quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Crítica - Motorrad


Análise Crítica - Motorrad


Review Motorrad
Os vinte primeiros minutos deste Motorrad me deixaram bastante empolgado pelo que poderia vir a seguir. Com pouquíssimos diálogos, o filme construía uma atmosfera intrigante e desoladora conforme o protagonista Hugo (Guilherme Prates) viaja com sua moto por paisagens desoladas e estradas vazias. Parece um cenário apocalíptico e até então a trama não faz questão de explicar nada, usando essa incerteza e desconhecimento como fonte de tensão. Imaginei que o restante do filme seguiria esse tom, de um terror mais atmosférico e voltado para o medo do que não sabemos, algo similar ao recente Ao Cair da Noite (2017). O que acontece à partir de então, no entanto, cai em uma lamentável coleção de clichês do terror.

Hugo deseja fazer parte do clube de motocross do irmão, Ricardo (Emílio Dantas), e parte com ele e um grupo de amigos para uma cachoeira remota. No caminho, eles encontram um estranho muro de pedra e decidem derrubá-lo para continuar a viagem. Ao chegarem na cachoeira, os protagonistas são confrontados por um misterioso grupo de motoqueiros vestidos de preto que começam a matar os amigos  de Hugo e Ricardo um a um.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Crítica - Operação Red Sparrow

Análise Operação Red Sparrow


Review Operação Red Sparrow
Minha primeira reação ao ver o trailer de Operação Red Sparrow foi "nossa, esse é o filme solo da Viúva Negra que a Marvel deveria ter feito". Eu não fui o único a pensar desta forma e conforme a divulgação do filme se ampliava via mais e mais pessoas refletindo sobre como esse longa-metragem colocaria ou não em risco os planos da Marvel em dar um filme próprio para sua heroína espiã. Depois de ver Operação Red Sparrow, no entanto, devo dizer que a Marvel pode respirar aliviada, já que ele é tão ruim que não deve ser nenhum empecilho para que Natasha Romanoff ganhe sua própria aventura. Pelo contrário, ele coloca as expectativas tão baixas que mesmo a Marvel faça um filme ruim com a personagem as pessoas provavelmente irão dizer: "bem, ao menos não é tão ruim quanto Operação Red Sparrow".

A trama é centrada em Dominika (Jennifer Lawrence), uma bailarina que se vê impossibilitada de dançar depois de uma grave fratura na perna. Prestes a perder tudo, ela ganha uma nova oportunidade quando seu tio Ivan (Matthias Schoenaerts, do excelente Ferrugem e Osso), um agente do alto escalão da inteligência russa, lhe oferece a possibilidade de se tornar uma Sparrow, espiãs de elite que usam a sedução como arma de manipulação. A primeira missão de Dominka como Sparrow é encontrar o espião americano dentro do governo russo, para isso ela terá que se aproximar do agente da CIA Nate (Joel Edgerton), que é o único que sabe a identidade do espião.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Lixo Extraordinário - Samurai Cop


Resenha Samurai Cop


Review Samurai CopA primeira cena deste Samurai Cop (1991) já dá o tom da incompetência que perpassa por toda a produção. Um chefão da yakuza, Fujiyama (Cranston Komuro), marcha por entre seus capangas explicando seus planos para dominar a cidade. Conforme caminha, ele se aproxima da câmera e é possível ver claramente a equipe de filmagem refletida nas lentes dos óculos escuros do personagem. Um dos capangas fala e um corte rápido mostra o rosto do subalterno falando. Quando a câmera retorna a Fujiyama seus óculos escuros desapareceram por completo.

Provavelmente a equipe se deu conta do reflexo e mandou que o ator retirasse os óculos. "Mas porque então não refilmaram a cena anterior para não terem problemas de continuidade com óculos do sujeito desaparecendo do nada?", vocês me perguntam. Bem, existem duas respostas possíveis. A primeira é que ninguém da produção dava a mínima. A segunda é que película (naquela época não existiam câmeras digitais) era algo caro e uma produção de baixíssimo orçamento como essa provavelmente não poderia se dar ao luxo de gastar película preciosa em uma cena já pronta só por "problemas mínimos" de continuidade. De todo modo, mesmo antes que o filme chegue à marca dos cinco minutos fica evidente que estamos diante de algo mambembe, tosco e paupérrimo.

