Um casal sai de férias e vai para
uma isolada cabana perto de um lago. Para apimentar a relação Gerald (Bruce
Greenwood) propõe a Jessie (Carla Gugino) algemá-la nas barras da cama. A
contragosto Jessie aceita, mas seu marido tem um infarto fulminante e cai morto
aos seus pés. As chaves das algemas não estão perto, a cama é resistente e não
há ninguém por perto para ouvir seus gritos de socorro. Se Jessie não conseguir
se libertar é provável que ela morra de desidratação ou fome, mas as coisas
pioram quando um cão faminto entra na cabana para se alimentar do cadáver de
Gerald e Jessie sabe que ela será a próxima. É com essa premissa tensa e
desesperadora que começa Jogo Perigoso,
adaptação de um romance do célebre Stephen King.
Com pouquíssimo uso de música o
filme investe em silêncios e nos efeitos sonoros de sons da floresta e da casa
para construir a sensação de isolamento e solidão de Jessie, deixando claro o
perigo e precariedade de sua situação. O trabalho de maquiagem é igualmente
eficiente em denotar a decadência física e psicológica de Jessie, conforme os
dias passam e a fome e a sede passam a abatê-la. A inanição começa a provocar
delírios que mostram não só o desespero da personagem e como ela está perdendo
seu senso de realidade, mas seu processo mental de pensar em maneiras de se
libertar.
Essa, no entanto, não é apenas
uma história de sobrevivência, já que a situação das algemas acaba servindo
como uma grande metáfora para a vida de Jessie e sua necessidade de se libertar
dos grilhões de relações abusivas com as quais ela teve que lidar desde jovem.
Assim, o filme ganha contornos de um estudo de personagem conforme a trama
tenta entender que aquela situação é uma espécie de ponto culminante na vida da
protagonista que sempre se permitiu ser subjugada por homens por achar que esse
era o papel que lhe cabia.
Sozinha em cena durante boa parte
da projeção, Carla Gugino é eficiente ao evocar o desespero e instabilidade de
Jessie ao longo de seu sofrimento e nos mantêm interessados em sua
sobrevivência conforme percebemos que aos poucos ela vai se desapegando de seus
traumas e ganhando segurança.
Mesmo em meio a esse mergulho
psicológico o filme consegue encUm casal sai de férias e vai para
uma isolada cabana perto de um lago. Para apimentar a relação Gerald (Bruce
Greenwood) propõe a Jessie (Carla Gugino) algemá-la nas barras da cama. A
contragosto Jessie aceita, mas seu marido tem um infarto fulminante e cai morto
aos seus pés. As chaves das algemas não estão perto, a cama é resistente e não
há ninguém por perto para ouvir seus gritos de socorro. Se Jessie não conseguir
se libertar é provável que ela morra de desidratação ou fome, mas as coisas
pioram quando um cão faminto entra na cabana para se alimentar do cadáver de
Gerald e Jessie sabe que ela será a próxima. É com essa premissa tensa e
desesperadora que começa Jogo Perigoso,
adaptação de um romance do célebre Stephen King.
Com pouquíssimo uso de música o
filme investe em silêncios e nos efeitos sonoros de sons da floresta e da casa
para construir a sensação de isolamento e solidão de Jessie, deixando claro o
perigo e precariedade de sua situação. O trabalho de maquiagem é igualmente
eficiente em denotar a decadência física e psicológica de Jessie, conforme os
dias passam e a fome e a sede passam a abatê-la. A inanição começa a provocar
delírios que mostram não só o desespero da personagem e como ela está perdendo
seu senso de realidade, mas seu processo mental de pensar em maneiras de se
libertar.
Essa, no entanto, não é apenas
uma história de sobrevivência, já que a situação das algemas acaba servindo
como uma grande metáfora para a vida de Jessie e sua necessidade de se libertar
dos grilhões de relações abusivas com as quais ela teve que lidar desde jovem.
Assim, o filme ganha contornos de um estudo de personagem conforme a trama
tenta entender que aquela situação é uma espécie de ponto culminante na vida da
protagonista que sempre se permitiu ser subjugada por homens por achar que esse
era o papel que lhe cabia.
Sozinha em cena durante boa parte
da projeção, Carla Gugino é eficiente ao evocar o desespero e instabilidade de
Jessie ao longo de seu sofrimento e nos mantêm interessados em sua
sobrevivência conforme percebemos que aos poucos ela vai se desapegando de seus
traumas e ganhando segurança.
Mesmo em meio a esse mergulho
psicológico o filme consegue encontrar momentos de medo e tensão com imagens
bastante macabras. A cena do eclipse solar é duplamente sinistra pela
iluminação avermelhada que dá um clima de apocalipse ou fim do mundo, mas
também pelo abuso perpetrado pelo pai de Jesse simbolizando como aquele foi um
momento sombrio de sua vida e quando seu mundo ruiu. O ser sombrio que surge na
casa à noite e a dúvida se é real ou delírio também fornece bons sustos e a
tentativa dela em se libertar das algemas cortando parte da mão é quase que
insuportável de assistir sem virar o rosto dada a crueza gráfica com a qual
tudo é mostrado.
O final acaba derrapando ao
mastigar de maneira excessivamente didática os temas do filme e a cena no
tribunal acaba sendo uma ilustração um pouco redundante da superação dos
conflitos internos de Jessie. Ainda assim, Jogo
Perigoso é um apreensivo conto sobre trauma e sobrevivência com uma direção
segura de Mike Flanagan, do bacana O
Espelho (2013), e uma performance poderosa de Carla Gugino. O ano de 2017
tem sido generoso com as adaptações de Stephen King em filme, já que depois de It: A Coisa (e a despeito de A Torre Negra), este é também um ótimo
exemplar de como a obra de King pode render bons filmes.
Nota: 7/10
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