quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Crítica - O Rei do Show

Análise O Rei do Show


Review O Rei do Show
Musicais costumam abordar a importância dos sonhos em nossa vida, usam o canto e dança para mostrar como a arte pode inspirar, motivar e nos mover adiante. Este O Rei do Show, levemente inspirado na vida de P.T Barnum, supostamente o primeiro milionário do ramo do entretenimento, segue à risca aquilo que se espera dos musicais.

O filme acompanha P.T Barnum (Hugh Jackman) desde suas origens humildes até o estrondoso sucesso de seu circo e outros empreendimentos no show business. É uma trama relativamente previsível e, como é típico nessas histórias sobre fama e riqueza, eventualmente o sucesso sobe à cabeça de Barnum e ele fica à beira de perder tudo que conquistou.

A narrativa traz um embate entre a cultura popular e a cultura "erudita" ou "tradicional", elemento presente desde o musicais seminais como O Cantor de Jazz (1927) a produtos mais recentes como Moulin Rouge (2001). Outro tema constante ao longo da trama é a questão da aparência e do preconceito, já que o circo de Barnum tem seu elenco formado por "aberrações" como uma mulher barbada ou uma albina. A trama evidencia que a verdadeira aberração não reside no aspecto físico, mas na falta de humanidade, na intolerância e ódio aos diferentes, na vontade de humilhar e excluir aqueles que não atendam a padrões de "normalidade". Nesse sentido, o filme quase funciona como uma versão musical de Freaks (1932), do Tod Browning, ou de American Horror Story Freak Show.

Os números musicais são exuberantes, cheios de cor e energia, realmente criando a impressão de um grande e vistoso espetáculo. Os segmentos se valem dos talentos de canto e dança de atores e atrizes já acostumados a musicais como Hugh Jackman, que além de atuar em musicais da Broadway também fez a versão para cinemas de Os Miseráveis (2012), Zac Efron e Zendaya. Jackman enche Barnum de carisma e malandragem, convencendo de que ele seria capaz de atrair tanta gente para seus shows apenas por sua presença e talento no palco e é graças ao magnetismo pessoal do ator que permanecemos investidos na história de Barnum mesmo quando tudo é previsível demais.

Além de previsível, o roteiro também tem sua parcela de problemas. O texto nunca consegue criar um sentimento crível de que há risco para os personagens, com os problemas sendo resolvidos mal eles aparecem. Eu sei que num musical não há nada que não possa ser resolvido por uma bela canção, mas ao menos deveríamos sentir que há peso ou consequência para suas ações. O pior é o desfecho e o modo rápido e fácil demais com o qual a esposa (Michelle Williams) perdoa Barnum pelos problemas que causou e o modo como a tratou.

Mesmo com uma narrativa cheia de lugares comuns, O Rei do Show vale pelo espetáculo de seus números musicais e pelo carisma de Hugh Jackman.


Nota: 6/10 

Trailer

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