sábado, 24 de fevereiro de 2018

Drops - Mudo e Breaking Through: No Ritmo do Coração


Drops - Mudo e Breaking Through: No Ritmo do Coração

Nossa sessão de análises mais breves irá tratar hoje de dois filmes que chegaram ao Brasil pela Netflix. Mudo é uma produção original do serviço de streaming, enquanto que Breaking Through é uma produção de 2015 que foi lançada por aqui direto para vídeo e streaming

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Crítica - Riverdale: Primeira Temporada


Análise Crítica - Riverdale: Primeira Temporada


Review - Riverdale: Primeira Temporada
Os quadrinhos do Archie sempre tiveram uma clima de aventura juvenil ingênua e colorida. A ideia de adaptar esse universo para uma série na qual os personagens estariam envolvidos na investigação de um assassinato e a idílica cidade seria um local cheio de segredos e corrupção, parecia mais uma estratégia comercial de seguir a atual tendência de criar versões "sombrias e sisudas" de qualquer coisa. Felizmente, porém, essa primeira temporada de Riverdale tem algo a dizer sobre esse universo e personagens além de meramente observá-los sob um prisma mais sério e é graças a isso que a série funciona.

A trama começa quando o assassinato do estudante Jason Blossom (Trevor Stines) choca toda a cidade de Riverdale. O jovem Archie (KJ Apa) ouviu um tiro ser disparado próximo ao local em que Jason foi visto pela última vez, mas teme ir à polícia porque ele estava acompanhado de sua professora, Geraldine Grundy (Sarah Habel), com quem tem um romance secreto. Simultaneamente, a vizinha de Archie, Betty Cooper (Lili Reinhart), e o melhor amigo dele, Jughead (Cole Sprouse), decidem investigar o crime para o jornal da escola. Ao curso da investigação o grupo descobrirá que muitos habitantes da aparentemente pacata Riverdale escondem terríveis segredos.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Crítica - A Grande Jogada


Análise - A Grande Jogada


Review A Grande Jogada
O roteirista Aaron Sorkin construiu uma reputação para si com seus textos que privilegiam os diálogos rápidos e constroem intensos embates verbais entre seus personagens tal como em A Rede Social (2010) e Steve Jobs (2015). Seu estilo de escrita é tão singular que muitas vezes se impõem sobre o estilo dos cineastas que dirigem os filmes feitos a partir dos seus roteiros (como o caso de Steve Jobs), então quando ele anunciou que faria sua estreia como diretor neste A Grande Jogada, havia grande expectativa para conferir o que alguém com uma visão tão particular seria capaz de fazer no comando de uma produção.

A trama é baseada na história real de Molly Bloom (Jessica Chastain), uma ex-esquiadora e estudante de direito que passa a trabalhar organizando partidas de pôquer para celebridades e empresários ricos. Com o tempo, Molly acaba se envolvendo com drogas e chama a atenção de membros da máfia, complicando as coisas para o seu trabalho.

A narrativa alterna constantemente entre o passado e o presente, com a narração rápida de Molly unindo os dois tempos. A velocidade das falas e das mudanças de temporalidade poderiam se tornar algo confuso, mas Sorkin conduz tudo com bastante fluidez, conseguindo tornar compreensível o rápido processo mental de Molly, bem como os termos e situações específicas do pôquer competitivo de modo natural e sem soar forçadamente expositivo.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Crítica - Trama Fantasma

Análise Trama Fantasma



Review Trama Fantasma
Uma paixão é algo que mexe conosco, torna difícil simplesmente fazermos as mesmas coisas de sempre, muda o modo como encaramos a vida. Um relacionamento exige comprometimento, exige que as duas partes saiam de sua zona de conforto, que cedam espaço para a outra poder entrar em suas vidas. De certa maneira é isso que está no cerne deste Trama Fantasma, novo filme do diretor Paul Thomas Anderson, mas este não é um filme exatamente romântico. Ele leva essas premissas ao extremo, praticamente enveredando para o terreno do suspense quando as disputas entre o casal protagonista se tornam cada vez mais doentias.

