terça-feira, 14 de novembro de 2017

Crítica - Antonio Um Dois Três

Análise Antonio Um Dois Três


Review Antonio Um Dois Três
Em Antonio Um Dois Três, o jovem português Antonio (Mauro Soares) não sabe o que quer da vida. Ele pensa em voltar a morar com o pai, pensa em tentar voltar com a ex-namorada, pensa em largar a faculdade, mas não sabe o que fazer. Tudo muda quando ele conhece a brasileira Débora (Deborah Viegas) e ele tem a certeza de que quer ficar com ela. A brasileira, no entanto, tem uma viagem marcada para a Rússia e eles não podem ficar juntos. Aí é que o filme dá sua principal guinada e recomeça tudo do zero. Como o título diz, o filme se divide em três segmentos nos quais Antonio tenta ficar com Débora.

A estrutura remete bastante a Corra Lola, Corra (1998) do alemão Tom Tykwer que também "resetava" algumas vezes a linha temporal dos eventos até que a protagonista acertasse o que tinha que fazer. O longa de Tykwer também já trabalhava esses elementos de tentativa e erro, mas este Antonio Um Dois Três tenta usar isso para falar também de uma juventude à deriva, que não sabe o que fazer da vida e constantemente tenta se reinventar.

A questão é que esse dispositivo de temporalidades ou realidades alternativas que podem ou não estar conectadas, contidas umas nas outras ou serem sonhos já foram feitas inúmeras vezes e muito bem desde Feitiço do Tempo (1993), passando por trabalhos de cunha mais metalinguístico (como o próprio Antonio Um Dois Três) como Donnie Darko (2001), Cidade dos Sonhos (2001) ou o próprio Corra Lola Corra e este filme não tem nada a acrescentar a não ser a reprodução do dispositivo narrativo. 

Uma vez compreendendo o jogo temporal que está sendo feito e o que a trama quer dizer com ele lá por volta do início do segundo segmento, o filme praticamente esgota sua mensagem. Ainda assim, insiste em prolongar seu terceiro segmento ao ponto de que parece que nunca vai terminar, repetindo (de diferentes maneiras) ideias e significados que o público já tinha compreendido faz tempo.

O bom humor como o filme aborda sua narrativa e seus comentários metalinguísticos rende alguns momentos bem divertidos como a cena entre Antonio e o pai no começo ou o momento em que o protagonista começa a reclamar do amigo brasileiro Johnny (Daniel Pizamiglio) e Johnny pede que ele repita tudo palavra por palavra.

Ainda assim, o seu bom humor não é o bastante para impedir que Antonio Um Dois Três seja uma repetição pouco envolvente de um jogo narrativo que a essa altura já se tornou bem manjado.

Nota: 5/10


Esse texto faz parte de nossa cobertura do XIII Panorama Coisa de Cinema 

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