Duas jovens, Lisa (Mandy Moore) e
Kate (Claire Holt), decidem fazer um daqueles mergulhos dentro de uma gaiola de
metal para poder ver tubarões. Para muitos isso por si só já seria assustador,
mas quando o guincho do barco quebra e a gaiola afunda no oceano, Lisa e Kate
ficam em uma situação ainda mais tensa.
O filme acerta em construir uma
atmosfera de desespero, usando vários planos amplos para mostrar ao público a
imensidão vazia e sombria do fundo do oceano. Há um senso de perigo não só
pelos tubarões, mas também pela urgência do estoque limitado de oxigênio que
elas dispõem. O filme cria alguns momentos eficientes de tensão, como o ataque
do tubarão à gaiola logo quando elas caem ou o segmento em que Lisa se afasta
da gaiola e acaba se perdendo na escuridão do mar.
O problema é que o filme não
mantém um ritmo consistente desses momentos de tensão (com fez Águas Rasas, por exemplo) e não tem nada
com o que preencher a duração entre um instante de perigo e outro. As atrizes
Mandy Moore e Claire Holt não têm muito com o que trabalhar e exceto pelos
momentos em que suas personagens estão sob alguma ameaça mais direta, não há
muitas razões para se importar com elas.
A situação de perigo é um pouco
diluída pela presença e instruções constantes de Taylor (Matthew Modine),
capitão do barco em que as duas estavam. Considerando que o negócio de Taylor
não parecia estar exatamente dentro da lei (Lisa aponta inclusive a ilegalidade
de jogarem carne e sangue para atraírem tubarões) e o estado de seu equipamento
provavelmente não passaria em uma vistoria de segurança, é difícil crer que ele
tenha ficado para ajudá-las, já que quando a Guarda Costeira chegasse ele
provavelmente seria preso. Claro, ele pode ser um sujeito altruísta e bondoso,
mas o filme não constrói isso no personagem, então a decisão é pouco crível.
A ideia de um resgate à caminho
também diminui nosso interesse pelas personagens, já que o roteiro as
transforma em figuras passivas que apenas esperam ou reagem aos comandos de Taylor
ao invés de pessoas ativas que tomam as próprias decisões e agem diretamente
sobre sua história. Existe também o problema com a conveniência com a qual os
tubarões, aparecem, desaparecem ou são despistados. O começo do filme informa
que os animais são predadores com sentidos hiper apurados, capazes de sentirem
o batimento cardíaco de um ser humano debaixo d'água a dezenas de metros de
distância. Ainda assim, as personagens despistam os tubarões facilmente se
escondendo atrás de pedras. Preciso ainda mencionar que perto do final há uma
reviravolta que certamente vai irritar muita gente por ser relativamente
desonesto com o público ao fazer uma boa parte do clímax ter sido uma grande
perda de tempo.
Medo Profundo é eficiente quando nos apresenta com momentos de
perigo, mas lamentavelmente não tem fôlego para manter a tensão em alta ao
longo de seus noventa minutos.
Nota: 5/10
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