Em Dunkirk (2017), o diretor Christopher Nolan mostrou como se deu a evacuação das tropas britânicas da costa da França durante a chamada "Operação Dínamo". Agora, neste O Destino de uma Nação, o diretor Joe Wright conta como foram tomadas as decisões políticas que levaram à evacuação e colocaram os britânicos como a principal nação europeia a se colocar contra o avanço nazista.
O filme é centrado na figura de
Winston Churchill (Gary Oldman) e sua chegada ao cargo de primeiro-ministro da
Grã-Bretanha, enfrentando resistência de diversas alas do parlamento que
queriam uma tentativa de acordo de paz com os nazistas e também do próprio rei
George VI (Ben Mendelsohn).
Com um excelente trabalho de
maquiagem, o ator Gary Oldman desaparece no personagem de Winston Churchill,
construindo com naturalidade seus maneirismos e sendo preciso no modo
pragmático e senso de humor seco que tornaram o político famoso. Apesar de uma
clara admiração pela figura de Churchill e senso ufanista, o filme não deixa de
apresentar as falhas e problemas do personagem, evidenciando seu lado impulsivo
e sua predileção por táticas arriscadas que poderiam colocar tudo a perder caso
fracassassem. Ele também se mostra um sujeito tomado por dúvidas, consciente
dos altos riscos que toma e do que seu fracasso pode impactar o país e o mundo.
Boa parte do filme se passa em bunkers apertados e salas de reuniões
cheias, todos os espaços constantemente sob meia luz e a constante fumaça dos
charutos fumados pelo protagonista. Esses espaços diminutos e com baixa
iluminação ajudam a construir a impressão de Churchill e do governo britânico
como indivíduos acuados, presos nas sombras na tentativa de impedir o
incessante avanço das forças nazistas. O diretor Joe Wright constrói cada plano
com uma precisão obsessiva no qual cada enquadramento, cada movimento de câmera
ou posicionamento dos atores (Churchill está quase o tempo todo no centro do
quadro quando está em cena, por sinal) parece muito bem pensado e deliberado. Um
exemplo é a cena em que ele telefona para Franklin Roosevelt e conforme o
presidente dos Estados Unidos lhe diz não poder ajudar a câmera vai se
afastando e as paredes (literal e metaforicamente) parecem se fechar sobre
Churchill, denotando o quanto ele está sozinho e suas opções minguando.
Apesar de se passar em salas de
reunião durante boa parte do tempo, o filme não deixa de confrontar seu
protagonista e também o público com as consequências brutais de suas ações.
Quando Churchill avisa que não poderá dar auxílio a uma guarnição britânica em
solo francês, o filme imediatamente nos mostra as centenas de soldados feridos
em seus últimos momentos antes de serem bombardeados pelos alemães, morrendo
com a certeza de que foram deixados para trás. O protagonista ainda é
confrontado mais diretamente por suas falhas quando sua secretária (Lily James)
conta sobre a morte do irmão durante as tentativas de evacuar as praias de
Dunquerque e também o coloca para lidar diretamente com a população em uma cena
na qual Churchill decide pegar o metrô.
Não sei se os eventos do metrô
realmente aconteceram, mas não importa, o que importa é como a cena usa esse
momento de diálogo para evidenciar a capacidade que Churchill tinha para
compreender os ânimos da população britânica de um modo que nenhum de seus
colegas conseguia.
O Destino de Uma Nação se mostra, portanto, um envolvente retrato
sobre Winston Churchill, carregado pela entrega de Gary Oldman ao personagem e
direção precisa de Joe Wright.
Nota: 8/10
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