Linha Mortal (1990) não era lá grande coisa a despeito de sua
premissa intrigante sobre o que acontece quando morremos e do carisma de seu elenco formado por (então) jovens astros como Julia Roberts, Kiefer Sutherland e Kevin Bacon. A ideia de um remake, este Além da Morte, só faria sentido se houvesse algum esforço para
finalmente fazer jus ao potencial de sua premissa. Esta nova versão, no
entanto, não demonstra qualquer disposição ou esforço de melhorar coisa alguma
e ainda piora algumas coisas.
A trama é praticamente a mesma do
filme original. Um grupo de estudantes de medicina decide pesquisar o há além
da vida e que tipo de experiência uma pessoa tem depois da morte. A equipe é
liderada por Courtney (Ellen Page) e a experiência consiste em zerar os
batimentos cardíacos para depois ser revivido com o desfibrilador. Ao serem
revividos, eles tem suas capacidades mentais ampliadas, mas também são
atormentados por horrendas visões.
Assim como o original, a premissa
sobrenatural/existencial acaba desperdiçada com explicações pouco convincentes
que não dão conta do que exatamente está acontecendo. Se as visões são uma
manifestação de seus traumas produzidos em sua mente em seus últimos momentos
de vida, como essas visões, mesmo as que correspondem a pessoas que estão
vivas, conseguem aparecer no mundo físico e ferir esses personagens? Suas mentes
estão fazendo esses traumas se manifestar fisicamente no nosso mundo? Eles
trouxeram para nosso mundo algum tipo de criatura que se alimenta do medo como
o palhaço de It: A Coisa?
Essa indefinição é ainda piorada
pela adição do conceito de que "retornar da morte" daria uma maior
inteligência ou habilidades que eles não tinham antes. Mesmo considerando o
componente sobrenatural, não há uma justificativa do porque eles ficam
surperinteligentes, principalmente porque uma das primeiras cenas do filme mostra Courtney conversando com uma paciente cujo coração parou e precisou ser ressuscitada e a mulher não exibe nenhum traço desse desenvolvimento mental. A trama inclusive se "esquece" dessa superinteligência conforme a história progride como se isso nunca tivesse sido mencionado. Várias
ações dos personagens também ficam sem qualquer repercussão, a exemplo da cena
na qual os seguranças os encontram no porão do hospital e os perseguem até o
estacionamento, quando os protagonistas fogem de carro. Por mais que os
seguranças possam ter deixado de anotar a placa, é difícil crer que o
estacionamento de um hospital não tem nenhuma câmera de segurança ou que
ninguém investigasse o acontecido.
Os sustos são quase sempre
previsíveis e na maioria das vezes consistem de algo saltando inesperadamente
em cima dos personagens. Além de ser possível vê-los vindo, falta algo de
impactante, grotesco e tenebroso na concepção visual dessas visões para
realmente assustar. A mensagem sobre a importância de reparação de erros e
injustiças do passado é tratada com pouca sutileza através de frases de feito
que parecem saídas de um livro ruim de autoajuda. Desta maneira, nada de
realmente interessante é feito com uma premissa que podia render algo interessante.
Ellen
Page faz o que pode para dar alguma dignidade à sua Courtney, mas ela é
sabotada por um roteiro que na maioria das vezes a coloca em situações
ridículas, como a cena em que ela derruba a parede do apartamento e esfrega
chantilly no corpo, que geram risos ao invés de empatia. O mesmo pode ser dito
dos demais personagens e o romance entre Marlo (Nina Dobrev) e Ray (Diego
Luna) é tão frígido e sem química que fica difícil se importar com eles. Os atores são prejudicados por diálogos sem sentido como "deveríamos colocar parada cardíaca em uma garrafa e vender como droga em boates". O que diabos isso quer dizer? Esses personagens não deveriam ser estudantes inteligentes de uma prestigiosa faculdade? Porque diriam algo tão imbecil e sem sentido?
O filme ainda coloca Kiefer Sutherland em um personagem que o texto nunca deixa claro se é o mesmo sujeito do filme original ou se ele está ali como um mero "fan service". De qualquer maneira o longa desperdiça a presença do ator, visto que ele não faz a menor diferença na narrativa.
O filme ainda coloca Kiefer Sutherland em um personagem que o texto nunca deixa claro se é o mesmo sujeito do filme original ou se ele está ali como um mero "fan service". De qualquer maneira o longa desperdiça a presença do ator, visto que ele não faz a menor diferença na narrativa.
Além da Morte marca a segunda vez que
uma premissa boa é mal utilizada, resultando em um terror sem sustos e um drama
existencial raso no qual não há razão para se importar com os dilemas dos
personagens. Eu poderia ser esperançoso e dizer que talvez numa terceira
tentativa Hollywood consiga acertar, mas talvez seja melhor não continuar
revivendo essa história.
Nota: 2/10
Trailer
Quando vi o elenco de Além da Morte automaticamente escrevi nos filmes que deveria ver porque o elenco é realmente de grande qualidade, sobre tudo Diego Luna é um dos meus preferidos, por que sempre leva o seu personagem ao nível mais alto da interpretação, seu trabalho é dos melhores. Perssonalmente considero um dos melhores filmes lançamentos 2018 . É um filme que desde o meu ponto de vista, é um dos melhores projetos. Recomendo 100%. Você não pode parar de vê-la.
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