quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Crítica - Your Name

Análise Your Name


Review Your Name
O anime Your Name teve uma passagem relâmpago pelos cinemas brasileiros. Uma pena, já que apesar de alguns problemas no terço final da trama ele merecia ser mais visto pela sua trama de viagens no tempo e amor juvenil. Agora que o filme já está disponível em serviços de streaming talvez o público finalmente possa dar uma chance a ele.

A narrativa mostra dois jovens que se conectam de uma maneira insólita. Taki é um adolescente que mora em Tóquio e trabalha como garçom em um restaurante, Mitsuha é uma garota que mora em uma pequena vila do interior do Japão e ajuda sua avó a fazer tecelagem. O que une essas duas pessoas em lugares e tempos diferentes é o fato de que ocasionalmente eles acordam nos corpos um do outro e precisam encontrar uma maneira de fazer suas vidas funcionarem a despeito dessa ocorrência bizarra. Assim, eles começam a deixar anotações um para o outro em seus celulares, cadernos e nos seus corpos, para que o outro saiba o que precisam fazer. Os dois também tentam descobrir qual a razão disso acontecer com eles. É basicamente uma mistura de Sexta-Feira Muito Louca (2003) com A Casa do Lago (2006).

A animação acerta no clima de aventura juvenil e senso de humor no modo como os dois protagonistas reagem à situação e se deslumbram ao conhecer coisas e lugares que nunca imaginariam. Ao acordar no corpo de Mitsuha, Taki toca os seios em choque por sua transformação e é sempre surpreendido por uma reação engraçada da irmã caçula de Mitsuha ao vê-lo (ou vê-la) explorando o próprio corpo. Mitsuha, por sua vez, se vê deslumbrada com a imensidão modernosa e cosmopolita de Tóquio, se interessando principalmente pela gastronomia.

O filme capta muito bem esse senso de juventude, esse ímpeto de querer ampliar seus horizontes, de desbravar o mundo e a sensação ingênua e esperançosa de que é possível ser tudo o que quiser e alcançar nossos sonhos. Seus dois protagonistas são encantadores em sua jornada de aprendizado e descobertas, inclusive afetivas, sendo convincentes em evocar sua paixão adolescente. É por causa desse afeto e calor humano dos personagens que mantemos interesse na trama mesmo quando o terço final da narrativa praticamente se transforma em outro filme.

O que era uma aventura juvenil cheia de humor e sentimento se torna uma espécie de filme-catástrofe com viagens no tempo e tudo que o filme tinha de melhor é deixado de lado em prol de uma corrida contra o tempo para impedir uma catástrofe. Não é ruim por si, mas é radicalmente do que a animação vinha fazendo, quase parecendo pertencer a um filme diferente. Acaba também querendo complicar demais a questão do deslocamento temporal e mesmo quando já entendemos a complexidade da narrativa o filme fica andando em círculos, repetindo conceitos e ideias que já ficaram claras há um bom tempo. Além disso acaba abandonando muitas subtramas que vinha desenvolvendo até então como a complicada relação de Mitsuha com o pai.

Visualmente impressionante, a animação transmite a beleza e o fascínio das paisagens do interior do Japão e suas grandes cidades. A construção visual desses ambientes é cheia de admiração e afeto, como se o filme quisesse celebrar esses dois Japões (Japãos? Japães?) que coexistem dentro do país, o Japão urbano, moderno cheio de avanços e possibilidades, e o Japão do interior, enraizado em suas tradições culturais, artesanato e filosofia. As cenas envolvendo a passagem de um cometa ou o momento que mostra uma lisérgica viagem no tempo empolgam simplesmente pela sua estética bem construída.

Mesmo não lidando bem com uma eventual variação de tom, Your Name é uma aventura cheia de otimismo juvenil, protagonistas charmosos e um senso de admiração pela riqueza cultural japonesa.


Nota: 7/10

Trailer

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