A narrativa se passa na Inglaterra da década de 50. Reynolds Woodcock (Daniel Day-Lewis) é um célebre estilista que costura vestidos para boa parte da alta sociedade e realeza europeia. Ele vive sob uma estrita rotina, concentrando toda a sua energia no desenho e na costura, enquanto sua irmã, Cyrill (Lesley Manville), cuida com rigidez para que ninguém interfira no trabalho de Woodcock. A rotina aparentemente perfeita dos dois irmãos é ameaçada quando ele conhece a jovem Alma (Vicky Krieps), se encantando por ela e transformando-a em sua musa. Alma passa a morar com os dois irmãos e conforme ela tenta conquistar Woodcock, as tensões entre ela, Cyrill e o próprio estilista vão aumentando.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Crítica - Pequena Grande Vida


Análise Pequena Grande Vida


Review Pequena Grande Vida
Pequena Grande Vida parece ter muito a dizer sobre os problemas de nossa sociedade e do mundo, mas conforme o diretor Alexander Payne aumenta os problemas de seu diminuto protagonista, o longa-metragem paradoxalmente parece ter cada vez menos a dizer. No universo do filme existe uma tecnologia de encolhimento e muitas pessoas se submetem ao processo porque isso reduz o impacto do consumo humano no meio ambiente e também porque faz seu dinheiro "valer mais", afinal uma pessoa de dez centímetros come menos, gasta menos energia e produz menos lixo.

O protagonista, Paul Safranek (Matt Damon), é uma dessas pessoas que quer se encolher para poder viver uma vida de luxo sem se preocupar com trabalhar. O problema é que sua esposa desiste do procedimento no último momento e pede o divórcio, deixando Paul sem nada. Agora ele precisa trabalhar em um péssimo emprego de telemarketing em sua comunidade diminuta para poder se sustentar, basicamente retornando ao mesmo estilo de vida que queria fugir.

domingo, 18 de fevereiro de 2018

Crítica - Star Trek Discovery: 1ª Temporada


Análise Star Trek Discovery: 1ª Temporada


Review Star Trek Discovery: 1ª TemporadaApesar de ter assistido todos os filmes de Star Trek (desde os com a tripulação clássica, passando pelos da Nova Geração e o recente reboot), nunca assisti nenhuma das séries da famosa franquia. No entanto, fiquei bastante curioso com essa primeira temporada de Star Trek Discovery, já que ela se passaria cerca de dez anos antes da série clássica e abordaria a guerra entre a Federação contra os klingons.

A trama acompanha a tripulação da USS Discovery, uma das naves mais bem equipadas para lidar com a ameaça dos klingons. No centro de tudo está a especialista Michael Burnham (Sonequa Martin-Green), a primeira oficial da Frota Estelar a ser condenada por crimes de motim. Burnham é requisitada para a Discovery pelo capitão Gabriel Lorca (Jason Isaacs), um oficial cuja mente militarista destoa da racionalidade conciliatória da Federação, mas o torna um líder ideal para um período de guerra.

O cenário de guerra parece indicar algo focado em ação, mas a série se mantém fiel ao espírito dos trabalhos originais de Gene Roddenberry celebrando a pluralidade, a tolerância, o espírito de cooperação e o uso da inteligência (e não da força) para resolver problemas. A guerra é usada como metáfora para o isolacionismo, intolerância e racismo. Os klingons visam destruir a Federação por verem a integração entre diferentes espécies como uma ameaça à "pureza" de sua raça e de seus costumes, crendo que se manter isolado do resto da galáxia e impor seus valores à força é a melhor de avançar a sua sociedade.

Crítica - Cinquenta Tons de Liberdade

Análise Cinquenta Tons de Liberdade


Review Cinquenta Tons de Liberdade
Nenhum filme me fez rir mais em 2017 do que Cinquenta Tons Mais Escuros. Não que ele fosse exatamente bom, mas era tão tosco, exagerado e sem sentido que se tornava hilário. Diante disso, me aproximei deste Cinquenta Tons de Liberdade esperando que ele ao menos conseguisse alcançar o mesmo patamar de humor involuntário que faria a experiência ser minimamente divertida, mas nem isso ele consegue.

