É difícil assistir a este O Rei da Polca e não lembrar de Bernie: Quase um Anjo (2011) dirigido
por Richard Linklater. Ambos são filmes baseados em histórias reais e
estrelados por Jack Black interpretando um sujeito aparentemente boa praça e
inofensivo que acaba cometendo um crime para viver do modo extravagante como
deseja. A diferença é que Bernie era
mais competente tanto em extrair o humor sombrio da situação quanto em tentar
compreender quem era aquele sujeito e porque ele fez o que fez.
Este filme é baseado na história
real do cantor e imigrante polonês Jan Lewan (Jack Black), que já tinha sido
retratada no documentário The Man Who
Would Be The Polka King (2009). Lewan tinha uma banda de polca e também uma
loja de souvenires poloneses em sua cidade natal. Ele desejava se tornar uma
grande estrela, mas para conseguir seu sonho precisava de dinheiro. O meio que
encontrou para conseguir dinheiro foi vender notas promissórias falsas para
seus fãs (a maioria idosos) como se eles estivessem investindo em sua banda.
Com isso Lewan criou um enorme esquema pirâmide que se estendeu por vários
anos.
As situações bizarras que aconteceram
ao longo da trajetória de Lewan, como sua tentativa de subornar um padre para
conseguir um encontro com o Papa, certamente justificam a abordagem cômica do
filme. O problema é que a narrativa se move por essas situações de maneira
muito rápida ao longo de seus 94 minutos e não dá tempo para que elas sejam
plenamente exploradas em seu potencial cômico. Mal dá tempo para sentirmos a
graça, esquisitice ou as repercussões hilárias dos eventos e o filme já pula
para a próxima cena, como se tivesse pressa de chegar ao final.
Jack Black consegue arrancar
algumas risadas com o sotaque exagerado e personalidade alegre, ainda que sem
noção, de Jan Lewan, mas o problema é que o roteiro não lhe dá muito o que
trabalhar em termos de desenvolvimento de personagem e seu protagonista acaba
se tornando uma caricatura de uma piada só que eventualmente se torna
cansativo.
Sem uma tentativa de compreender o que move Jan em seu desejo de ser famoso, ele parece apenas um
megalomaníaco estúpido e nunca vai além disso. Considerando a já citada rapidez
da trama, somada a esse tratamento raso do protagonista, tudo soa superficial
demais funcionar tanto quanto comédia ou drama. Melhor sorte tem a comediante
Jenny Slate como Marla, a esposa de Jan. No início ela parece mais uma dona de
casa fútil (e não deixa de ser), mas conforme a trama avança acaba revelando
que seu desejo de aparecer na mídia se dá também por não querer ser conhecida
apenas por ser esposa de alguém. É um arco que poderia render algo interessante,
mas, como o restante do filme, acaba sendo abordado de forma rasa ainda que
Marla pareça uma personagem com mais camadas que Jan.
Apesar do carisma e esforço de
Jack Black e da insólita história real que conta, O Rei da Polca é insípido demais para funcionar como biografia,
comédia ou uma ácida crítica ao lado sombrio do "sonho americano".
Filmes como Bernie: Quase um Anjo
(2011) ou Sem Dor, Sem Ganho (2013)
são uma melhor pedida para quem busca esse tipo de história.
Nota: 5/10
Trailer
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