segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Crítica - O Destino de uma Nação

Análise O Destino de uma Nação


Review O Destino de uma Nação
Em Dunkirk (2017), o diretor Christopher Nolan mostrou como se deu a evacuação das tropas britânicas da costa da França durante a chamada "Operação Dínamo". Agora, neste O Destino de uma Nação, o diretor Joe Wright conta como foram tomadas as decisões políticas que levaram à evacuação e colocaram os britânicos como a principal nação europeia a se colocar contra o avanço nazista.

O filme é centrado na figura de Winston Churchill (Gary Oldman) e sua chegada ao cargo de primeiro-ministro da Grã-Bretanha, enfrentando resistência de diversas alas do parlamento que queriam uma tentativa de acordo de paz com os nazistas e também do próprio rei George VI (Ben Mendelsohn).

Com um excelente trabalho de maquiagem, o ator Gary Oldman desaparece no personagem de Winston Churchill, construindo com naturalidade seus maneirismos e sendo preciso no modo pragmático e senso de humor seco que tornaram o político famoso. Apesar de uma clara admiração pela figura de Churchill e senso ufanista, o filme não deixa de apresentar as falhas e problemas do personagem, evidenciando seu lado impulsivo e sua predileção por táticas arriscadas que poderiam colocar tudo a perder caso fracassassem. Ele também se mostra um sujeito tomado por dúvidas, consciente dos altos riscos que toma e do que seu fracasso pode impactar o país e o mundo.


Boa parte do filme se passa em bunkers apertados e salas de reuniões cheias, todos os espaços constantemente sob meia luz e a constante fumaça dos charutos fumados pelo protagonista. Esses espaços diminutos e com baixa iluminação ajudam a construir a impressão de Churchill e do governo britânico como indivíduos acuados, presos nas sombras na tentativa de impedir o incessante avanço das forças nazistas. O diretor Joe Wright constrói cada plano com uma precisão obsessiva no qual cada enquadramento, cada movimento de câmera ou posicionamento dos atores (Churchill está quase o tempo todo no centro do quadro quando está em cena, por sinal) parece muito bem pensado e deliberado. Um exemplo é a cena em que ele telefona para Franklin Roosevelt e conforme o presidente dos Estados Unidos lhe diz não poder ajudar a câmera vai se afastando e as paredes (literal e metaforicamente) parecem se fechar sobre Churchill, denotando o quanto ele está sozinho e suas opções minguando.

Apesar de se passar em salas de reunião durante boa parte do tempo, o filme não deixa de confrontar seu protagonista e também o público com as consequências brutais de suas ações. Quando Churchill avisa que não poderá dar auxílio a uma guarnição britânica em solo francês, o filme imediatamente nos mostra as centenas de soldados feridos em seus últimos momentos antes de serem bombardeados pelos alemães, morrendo com a certeza de que foram deixados para trás. O protagonista ainda é confrontado mais diretamente por suas falhas quando sua secretária (Lily James) conta sobre a morte do irmão durante as tentativas de evacuar as praias de Dunquerque e também o coloca para lidar diretamente com a população em uma cena na qual Churchill decide pegar o metrô.

Não sei se os eventos do metrô realmente aconteceram, mas não importa, o que importa é como a cena usa esse momento de diálogo para evidenciar a capacidade que Churchill tinha para compreender os ânimos da população britânica de um modo que nenhum de seus colegas conseguia.

O Destino de Uma Nação se mostra, portanto, um envolvente retrato sobre Winston Churchill, carregado pela entrega de Gary Oldman ao personagem e direção precisa de Joe Wright.


Nota: 8/10

Trailer

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