A trama já começa com o casamento de Anastasia (Dakota Johnson) e Christian Grey (Jamie Dornan) e os segue em sua lua de mel até que a vida de luxo do casal é interrompida pelo retorno de Hyde (Eric Johnson), que quer se vingar dos dois, e, bem, não há muito mais conteúdo para preencher 100 minutos sem parecer vazio e arrastado. Em algum momento Anastasia também descobre que está grávida, mas o conflito vindo disso é facilmente resolvido.

A primeira coisa que incomoda é o fato de Hyde, um sujeito que até ontem era apenas um editor de livros, se torna um supercriminoso capaz de sequestro, sabotagem corporativa, hackear dispositivos de segurança e entrar em qualquer lugar sem ser detectado. Imaginei que em algum momento o filme explicaria que o personagem teve um passado criminoso e que seu emprego de editor se deu pelo uso de uma identidade falsa, mas não, ele era só um editor de livros formado em uma boa universidade sem nenhum histórico de experiência como criminoso, ainda que sempre tenha sido mau caráter.

sábado, 17 de fevereiro de 2018

Crítica - Pantera Negra


Análise Pantera Negra


Review Pantera Negra
Ultimamente eu vinha sentindo que a Marvel vinha se acomodando em repetir sua fórmula de humor e aventura sem muito esforço, resultando em filmes que, embora não fossem necessariamente ruins, também não eram exatamente memoráveis, arriscavam pouco e não faziam jus ao potencial de seus personagens ou suas histórias. Este Pantera Negra não sofre desses problemas, não se contenta em apenas reproduzir o "padrão Marvel" e o resultado é o melhor filme solo de um personagem do estúdio desde Capitão América: O Soldado Invernal (2014).
                              
A trama começa depois dos eventos de Capitão América: Guerra Civil (2016), com T'Challa (Chadwick Boseman) tendo que assumir o trono da tecnológica nação de Wakanda depois da morte de seu pai. Em seu novo papel de rei, T'Challa precisa decidir que rumo dar ao seu país, se usará seus vastos recursos para ajudar o mundo, ou se continuará como um país isolado para se proteger. Além do peso de decisões morais a serem tomadas, T'Challa também enfrenta o retorno de erros do passado, em especial a ameaça dos vilões Ulysses Klaue (Andy Serkis) e Erik Killmonger (Michael B. Jordan).

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Crítica - Três Anúncios Para um Crime


Análise - Três Anúncios Para um Crime


Review Três Anúncios Para um Crime
Em seus filmes, o diretor britânico Martin McDonagh costuma usar humor e niilismo para criticar a obsessão do cinema hollywoodiano (e da sociedade dos EUA) com violência, armas de fogo e noção de que é possível resolver tudo à força. Nas suas narrativas a violência não costuma ser a solução e cria mais problemas para quem a utiliza como ferramenta. Na Mira do Chefe (2008) abordava essas ideias a partir de uma trama sobre matadores de aluguel, enquanto que Sete Psicopatas e um Shih Tzu (2012) tratava isso ao falar da adoração de Hollywood por gângsteres e psicopatas. Agora, neste Três Anúncios Para um Crime, o cineasta se debruça sobre a figura do "justiceiro" urbano, que recorre à violência para combater injustiças e impunidade.

A narrativa começa quando Mildred (Frances McDormand) coloca três outdoors na estrada que leva à sua cidade. Os anúncios cobram da polícia local uma solução para o estupro seguido de assassinato da filha de Mildred, ocorrido meses atrás e que segue em aberto. Essa ação agressiva por parte de Mildred desperta reações extremas em sua cidade. O chefe de polícia Willoughby (Woody Harrelson), que está com câncer terminal, tenta resolver a questão pacificamente, explicando a Mildred as dificuldades do caso. Outros policiais, por outro lado, não estão dispostos a deixar incólume o que eles pensam ser uma afronta ao departamento, em especial o truculento policial Dixon (Sam Rockwell). Isso começa uma guerra de atrito entre Mildred e Dixon, conforme cada um deles age de modo ainda mais agressivo para tentar fazer valer seu ponto de vista.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Crítica - Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississipi

Resenha Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississipi


Análise Mudbound: Lágrimas Sobre o MississipiSe nós somos, de alguma maneira, o produto do ambiente em que vivemos, que tipo de pessoa seriam aqueles que viviam no enlameado delta do Rio Mississipi nos Estados Unidos dos anos 40? Como a vida em um ambiente tão hostil e tão difícil de cultivar agiria sob a psique daquelas pessoas ou ressaltaria tensões sociais e raciais? Este Mudbound: Lágrimas Sobre Mississipi tenta responder justamente essas perguntas.

