quarta-feira, 4 de abril de 2018

Crítica - Batman: The Enemy Within


Análise Batman: The Enemy Within


Review Batman: The Enemy Within
A primeira temporada de Batman: The Telltale Series chamava atenção pela visão singular que a desenvolvedora trazia ao cânone do Homem-Morcego e por sua decisão em nos deixar imersos na mente de Bruce Wayne, permitindo que sentíssemos o peso de cada uma de suas decisões. Essas virtudes continuam a ser exploradas ao longo dos cinco episódios de sua segunda temporada, intitulada Batman: The Enemy Within.

A trama começa quando o Charada, um vilão que tinha aterrorizado Gotham no passado, retorna à cidade e começa a assassinar pessoas usando armadilhas elaboradas. O Batman entra em ação para enfrentar a nova ameaça, mas precisa lidar também com a chegada de uma divisão secreta do governo liderada pela inescrupulosa Amanda Waller. Ao mesmo tempo, John Doe (João Ninguém na tradução em português), o estranho paciente do Asilo Arkham que Bruce conheceu na temporada anterior, deixa o manicômio e procura Bruce, crendo que ambos são amigos.

Assim como a temporada anterior explorou uma nova abordagem sobre a família Wayne e a relação de Bruce com os pais, The Enemy Within joga com a relação de Bruce/Batman com John Doe, que todos imaginamos que virará o Coringa. O jogador sabe disso, mas o personagem não, então como lidar com John? Devemos fazer Bruce rechaçar cada tentativa de aproximação sabendo que eventualmente eles se tornarão inimigos? Ou será que tentamos oferecer algum tipo orientação e confiança para ele na esperança que possamos redimi-lo?

Essa dúvida a respeito de John chega ao ápice no quarto episódio, quando a responsabilidade de resolver uma severa crise cai nos ombros do personagem e o jogador precisa decidir se julga John digno o suficiente para assumir essa responsabilidade. Quando John eventualmente se torna o Coringa, o jogo evita aquele sentimento de nos forçar a determinado caminho como se nossas escolhas não tivessem importado (algo que é bastante comum nos jogos da Telltale) e faz o vilão que ele se torna ser algo completamente dependente das escolhas que o usuário fez em relação a John. Dependendo de como seu Bruce se relaciona com ele, o Coringa pode assumir condutas e visuais relativamente diferentes. Além das decisões pertinentes ao Coringa, o Batman também precisa fazer escolhas difíceis em termos de quem depositar sua confiança, se em Amanda Waller ou se no comissário Gordon.

Apesar de acertar no percurso para que John se transforme no Coringa, a trama tropeça em alguns problemas de ritmo, em especial no segundo e terceiro episódios que demoram a levar a trama adiante conforme Bruce se infiltra no Pacto, um grupo formado por supervilões como Bane, Arlequina e Sr. Frio. Por mais que seja interessante ver as versões da Telltale para vilões conhecidos, é difícil de embarcar na ideia que eles simplesmente passem tanto tempo ao lado de Bruce, o vejam lutar e ainda assim não notem nenhuma semelhança entre o modo que ele opera e a maneira como o Batman luta.

A jogabilidade permanece relativamente similar ao do jogo anterior, com puzzles investigativos e combates via QTEs, mas há um senso de refinamento nessas principais atividades. Os puzzles exigem um pouco mais de raciocínio e são menos óbvios que antes, enquanto os combates trazem batalhas que são visualmente mais impressionante, usando movimentos de câmera e efeitos de slow motion para ressaltar a agilidade e brutalidade dos combates.

Batman: The Enemy Within refina as mecânicas do anterior e ousa ainda mais no modo como suas escolhas impactam na narrativa, mas infelizmente sua excelente narrativa é prejudicada por alguns problemas de ritmo. O jogo me deixou bastante instigado por uma terceira temporada ao impor uma difícil escolha em sua cena final que tem tudo para provocar um grande impacto na vida Bruce Wayne.


Nota: 8/10


Trailer

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