Em Antonio Um Dois Três, o jovem português Antonio (Mauro Soares) não
sabe o que quer da vida. Ele pensa em voltar a morar com o pai, pensa em tentar
voltar com a ex-namorada, pensa em largar a faculdade, mas não sabe o que
fazer. Tudo muda quando ele conhece a brasileira Débora (Deborah Viegas) e ele
tem a certeza de que quer ficar com ela. A brasileira, no entanto, tem uma
viagem marcada para a Rússia e eles não podem ficar juntos. Aí é que o filme dá
sua principal guinada e recomeça tudo do zero. Como o título diz, o filme se
divide em três segmentos nos quais Antonio tenta ficar com Débora.
A estrutura remete bastante a Corra Lola, Corra (1998) do alemão Tom
Tykwer que também "resetava" algumas vezes a linha temporal dos
eventos até que a protagonista acertasse o que tinha que fazer. O longa de
Tykwer também já trabalhava esses elementos de tentativa e erro, mas este Antonio Um Dois Três tenta usar isso
para falar também de uma juventude à deriva, que não sabe o que fazer da vida e
constantemente tenta se reinventar.
A questão é que esse dispositivo
de temporalidades ou realidades alternativas que podem ou não estar conectadas,
contidas umas nas outras ou serem sonhos já foram feitas inúmeras vezes e muito
bem desde Feitiço do Tempo (1993),
passando por trabalhos de cunha mais metalinguístico (como o próprio Antonio Um Dois Três) como Donnie Darko (2001),
Cidade dos Sonhos (2001) ou o próprio
Corra Lola Corra e este filme não tem
nada a acrescentar a não ser a reprodução do dispositivo narrativo.
Uma vez compreendendo o jogo
temporal que está sendo feito e o que a trama quer dizer com ele lá por volta
do início do segundo segmento, o filme praticamente esgota sua mensagem. Ainda
assim, insiste em prolongar seu terceiro segmento ao ponto de que parece que
nunca vai terminar, repetindo (de diferentes maneiras) ideias e significados
que o público já tinha compreendido faz tempo.
O bom humor como o filme aborda
sua narrativa e seus comentários metalinguísticos rende alguns momentos bem
divertidos como a cena entre Antonio e o pai no começo ou o momento em que o
protagonista começa a reclamar do amigo brasileiro Johnny (Daniel Pizamiglio) e
Johnny pede que ele repita tudo palavra por palavra.
Ainda assim, o seu bom humor não
é o bastante para impedir que Antonio Um
Dois Três seja uma repetição pouco envolvente de um jogo narrativo que a
essa altura já se tornou bem manjado.
Nota: 5/10
Esse texto faz parte de nossa
cobertura do XIII Panorama Coisa de Cinema
Nenhum comentário:
Postar um comentário