Musicais costumam abordar a
importância dos sonhos em nossa vida, usam o canto e dança para mostrar como a
arte pode inspirar, motivar e nos mover adiante. Este O Rei do Show, levemente inspirado na vida de P.T Barnum, supostamente
o primeiro milionário do ramo do entretenimento, segue à risca aquilo que se
espera dos musicais.
O filme acompanha P.T Barnum
(Hugh Jackman) desde suas origens humildes até o estrondoso sucesso de seu
circo e outros empreendimentos no show business.
É uma trama relativamente previsível e, como é típico nessas histórias sobre
fama e riqueza, eventualmente o sucesso sobe à cabeça de Barnum e ele fica à
beira de perder tudo que conquistou.
A narrativa traz um embate entre
a cultura popular e a cultura "erudita" ou "tradicional",
elemento presente desde o musicais seminais como O Cantor de Jazz (1927) a produtos mais recentes como Moulin Rouge (2001). Outro tema
constante ao longo da trama é a questão da aparência e do preconceito, já que o
circo de Barnum tem seu elenco formado por "aberrações" como uma
mulher barbada ou uma albina. A trama evidencia que a verdadeira aberração não
reside no aspecto físico, mas na falta de humanidade, na intolerância e ódio
aos diferentes, na vontade de humilhar e excluir aqueles que não atendam a
padrões de "normalidade". Nesse sentido, o filme quase funciona como
uma versão musical de Freaks (1932),
do Tod Browning, ou de American Horror Story Freak Show.
Os números musicais são
exuberantes, cheios de cor e energia, realmente criando a impressão de um
grande e vistoso espetáculo. Os segmentos se valem dos talentos de canto e
dança de atores e atrizes já acostumados a musicais como Hugh Jackman, que além
de atuar em musicais da Broadway também fez a versão para cinemas de Os Miseráveis (2012), Zac Efron e
Zendaya. Jackman enche Barnum de carisma e malandragem, convencendo de que ele
seria capaz de atrair tanta gente para seus shows apenas por sua presença e
talento no palco e é graças ao magnetismo pessoal do ator que permanecemos
investidos na história de Barnum mesmo quando tudo é previsível demais.
Além de previsível, o roteiro
também tem sua parcela de problemas. O texto nunca consegue criar um sentimento
crível de que há risco para os personagens, com os problemas sendo resolvidos
mal eles aparecem. Eu sei que num musical não há nada que não possa ser
resolvido por uma bela canção, mas ao menos deveríamos sentir que há peso ou
consequência para suas ações. O pior é o desfecho e o modo rápido e fácil
demais com o qual a esposa (Michelle Williams) perdoa Barnum pelos problemas
que causou e o modo como a tratou.
Mesmo com uma narrativa cheia de
lugares comuns, O Rei do Show vale
pelo espetáculo de seus números musicais e pelo carisma de Hugh Jackman.
Nota: 6/10
Trailer
Nenhum comentário:
Postar um comentário