segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Crítica - Jogo Perigoso

Análise Jogo Perigoso


Review Jogo Perigoso
Um casal sai de férias e vai para uma isolada cabana perto de um lago. Para apimentar a relação Gerald (Bruce Greenwood) propõe a Jessie (Carla Gugino) algemá-la nas barras da cama. A contragosto Jessie aceita, mas seu marido tem um infarto fulminante e cai morto aos seus pés. As chaves das algemas não estão perto, a cama é resistente e não há ninguém por perto para ouvir seus gritos de socorro. Se Jessie não conseguir se libertar é provável que ela morra de desidratação ou fome, mas as coisas pioram quando um cão faminto entra na cabana para se alimentar do cadáver de Gerald e Jessie sabe que ela será a próxima. É com essa premissa tensa e desesperadora que começa Jogo Perigoso, adaptação de um romance do célebre Stephen King.

Com pouquíssimo uso de música o filme investe em silêncios e nos efeitos sonoros de sons da floresta e da casa para construir a sensação de isolamento e solidão de Jessie, deixando claro o perigo e precariedade de sua situação. O trabalho de maquiagem é igualmente eficiente em denotar a decadência física e psicológica de Jessie, conforme os dias passam e a fome e a sede passam a abatê-la. A inanição começa a provocar delírios que mostram não só o desespero da personagem e como ela está perdendo seu senso de realidade, mas seu processo mental de pensar em maneiras de se libertar.

Essa, no entanto, não é apenas uma história de sobrevivência, já que a situação das algemas acaba servindo como uma grande metáfora para a vida de Jessie e sua necessidade de se libertar dos grilhões de relações abusivas com as quais ela teve que lidar desde jovem. Assim, o filme ganha contornos de um estudo de personagem conforme a trama tenta entender que aquela situação é uma espécie de ponto culminante na vida da protagonista que sempre se permitiu ser subjugada por homens por achar que esse era o papel que lhe cabia.

Sozinha em cena durante boa parte da projeção, Carla Gugino é eficiente ao evocar o desespero e instabilidade de Jessie ao longo de seu sofrimento e nos mantêm interessados em sua sobrevivência conforme percebemos que aos poucos ela vai se desapegando de seus traumas e ganhando segurança.

Mesmo em meio a esse mergulho psicológico o filme consegue encUm casal sai de férias e vai para uma isolada cabana perto de um lago. Para apimentar a relação Gerald (Bruce Greenwood) propõe a Jessie (Carla Gugino) algemá-la nas barras da cama. A contragosto Jessie aceita, mas seu marido tem um infarto fulminante e cai morto aos seus pés. As chaves das algemas não estão perto, a cama é resistente e não há ninguém por perto para ouvir seus gritos de socorro. Se Jessie não conseguir se libertar é provável que ela morra de desidratação ou fome, mas as coisas pioram quando um cão faminto entra na cabana para se alimentar do cadáver de Gerald e Jessie sabe que ela será a próxima. É com essa premissa tensa e desesperadora que começa Jogo Perigoso, adaptação de um romance do célebre Stephen King.

Com pouquíssimo uso de música o filme investe em silêncios e nos efeitos sonoros de sons da floresta e da casa para construir a sensação de isolamento e solidão de Jessie, deixando claro o perigo e precariedade de sua situação. O trabalho de maquiagem é igualmente eficiente em denotar a decadência física e psicológica de Jessie, conforme os dias passam e a fome e a sede passam a abatê-la. A inanição começa a provocar delírios que mostram não só o desespero da personagem e como ela está perdendo seu senso de realidade, mas seu processo mental de pensar em maneiras de se libertar.

Essa, no entanto, não é apenas uma história de sobrevivência, já que a situação das algemas acaba servindo como uma grande metáfora para a vida de Jessie e sua necessidade de se libertar dos grilhões de relações abusivas com as quais ela teve que lidar desde jovem. Assim, o filme ganha contornos de um estudo de personagem conforme a trama tenta entender que aquela situação é uma espécie de ponto culminante na vida da protagonista que sempre se permitiu ser subjugada por homens por achar que esse era o papel que lhe cabia.

Sozinha em cena durante boa parte da projeção, Carla Gugino é eficiente ao evocar o desespero e instabilidade de Jessie ao longo de seu sofrimento e nos mantêm interessados em sua sobrevivência conforme percebemos que aos poucos ela vai se desapegando de seus traumas e ganhando segurança.

Mesmo em meio a esse mergulho psicológico o filme consegue encontrar momentos de medo e tensão com imagens bastante macabras. A cena do eclipse solar é duplamente sinistra pela iluminação avermelhada que dá um clima de apocalipse ou fim do mundo, mas também pelo abuso perpetrado pelo pai de Jesse simbolizando como aquele foi um momento sombrio de sua vida e quando seu mundo ruiu. O ser sombrio que surge na casa à noite e a dúvida se é real ou delírio também fornece bons sustos e a tentativa dela em se libertar das algemas cortando parte da mão é quase que insuportável de assistir sem virar o rosto dada a crueza gráfica com a qual tudo é mostrado.

O final acaba derrapando ao mastigar de maneira excessivamente didática os temas do filme e a cena no tribunal acaba sendo uma ilustração um pouco redundante da superação dos conflitos internos de Jessie. Ainda assim, Jogo Perigoso é um apreensivo conto sobre trauma e sobrevivência com uma direção segura de Mike Flanagan, do bacana O Espelho (2013), e uma performance poderosa de Carla Gugino. O ano de 2017 tem sido generoso com as adaptações de Stephen King em filme, já que depois de It: A Coisa (e a despeito de A Torre Negra), este é também um ótimo exemplar de como a obra de King pode render bons filmes.


Nota: 7/10

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