domingo, 7 de janeiro de 2018

Crítica - Viva: A Vida é uma Festa



Quando vi as primeiras imagens deste Viva: A Vida é uma Festa, temi que ele acabasse sendo uma repetição do longa animado Festa no Céu (2014) pelo fato de ambos explorarem a cultura mexicana e o modo vívido e colorido com o qual o mundo dos mortos é concebido. Apesar de inevitáveis similaridades estéticas, esta nova animação da Pixar consegue se sustentar muito bem com as próprias pernas e entrega um resultado emocionante.

A narrativa é focada em Miguel (Anthony Gonzalez), um garoto que sonha em ser músico à despeito de sua família detestar música e desejarem que ele seja um sapateiro como o resto de seus parentes. O garoto, no entanto, parece determinado a se tornar um músico e decide se inscrever em um show de talentos durante o feriado do Dia dos Mortos. Sem um violão, ele acaba roubando um da tumba do famoso músico Ernesto de la Cruz (Benjamin Bratt), mas o ato o faz ser transportado para o mundo dos mortos. Para voltar ao mundo dos vivos ele precisará encontrar seus parentes falecidos que ali habitam e se reconectar com eles.

É uma típica história sobre a importância da família, mas apesar dos temas já conhecidos a trama consegue entregar algumas reviravoltas que pegam de surpresa e também há uma emoção genuína conforme Miguel se aproxima dos parentes. Há também uma boa dose de criatividade no modo como eles organizam o mundo dos mortos, com aqueles que não são mais lembrados pelos vivos morando em uma espécie de gueto enquanto os mais lembrados, incluindo celebridades como a pintora Frida Kahlo (Natalia Cordova-Buckley, a Ioiô de Agents of SHIELD) vivem em lugares com mais conforto.

No mundo dos mortos Miguel recebe a ajuda de Hector (Gael Garcia Bernal), um morto que deseja continuar sendo lembrado pelos vivos. Se no início Hector parece ser apenas o típico coadjuvante engraçadinho, conforme a trama avança o personagem vai sendo melhor desenvolvido e ele forma um vínculo bem sincero e emocionante com Miguel. No fim Hector acaba sendo um dos personagens mais complexos do filme, com um misto de charme e insegurança que aos poucos nos permite ver uma grande tristeza e arrependimento sob sua fachada alegre.

Embora seja criativo no modo como concebe a organização e funcionamento do mundo dos mortos, a concepção visual do lugar acaba soando muito similar com o que já foi visto em Festa no Céu (2014), mas ainda assim consegue exibir alguns elementos que se destacam como o colorido psicodélico dos alebrijes. Independente de soar um pouco derivativo, o visual é colorido e vibrante o suficiente para encantar e deslumbrar. Igualmente vibrante é a presença de ritmos musicais tipicamente mexicanos que contribuem para que realmente sintamos a força da tradição e identidade cultural que a animação deseja transmitir.

Assim sendo, Viva: A Vida é uma Festa consegue divertir e emocionar em iguais medidas, entregando uma aventura colorida e cheia de personalidade.


Nota: 8/10

Trailer

Nenhum comentário: