Quando vi as primeiras imagens
deste Viva: A Vida é uma Festa, temi
que ele acabasse sendo uma repetição do longa animado Festa no Céu (2014) pelo fato de ambos explorarem a cultura
mexicana e o modo vívido e colorido com o qual o mundo dos mortos é concebido.
Apesar de inevitáveis similaridades estéticas, esta nova animação da Pixar
consegue se sustentar muito bem com as próprias pernas e entrega um resultado
emocionante.
A narrativa é focada em Miguel
(Anthony Gonzalez), um garoto que sonha em ser músico à despeito de sua família
detestar música e desejarem que ele seja um sapateiro como o resto de seus
parentes. O garoto, no entanto, parece determinado a se tornar um músico e
decide se inscrever em um show de talentos durante o feriado do Dia dos Mortos.
Sem um violão, ele acaba roubando um da tumba do famoso músico Ernesto de la
Cruz (Benjamin Bratt), mas o ato o faz ser transportado para o mundo dos
mortos. Para voltar ao mundo dos vivos ele precisará encontrar seus parentes
falecidos que ali habitam e se reconectar com eles.
É uma típica história sobre a
importância da família, mas apesar dos temas já conhecidos a trama consegue
entregar algumas reviravoltas que pegam de surpresa e também há uma emoção
genuína conforme Miguel se aproxima dos parentes. Há também uma boa dose de
criatividade no modo como eles organizam o mundo dos mortos, com aqueles que
não são mais lembrados pelos vivos morando em uma espécie de gueto enquanto os
mais lembrados, incluindo celebridades como a pintora Frida Kahlo (Natalia
Cordova-Buckley, a Ioiô de Agents of SHIELD) vivem em lugares com mais conforto.
No mundo dos mortos Miguel recebe
a ajuda de Hector (Gael Garcia Bernal), um morto que deseja continuar sendo
lembrado pelos vivos. Se no início Hector parece ser apenas o típico
coadjuvante engraçadinho, conforme a trama avança o personagem vai sendo melhor
desenvolvido e ele forma um vínculo bem sincero e emocionante com Miguel. No
fim Hector acaba sendo um dos personagens mais complexos do filme, com um misto
de charme e insegurança que aos poucos nos permite ver uma grande tristeza e
arrependimento sob sua fachada alegre.
Embora seja criativo no modo como
concebe a organização e funcionamento do mundo dos mortos, a concepção visual
do lugar acaba soando muito similar com o que já foi visto em Festa no Céu (2014), mas ainda assim
consegue exibir alguns elementos que se destacam como o colorido psicodélico
dos alebrijes. Independente de soar um pouco derivativo, o visual é colorido e
vibrante o suficiente para encantar e deslumbrar. Igualmente vibrante é a
presença de ritmos musicais tipicamente mexicanos que contribuem para que
realmente sintamos a força da tradição e identidade cultural que a animação
deseja transmitir.
Assim sendo, Viva: A Vida é uma Festa consegue divertir e emocionar em iguais
medidas, entregando uma aventura colorida e cheia de personalidade.
Nota: 8/10
Trailer
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