A trama começa quando Henry (Jason Clarke) compra uma fazenda no Mississipi. Chegando lá, ele e sua família descobrem que a casa em que deveriam morar tinha sido vendida a outra pessoa e acabam indo morar em uma casa improvisada na própria fazenda, muito a contragosto de sua esposa, Laura (Carey Mulligan). Henry contrata Hap (Rob Morgan) para trabalhar em sua fazenda. Tanto Hap quanto Henry tem familiares que estão combatendo na Segunda Guerra Mundial: Jamie (Garrett Hedlund), irmão de Henry, e Ronsel (Jason Mitchell), filho de Hap. O retorno dos dois traz ainda mais tensão às relações entre brancos e negros na cidade.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Crítica - Eu, Tonya


Análise Eu, Tonya


Review Eu, Tonya
Eu lembro quando o caso de Tonya Harding estourou nos anos 90. A ideia de que uma atleta ordenaria um ataque a uma rival para tirá-la da competição era o tipo de coisa que víamos em filmes, mas não na vida real, então logicamente tudo se transformou em um espetáculo midiático. Uma história dessas, que parece diretamente saída do cinema, se mostrava rica para uma adaptação em filme e este Eu, Tonya faz valer o potencial dos eventos reais que o inspiraram.

A trama acompanha a patinadora artística Tonya Harding (Margot Robbie) desde sua difícil e pobre infância até o incidente fatídico que acabou com sua carreira no esporte. O filme nos mostra a complicada relação dela com a mãe LaVona (Allison Jenney) e com seu namorado Jeff (Sebastian Stan), bem como as dificuldades enfrentadas por ela para ascender na carreira esportiva.

Apesar de mostrar os problemas vividos por Tonya, o filme não nos pede para vê-la como uma pessoa inocente ou para relevarmos sua conduta. Ele a humaniza, sim, permite que compreendamos como ela se tornou daquela forma e o que a impeliu a agir do modo como agiu, mas ao mesmo tempo não perde de vista a desfaçatez e até falta de escrúpulo de Tonya diante de tudo que acontecia ao seu redor.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Crítica - Lady Bird: É Hora de Voar



Alguns filmes conquistam a gente pela complexidade da sua trama, outros pela sua estética bem e tem aqueles que nos conquistam pela maneira como conseguem nos fazer criar um vínculo emocional com a trama. Esse é justamente de Lady Bird: É Hora de Voar, um filme sobre adolescência e amadurecimento que trata dos mesmos temas que boa parte dos filmes de juventude abordam, mas faz isso de uma maneira tão sincera e encantadora que é difícil não se deixar levar por ele.

A trama se passa em 2002 e é levemente baseada na vida da diretora e roteirista Greta Gerwig. Acompanhamos Christine "Lady Bird" McPherson (Saoirse Ronan) uma garota de dezessete anos com vocação para as artes que está cansada de sua vida banal na cidade de Sacramento, capital do estado da Califórnia.

Saoirse Ronan acerta no equilíbrio entre o senso de humor inquieto e a petulância imatura da garota. Seu trabalho deixa evidente que por mais que seus protestos irônicos tenham sua medida de razão, ela também se mostra alheia às dificuldades reais da vida de sua família, muitas vezes agindo com aquele tipo de egoísmo que é bastante comum em adolescentes.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Crítica - The Cloverfield Paradox

Análise The Cloverfield Paradox



Review The Cloverfield Paradox
O anúncio de que a Netflix lançaria este The Cloverfield Paradox logo depois da partida do Super Bowl (a final do campeonato de futebol americano) pegou todo mundo de surpresa. O filme só estava agendado para sair em alguns meses e seu lançamento súbito parecia uma estratégia ousada. Depois de assistir o longa metragem, no entanto, fica a sensação de que a manobra da Netflix foi apenas para chamar a atenção para um filme que de outro modo seria ignorado, já que o resultado está muito abaixo dos dois anteriores.

