Com super-heróis estando em
evidência constante na produção hollywoodiana nos últimos anos, é de se
imaginar que os estúdios tentem colocar as mãos em qualquer material envolvendo
combatentes do crime fantasiados. Este As
Aventuras do Capitão Cueca: O Filme, adaptação dos livros de Dav Pilkey
(que, confesso, nunca li), é basicamente o tipo de história de origem que
Hollywood consegue fazer de olhos fechados, o que não significa necessariamente
que este é um filme ruim. Na verdade, é bem divertido.
A trama é centrada nos meninos
Jorge (Kevin Hart) e Haroldo (Thomas Middletich) que tentam enfrentar Krupp (Ed
Helms), o diretor mal humorado de seu colégio, pregando peças e pegadinhas nele
e nos professores. Eles também passam o tempo livre criando histórias em quadrinhos
envolvendo um super-herói chamado Capitão Cueca, que enfrenta o crime usando
apenas suas roupas de baixo. Quando uma brincadeira deles passa dos limites e o
diretor Krupp ameaça colocá-los em salas separadas, os meninos o hipnotizam
para que ele pense ser o Capitão Cueca. Simultaneamente o novo professor da
escola, o Prof. Fraldinhasuja (Nick Kroll), se revela um cientista do mal que
quer acabar com o riso do mundo. Cabe aos garotos e o Capitão Cueca salvar o
dia.
Não há outro jeito de dizer. Não
faz o menor sentido que o diretor Krupp seja capaz de reproduzir a conduta e
personalidade do Capitão Cueca só por causa do comando hipnótico, já que ele
não sabia nada a respeito do personagem ou como ele se comportaria. Ainda assim
não é algo que chegue a quebrar a imersão ou a suspensão de descrença, já que
esse tipo de solução simplória acaba sendo coerente com o olhar ingênuo e
infantil da narrativa, contada do ponto de vista das duas crianças
protagonistas.
Por outro lado, acerta na
construção da amizade de Jorge e Haroldo, mostrando como o laço que há entre
eles os ajuda a enfrentar seus problemas na escola e superar as dificuldades.
Se não tivessem um ao outro a dupla provavelmente teria dificuldade em lidar
com esse ambiente escolar excessivamente cartesiano, pautado em decorar datas e
fórmulas no qual há pouco espaço para criatividade e as crianças são jogadas de
um lado para outro em atividades dirigidas sem espaço ou incentivo para
descobrirem seus talentos, vocações e interesses.
Ocasionalmente o filme parece
deixar de lado sua trama principal para simplesmente acompanhar Krupp/Cueca
conforme ele vagueia pela cidade criando confusões, o que dá um tom disperso e
episódico ao filme, que só não se torna aborrecido pela criatividade de suas
situações cômicas. Da sinfonia de almofadas de pum a todo o segmento de Krupp
em um parque de diversões, tudo é bem ágil, criativo e divertido. O mesmo pode
ser dito das cenas envolvendo o vilão que diverte por sua sinceridade em ser
uma caricatura sem vergonha de cientista louco, apresentando-se como tal até
mesmo em sua entrevista de emprego.
Bastante carismático em termos
visuais, conquista pelo seu visual colorido e pela inventividade com a qual
explora as tecnologias criadas pelo vilão, do raio que faz crescer e encolher
ao robô gigante em forma de privada. É também criativo no uso de diferentes
formatos variando sua animação em computação gráfica com cenas envolvendo
fantoches ou animação desenhada à mão.
Mesmo sem trazer nada de novo, As Aventuras do Capitão Cueca: O Filme
acaba divertindo pelo seu senso de humor ingênuo, visuais criativos e ao falar
sobre a importância da imaginação e do senso de humor.
Nota: 6/10
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