sábado, 24 de fevereiro de 2018

Drops - Mudo e Breaking Through: No Ritmo do Coração


Drops - Mudo e Breaking Through: No Ritmo do Coração

Nossa sessão de análises mais breves irá tratar hoje de dois filmes que chegaram ao Brasil pela Netflix. Mudo é uma produção original do serviço de streaming, enquanto que Breaking Through é uma produção de 2015 que foi lançada por aqui direto para vídeo e streaming


Mudo

Análise Mudo


Review Mudo
O diretor Duncan Jones foi responsável por alguns dos melhores filmes de ficção científica dos últimos anos com Lunar (2009) e Contra o Tempo (2011). Seu retorno ao gênero depois do decepcionante Warcraft (2016) vinha cheio de promessa de um retorno à forma, mas não é bem o que acontece. O filme se passa na Berlim do futuro e acompanha um homem mudo chamado Leo (Alexander Skarsgard) que está à procura da namorada desaparecida. Ter um protagonista mudo não significa ter um protagonista inexpressivo, mas a narrativa dá tão pouca informação à respeito de Leo e Skarsgard é tão limitado em suas expressões faciais que é difícil se conectar ou torcer por ele. Como não sabemos nada sobre o personagem também fica difícil sentir ou perceber qualquer desenvolvimento, aprendizado ou transformação por parte dele. Sabemos que ele passa por uma transformação física, mas como em nenhum momento o filme nos deixa perceber quem ele é, não temos como saber de que modo isso impacta Leo, tirando o peso dramático do seu arco narrativo.

Quem rouba a cena são os dois vilões vividos por Paul Rudd e Justin Theroux, sempre provocando um ao outro com tiradas sarcásticas e o texto cria uma dinâmica curiosa entre eles que nunca deixa clara a natureza exata da relação dos dois (eles são amigos de longa data? Ex-amantes?). Embora sejam personagens interessantes, o filme demora a fazer a jornada deles colidir com a de Leo e durante um pedaço considerável da narrativa ficamos nos perguntando a razão do filme dar tanto tempo a eles. Quando as explicações chegam, vem um pouco tarde demais para ter impacto.

O universo futurista é criado com competência, mas não tem nada que já não tenhamos visto em filmes como Blade Runner 2049 (2017) ou O Quinto Elemento (1997). Além disso, Jones nunca usa essa ambientação para falar sobre qualquer questão. Há vislumbres de ideias nos noticiários que falam de guerra e deserção de soldados americanos ou na cena em que vemos um sujeito alheio à realidade que o cerca enquanto joga videogames de realidade virtual, mas nada disso é usado para formar uma mensagem consistente. No fim, apesar da estilização do seu universo e dos vilões insólitos, o filme é mudo de sentido.

Nota: 4/10

Trailer



Breaking Through: No Ritmo do Coração


Análise Breaking Through: No Ritmo do Coração


Review Breaking Through: No Ritmo do Coração
A trama de Breaking Through: No Ritmo do Coração é a típica jornada rumo ao sucesso. Casey (Sophia Aguiar, dançarina profissional que já trabalhou com gente como Britney Spears) é uma jovem que sonha em se tornar uma grande dançarina e para isso posta vídeos de suas coreografias no Youtube. Eventualmente ela é descoberta por um empresário, Quinn (Jay Ellis), que promete transformá-la em uma celebridade. Logicamente, o acordo tem seu preço e o empresário afasta Casey de sua equipe de dança e a coloca para fazer trabalhos que não refletem sua identidade como dançarina e isso fará Casey aprender valiosas lições sobre a importância da amizade e acreditar em si mesma. Poderia ser uma crítica interessante à conduta voraz da indústria musical, mas tudo é conduzido de maneira tão maniqueísta, exagerada e sem sutileza que tudo soa mais como uma caricatura aborrecida desse meio.

O filme ainda tenta abordar a questão do bullying virtual na cena em que Casey alisa o cabelo depois de ler vários comentários de haters em seu canal, mas a questão é esquecida logo depois e a narrativa nunca volta a tocar no assunto. Existe ainda uma tentativa de criar conflito entre Casey e seus amigos quando Tara (Marissa Heart), a melhor amiga de Casey, tem um vídeo de sexo divulgado na internet pelo namorado. Como isso é responsabilidade de Casey? Bem, não é, mas o filme trata como se fosse. Também é esquisito que ao longo de toda a narrativa não é apresentada qualquer outra alternativa ao sucesso artístico que não envolva ganhar notoriedade na internet primeiro.

A brasileira Bruna Marquezine interpreta Roseli, colega de trabalho de Casey. Pelo modo como o filme apresenta Roseli, é de se imaginar que ela será uma vilã ou rival da protagonista, mas isso nunca se concretiza. Roseli desaparece por completo, nunca voltando a ser citada, depois retorna lá pela metade do filme, tenta seduzir o interesse romântico de Casey (e falha), não fazendo mais nada na trama. Claro, é mais culpa do roteiro do que da atriz (que só é culpada de ter escolhido um projeto ruim), mas deixa evidente como o texto do filme é completamente inábil em criar situações de conflito ou arcos dramáticos para seus personagens. Os números de dança são competentes mas não chegam a despertar o encantamento ou energia que normalmente se espera de um filme como esse. Isso seria menos problemático se ao menos a narrativa e os personagens fossem interessantes, mas sem nenhum grande atributo positivo a se apegar a experiência soa como uma grande perda de tempo. A cantora Anitta e a violinista Lindsey Stirling fazem pequenas pontas (bem pequenas mesmo), mas o filme falha em aproveitar o carisma de ambas.

Nota: 2/10

Trailer


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