A trama visa explicar o aparecimento do mostro do primeiro filme e acompanha uma equipe de cientistas que trabalha em uma estação espacial para desenvolver um novo tipo de acelador de partículas capaz de gerar energia limpa e ilimitada. Quando o acelerador é ligado, a estação e os cientistas são levados a um universo paralelo e as coisas começam a ficar sinistras.

É uma premissa com potencial, mas o que se segue é uma repetição requentada de eventos que já vimos em filmes similares como O Enigma do Horizonte (1997), Sunshine: Alerta Solar (2007), O Enigma de Outro Mundo (1982) ou o recente Vida (2017). Não há qualquer esforço de ir além dos clichês explorados à exaustão e situações manjadas de pane na estação espacial ou o terror do desconhecido.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Crítica - O Que Te Faz Mais Forte

Análise O Que Te Faz Mais Forte



Review O Que Te Faz Mais Forte
A primeira impressão é que este O Que Te Faz Mais Forte consiste de mais uma daquelas histórias de superação feitas para levar lágrimas ao público. Não deixa de corresponder ao que de fato o filme é, mas o desempenho dos atores faz o filme funcionar mesmo quando tudo cai na mesma vala comum de filmes que narram esse tipo de trama.

O longa é baseado nos eventos reais ocorridos com Jeff Bauman (Jake Gyllenhaal), um homem que perdeu as pernas durante o atentado terrorista cometido na maratona de Boston em 2013. A partir daí o público acompanha o processo dele em lidar com seu trauma, reconstruir sua vida e se reaproximar de sua ex-namorada, Erin (Tatiana Maslany).

Tudo se desenvolve seguindo o padrão previsível que já se espera deste tipo de narrativa, com o primeiro ato mostrando a vida normal do protagonista, a segunda mostrando as diversas dificuldades e sofrimentos experimentados pelo personagem até o eventual momento em que ele tem uma epifania que o faz reconstruir a vida. A música, como de costume nesse tipo de filme, é bastante intrusiva e feita sob medida para induzir o espectador ao choro, interferindo no drama das cenas ao invés de ressaltá-los.

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Crítica - O Insulto


Análise  O Insulto


Review  O Insulto
Em um tempo de tensões políticas elevadas fica fácil se entrincheirar em nossas certezas e considerar que aqueles que pensam diferente são monstros que estão completamente errados que precisam ser eliminados. O problema dessa conduta é que isso não resolve nada, apenas escala os conflitos e agrava a situação. A ideia de que essa falta de esforço em tentar alcançar o outro cria boa parte dos problemas de hoje é o centro deste O Insulto.

A narrativa se passa no Líbano começa com um incidente aparentemente banal. O mestre de obras Yasser (Kamel El Basha), que é um imigrante palestino, está fazendo reparos na rua. Quando ele tenta consertar a calha irregular do apartamento de Toni (Adel Karam), Toni quebra o novo cano e derruba água suja sobre Yasser. Irritado com a atitude aparentemente sem sentido Yasser xinga Toni, deixando-o revoltado. Toni decidir ir ao chefe de Yasser para que ele obrigue o palestino a se desculpar. A partir disso as coisas escalam ao ponto de ficar fora de controle, revelando profundas cicatrizes e tensões entre os libaneses cristãos e os palestinos.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Crítica - O Sacrifício do Cervo Sagrado

Análise O Sacrifício do Cervo Sagrado


Review O Sacrifício do Cervo Sagrado
Este O Sacrifíicio do Cervo Sagrado, novo trabalho do cineasta grego Yorgos Lanthimos (responsável pelo excelente O Lagosta), não é um filme fácil de assistir. Ele já deixa claro sua natureza incômoda e perturbadora desde sua primeira cena na qual vemos, com enorme detalhamento gráfico, uma cirurgia cardíaca sendo finalizada conforme o peito aberto do paciente, exibindo um coração pulsante, é fechado e suturado. Isso já é um sinal de que acompanhar o longa não será uma jornada fácil e o que acontece daí em diante realmente cumpre essa promessa.

