sexta-feira, 18 de maio de 2018

Crítica - Ni No Kuni 2: Revenant Kingdom


Análise Crítica - Ni No Kuni 2: Revenant Kingdom


Review - Ni No Kuni 2: Revenant Kingdom
Ni No Kuni 2: Revenant Kingdom é um daqueles jogos com potencial de arruinar sua vida. É fácil se perder no imersivo e imenso mundo que ele constrói e na quantidade de atividades que ele te dá, quando mal percebemos já é uma da manhã e ainda assim você quer terminar mais uma missão.

Não é preciso ter jogado o primeiro Ni No Kuni para entender o que se passa aqui. A trama do novo game acontece séculos depois do original e é centrada em Evan, o jovem príncipe do reino de Ding Dong Dell. No dia de sua coração, depois da trágica morte do seu pai, o principal conselheiro real inicia um golpe de estado e toma o controle do reino para si. Evan escapa e decide recuperar seu trono, iniciando assim uma mágica jornada que eventualmente envolverá salvar o mundo de uma sombria ameaça com a ajuda de seus companheiros e uma pequena criatura mágica chamada Lofty (que parece a Lisa Simpson sob efeito de crack).

É uma trama simples e relativamente ingênua, o que não é um problema em si já que a franquia tem um certo clima de conto de fada infantil, mas o que incomoda é a falta do desenvolvimento dos personagens. No primeiro Ni No Kuni, mesmo com a natureza ingênua da narrativa, era possível sentir o peso e a dor que a perda da mãe causava sobre o garoto Oliver ou os traumas que Swaine tinha com o seu passado, mas aqui os personagens recebem um tratamento unidimensional. Evan não tem muito mais explorado além de seu desejo de criar um reino sem conflitos e a morte de seu pai e sua guarda-costas (e o impacto que isso teria nele) mal reverberam. O mesmo acontece com coadjuvantes como Roland, um homem vindo de nosso mundo, que é presidente de um país, mas tem pouco de seu passado ou motivações exploradas. Incomoda também o quão pouco o jogo usa diálogos falados ou cutscenes, recorrendo a textos com os personagens estáticos na maior parte do tempo, o que tira um pouco do impacto e faz sua apresentação parecer menos sofisticada do que a do primeiro, na qual diálogos falados eram uma constante.

O que compensa a superficialidade da narrativa é o incrível universo criado pelo jogo, não só pelo seu tamanho, mas pela criatividade dos espaços e reinos que visitamos ao longo da jornada. Um exemplo é o reino de Goldpaw, que tem uma crença quase que religiosa no poder da sorte e todas as decisões, até julgamentos ou aumentos de imposto são tomadas com um rolar de dados. Com tantos lugares e pessoas exóticas para encontrar, o universo do jogo oferece o encantamento, senso de descoberta e imersão que a trama não consegue entregar. Tudo isso é abrilhantado pelo excelente visual em cel-shading que remete às animações do Studio Ghibli, conferindo identidade e personalidade mesmo quando o texto não consegue fazê-lo.

O combate apresenta uma melhora grande em relação ao antecessor. Agora o jogador controla diretamente os personagens durante as batalhas. O ritmo é veloz, mas os controles são responsivos o bastante para acomodar esse ritmo fazendo a alternância entre ataques, esquivas, bloqueios e magias ser bem fluida e dinâmica. Além de magias e habilidades, o jogador também leva para as batalhas criaturas mágicas chamadas Higgledies. Cada Higgledy tem uma afinidade elemental, um conjunto de ataques próprios e uma ação que faz sob as ordens do jogador, então saber quais Higgledies levar consigo é essencial para as batalhas.

O jogo ainda permite o ajuste de várias opções táticas avançadas através do Tactic Tweaker. Ao gastar pontos é possível aumentar o dano contra um determinado tipo de inimigo, a resistência a um determinado elemento ou debuff ou até mesmo dar bônus para as recompensas recebidas em batalha, aumentando a experiência, dinheiro, equipamentos ou materiais recebidos.

Outra grande mecânica do jogo é a de gerenciamento do reino. Você começa com um pequeno assentamento e aos poucos vai se desenvolvendo em uma cidade e ampliando suas fronteiras. Ao longo do jogo é necessário recrutar novos habitantes (boa parte das missões secundárias gira em torno disso) para melhorar o reino e construir novos instalações, como um prédio de pesquisa arcana (que permite adquirir e melhorar magias) ou forjas para armas e armaduras que dão a opção de criar novas armas ou fazer upgrades na que você tem. Há uma satisfação enorme em ver seu reino crescer e prosperar, criando um loop de progressão que por vezes me fez deixar de lado a história principal só para poder desenvolver minha nação com novos súditos e instalações.

Seu reino não está livre de ameaças e em muitos momentos é preciso defendê-lo em um outro tipo de combate, os Skirmishes. Nesses momentos a câmera muda e coloca o jogador para ver a ação de cima. No controle de Evan é necessário comandar tropas para avançar nos campos de batalha, capturando pontos de controle e derrotando as tropas inimigas. Diferente das outras atividades do jogo, no entanto, falta profundidade a esse modo, visto que aqui o componente estratégico é praticamente resumido a um esquema estilo "pedra, papel e tesoura" que determina as vantagens que um tipo de arma tem sobre a outra.

Ni No Kuni 2: Revenant Kingdom entrega uma jornada envolvente graças ao seu amplo universo, seu carismático design e a variedade de atividades, ainda que a narrativa por vezes deixe a desejar.


Nota: 8/10

Obs: O jogo esta disponível para PS4 e PC

Trailer

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