segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Crítica - Depois Daquela Montanha



Duas pessoas que nunca se viram resolvem pegar um voo fretado em um pequeno bimotor quando seus voos são cancelados. Eles são pegos por uma tempestade e o avião cai nas montanhas, apenas o casal e o cão do piloto sobrevivem à queda. O começo de Depois Daquela Montanha, adaptação do livro de Charles Martin (que não li), promete uma instigante e tensa história de sobrevivência, mas o desenvolvimento de sua trama acaba decepcionando.

O início da jornada de Alex (Kate Winslet) e Ben (Idris Elba) começa bem ao criar situações de tensão com os dois feridos nos destroços do avião, racionando o pouco de comida e tentando continuar vivos até que o resgate chegue. As tomadas aéreas amplas ressaltam a imensidão erma da montanha gelada e a pouca presença de música evidencia o silêncio do local, aumentando a sensação de vazio e isolamento experimentada pelos protagonistas.

Depois de alguns momentos bem tensos como o momento em que Ben desliza em direção a um penhasco ou quando Alex encontra um Puma, a trama começa a perder fôlego conforme o casal resolve descer a montanha. O que se segue se mostra bastante repetitivo com a dupla brigando, fazendo as pazes, correndo atrás do cachorro e um dos dois ocasionalmente se machucando e ficando inconsciente. Lá pela terceira vez que a trama deixa um dos dois inconscientes e cria dúvida se irá despertar ou não tudo começa a soar mecânico e repetitivo, como se a trama andasse em círculos para tentar disfarçar sua falta de conteúdo. Exceto pelo momento em que o gelo desaba sob os pés de Alex (uma cena que os trailers já entregavam), o restante do filme segue sem muita tensão.

A oposição entre a lógica rígida de Ben com a impulsividade emotiva de Alex também acaba cansando, deixando óbvio desde o início que eventualmente ele aprenderá a ser mais como ela e ela aprenderá a ser mais como ele. Essas características, por sinal, são as únicas de cada personagem e o filme se contenta com esse olhar unidimensional sobre eles sem sair da superfície. Se é possível crer e se importar com o eventual romance que floresce entre eles é pelo trabalho de Idris Elba e Kate Winslet, cujo misto de afeto e medo de solidão trazido por eles torna compreensível a conexão que se estabelece entre os protagonistas.

Outro problema é o modo como o filme se estende demais em seu epílogo, tentando criar dúvida em relação a um desfecho bastante óbvio envolvendo a dupla principal. O prolongamento excessivo se torna ainda mais frustrante o modo clichê e relativamente brega como o filme decide terminar, resolvendo tudo com a tradicional cena do casal se afastando lentamente para que então eles se deem conta de que se amam e corram na direção um do outro.

Apesar de um elenco competente e a da premissa instigante, Depois Daquela Montanha decepciona pela sua estrutura redundante, personagens rasos e excesso de lugares-comuns que tornam tudo óbvio demais.


Nota: 5/10

Trailer

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