A trama acompanha Steven (Colin Farrell), um cardiologista de sucesso cujo estilo de vida aparentemente corresponde ao de uma família de comercial de margarina. Apesar de tudo ser perfeito na aparência de sua exuberante casa, a relação entre ele, a esposa, Anna (Nicole Kidman), e os filhos soa estranhamente gélida. Adicionando a sensação de estranheza em relação a Steven está a amizade que o médico tem com o adolescente Martin (Barry Keoghan).

domingo, 4 de fevereiro de 2018

Crítica - Altered Carbon: 1ª Temporada

Review  Altered Carbon: 1ª Temporada


Análise  Altered Carbon: 1ª Temporada
Se observarmos isoladamente os elementos que compõem essa primeira temporada da série Altered Carbon vamos perceber que não tem nada que já não tenha sido abordado pela ficção-científica cyberpunk (como Blade Runner ou Ghost in the Shell) ou pela narrativa policial. Ainda assim, o grande mérito da série é como ela pega esse conjunto de múltiplas referências para criar um universo coeso e singular que não só é maior que a soma de suas partes como também se sustenta por conta própria independente de compreendermos ou não seu diálogo com diferentes cânones da ficção.

A trama se passa em um futuro no qual a mente humana pode ser digitalizada e colocada em pequenos cartuchos que ficam alocados na base da nuca. Com isso é possível se tornar virtualmente imortal, bastando colocar seu cartucho em um novo corpo quando o original morre. A questão é que novos corpos são caros e, portanto, os mais pobres não tem como pagar e seus cartuchos ficam guardados quando seus corpos morrem. Além disso, é possível ter uma "morte real" caso seu cartucho seja destruído, mas os mais ricos conseguem evitar isso através de um caro sistema de backups. Assim, temos uma sociedade na qual os ricos vivem para sempre e ficam cada vez mais ricos enquanto os pobres ficam largados à penúria. No centro disso tudo está Takeshi Kovacs (Joel Kinnaman) o último dos Emissários, uma unidade que enfrentou o atual governo há mais de duzentos anos atrás.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Crítica - Desenrolados: 1ª Temporada

Análise Desenrolados: 1ª Temporada


Review Desenrolados: 1ª TemporadaNo papel essa primeira temporada de Desenrolados soa como uma ótima ideia: uma comédia sobre pessoas que trabalham em uma clínica de maconha medicinal para abordar a questão ainda tabu da legalização do produto. Na execução, no entanto, ela esbarra no mesmo problema de outra série do produtor Chuck Lorre: The Big Bang Theory. Ao invés de rir com os personagens, o texto quer que o público ria deles. Assim, da mesma forma que os nerds se tornam o alvo das piadas, sendo constantemente tratados como indivíduos ridículos e patéticos, Desenrolados se contenta em apenas reproduzir os mesmos clichês rasos sobre maconheiros e tem pouco a dizer sobre todo o debate da legalização, sendo mais conservadora do que a premissa sugere.

A série é centrada em Ruth (Kathy Bates), uma advogada defensora do uso de cannabis que abre uma clínica de maconha medicinal junto com o filho Travis (Aaron Moten). Os episódios acompanham o cotidiano de Ruth, Travis e os demais funcionários da clínica conforme eles tentam educar a população sobre os benefícios da maconha medicinal e ocasionalmente enfrentam resistência de opositores.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Crítica - The Square: A Arte da Discórdia

Análise The Square: A Arte da Discórdia


Review The Square: A Arte da Discórdia
Em Força Maior (2014) o diretor sueco Ruben Östlund abordava com bom humor e tom satírico o quanto é frágil o contrato social de cooperação e civilidade ao abordar uma crise familiar iniciada durante uma avalanche de neve. Neste The Square: A Arte da Discórdia o cineasta visa abordar os mesmos temas, mas ampliando o escopo do núcleo familiar para toda a sociedade, mostrando as pequenas hipocrisias do cotidiano e criando uma bola de neve no qual esses momentos aparentemente inofensivos de egoísmo e falta de empatia vão erodindo o tecido social.

A trama é centrada em Christian (Claes Bang), o diretor de um museu que está prestes a inaugurar uma nova exposição que aborda o tema da tolerância e empatia. Um dia, no caminho para o trabalho, ele é assaltado, tendo o celular e a carteira levados. Ele consegue encontrar a localização do seu telefone usando o GPS do aparelho, rastreando-o até o um grande prédio. Sem saber quem no prédio está com o celular, ele decide escrever uma carta para o ladrão e coloca cópias na caixa de correio de cada apartamento. Logicamente esse pequeno ato de revanchismo vai causar uma série de problemas ao personagem.