamos outras mais adiante.

A trama se passa no interior da Nova Zelândia e segue a detetive Robin Griffin, que é especializada em casos de abuso. Quando uma menina de doze anos é encontrada quase se afogando à beira de um lago e descobrem que ela está grávida de cinco meses, Robin é chamada para cuidar do caso e descobrir quem foi o responsável. As coisas se complicam quando a menina, Tui (Jacqueline Joe), desaparece e ela precisa correr contra o tempo para encontrar a garota. A investigação acaba levando a detetive a desenterrar segredos do passado que a cidadezinha e ela própria prefeririam não lembrar.

Apesar da trama ser bem típica da narrativa policial (detetive vai a uma pequena cidade na qual todos tem segredos), o olhar e a abordagem da trama são menos focados no "quem cometeu o crime" e mais na questão do trauma das vítimas, em como esse trauma se manifesta naquelas pessoas e nas possibilidades (se é que existem) de superar esse trauma.


Elizabeth Moss faz de Robin uma mulher com uma postura constantemente defensiva em virtude do mundo majoritariamente masculino no qual habita. Muitos planos a mostram em corredores e salas de reunião no qual ela está cercada de homens e a câmera se posiciona sobre os ombros da personagem, ressaltando sua estrutura diminuta em relação àqueles homens.

Com o tempo, vamos percebendo que sua postura arredia para com os homens tem outras razões além da presença masculina em seu trabalho, mas também com traumas mais profundos. Essas rememorações vão tornando-a mais instável conforme ela percebe relações entre o que está acontecendo com Tui e o que ocorreu com ela no passado, culminando no momento em que ela perde o controle ao ser abordada por um dos responsáveis pelo seu trauma e o agride impiedosamente. A jornada de Robin acaba sendo não só a de resolver o crime, mas também a de se desprender dos próprios traumas para poder conseguir levar a investigação adiante.

Além de Robin e Tui, que regride a um estado quase que bestial ao tentar sobreviver sozinha na floresta, a questão do trauma e da violência contra a mulher também se corporifica na comunidade alternativa liderada por GJ (Holly Hunter). Hunter faz uma líder comunitária que transita entre uma sábia serenidade e um completo distanciamento das pessoas ao seu redor, como se ela estivesse perdida em sua própria mente e pensamentos.

A trama tenta fazer uma clara oposição entre a perspectiva das personagens femininas, que constantemente questionam ou tentam subverter o status quo, enquanto que as principais figuras masculinas, como o chefe de Robin, Al (David Wenham), ou o pai de Tui e chefe do crime local, Matt (Peter Mullan), tem uma postura de querer manter as coisas como estão. A postura de cada um desses lados se justifica pela própria estrutura social daquele lugar, enquanto as mulheres estão, na maioria dos casos, como vítimas e sobreviventes de agressões, os homens estão em posição de poder e autoridade, então eles se beneficiam e prosperam naquele estado de coisas e não tem desejo em alterar nada.

Tudo bem que Matt seja mostrado como um sujeito com seus próprios traumas passados, que rendem inclusive momentos perturbadores como sua autoflagelação diante do túmulo da mãe. No entanto, ele não deixa de ocupar uma posição de destaque e poder naquela cidade, inclusive ficando impune de alguns crimes, como a morte do agente imobiliário que é classificada como acidente.

A fotografia preza pelos tons frios e em baixa saturação, retratando o lago e a mata constantemente cobertas por uma fina camada de neblina, dando um constante clima de desolação e isolamento. A música também contribui para um clima de melancolia, solidão e tensão. Ainda que a trama discorra sem pressa, há uma sensação palpável de pessimismo e de que talvez a garota não seja encontrada com vida por conta da dureza e hostilidade daquele espaço e das pessoas que ali vivem.

Assim sendo, a despeito de uma premissa bem familiar aos produtos do gênero, essa primeira temporada de Top of the Lake é um retrato complexo sobre relações sociais, trauma e a possibilidade de superação destes.

Nota: 9/10

Trailer

2 comentários:

Nery disse...

A primeira temporada é uma droga. Engraçado que esse povo pago sempre fala bem das séries, poucos batem a real. A primeira temporada é um saco, cheia de casuismos desnecessários à trama e falta absoluta de time dramaturgico. A personagem femina feita pela Moss é uma das mais ridículas que já vi. Fraca, despreparada, estúpida sem nenhum perfil de um detetive de verdade. É uma coitadinha da qual se deve ter pena. Talvez seja isso que as autoras femininas queiram, que se tenha pena das mulheres. Frouxa, desconexa, péssimas soluções de roteiro. Uma droga completa. É isso que deu a quantidade prejudicou por completo a qualidade. Todo mundo escreve série. E tome-lhe porcarias de montão. Ressalvo que o autor experiente e não tanto preocupado com ideologiazinhas idiotas teria feito uma grande série. É uma decepção. A segunda temporada não vi, as tiver o mesmo ritmo da priomeira vai ser outra merda. Agora pode ser que "os entendidos" gostem.

Lucas Ravazzano disse...

Parabéns Nery, você matou a charada. Todos os críticos receberam um milhão de dólares para mentir e elogiar uma série ruim, enganando todos a assistirem para dar ibope à série e depois detestarem e entrarem na internet para xingar os críticos nos dando mais visualizações. Você acabou de desbaratar uma conspiração internacional, deve estar muito feliz consigo mesmo.