Dirigido pelo cineasta italiano
Luca Guadagnino, Me Chame Pelo Seu Nome
é um exame sobre o período formativo de um jovem rapaz conforme ele descobre
sua sexualidade e seu primeiro amor. O jovem em questão é Elio (Timothée
Chalamet), que vai passar o verão na exuberante propriedade dos pais no norte
da Itália. O pai de Elio, o Sr. Perlman (Michael Stuhlbarg), é um renomado
acadêmico que costuma alugar um quarto em sua propriedade para algum colega de
universidade. O escolhido da vez é Oliver (Armie Hammer), um jovem e promissor
acadêmico.
Oliver chama a atenção de Elio
desde sua chegada à propriedade, mas o próprio Elio não sabe exatamente o
porquê de estar tão fascinado por Oliver ou qual a natureza do sentimento que
começa a nutrir por ele. O filme acerta ao contar a história sob o ponto de
vista de Elio, mostrando como boa parte da iniciativa para se aproximar de
Oliver e concretizar o que sentem parte dele. O romance entre os dois é
construído com muita sensibilidade e cuidado, deixando claro que há um
sentimento forte conectando os dois e não é algo motivado meramente por sexo,
sendo possível entender o que os atrai um no outro.
Timothée Chalamet faz de Elio um
garoto guarda em si uma boa dose de insegurança e senso de não pertencimento
apesar de aparentar transitar com certo conforto pelos eventos sociais
promovidos por sua família e até na interação com as garotas do local. Já Armie
Hammer faz de Oliver alguém mais consciente de quem é e do que sente, mas não
menos inseguro de vivenciar os próprios sentimentos. Pelo modo como ele evita
demonstrações públicas de afeto com Elio é possível depreender que o personagem
provavelmente já passou por situações de preconceito enquanto que Elio parece
não ter noção do estigma social ao qual estão submetidos.
A falta de reservas de Elio em
querer ficar com Oliver uma vez que ambos admitem o que sentem um pelo outro
também pode ser percebida como um resultado da criação mais liberal que teve.
Enquanto Oliver diz que sua própria família não o aceitaria se soubessem a
verdade a seu respeito, a família de Elio não demonstra tratar a situação como
um tabu. Isso fica evidente no poderoso diálogo que Elio tem com o pai no fim
do filme, no qual Michael Stuhlbarg enche de sentimento e ternura a fala do pai
para que o filho seja sincero consigo mesmo e com os próprios sentimentos caso
contrário nunca terá uma vida completa.
De maneira sutil o filme suscita
reflexões sobre o tabu da apreciação da forma masculina na cena em que Oliver e
o Sr. Perlman conversam sobre esculturas gregas antigas e o modo sensual com o
qual escultores homens retratavam outros homens. A cena serve como um lembrete
de que o homoerotismo (e consequentemente relações homossexuais) sempre
existiram e nem sempre foram tratadas como tabu. A narrativa também encanta
pelo modo como filma as paisagens do interior da Itália na década de oitenta,
prezando por ambientes belissimamente iluminados e uma paleta de cores cheias
de tons pastéis, sendo simultaneamente uma recriação fiel da época e um olhar
idílico sobre ela.
Me Chame Pelo Seu Nome é um retrato competente sobre o despertar
afetivo de um jovem que arrebata pela sua sensibilidade e construção visual.
Nota: 9/10
Trailer
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