terça-feira, 8 de maio de 2018

Crítica - A Noite do Jogo

Análise Crítica - A Noite do Jogo



Review - A Noite do Jogo
De vez em quando um filme me pega completamente desprevenido. Entrei para assistir este A Noite do Jogo sem muitas expectativas, mas o que encontrei foi uma das melhores comédias besteirol que assisti em anos. Sinceramente, não lembro a última vez que uma comédia me fez rir até minha barriga doer tal como aconteceu aqui.

A trama segue o casal Max (Jason Bateman) e Annie (Rachel McAdams). Eles são muito competitivos e sempre jogam qualquer coisa, desde videogames a jogos de tabuleiro, para ganhar. Semanalmente eles reúnem amigos igualmente competitivos para uma noite de jogos na casa deles. A situação muda quando Brooks (Kyle Chandler), o irmão mais velho e bem sucedido de Max, chega na cidade. Max nunca tinha vencido o irmão em nenhum jogo e vê no retorno dele a chance de finalmente derrotá-lo. Brooks chama todos para uma noite de jogos na casa dele e propõe um jogo diferente. Atores fantasiados de criminosos sequestrarão um deles e o restante dos jogadores precisará encontrar os culpados decifrando pistas. O problema é que Brooks se envolveu com criminosos reais e é sequestrado de verdade, mas seu irmão e os demais acham que tudo é parte do jogo e iniciam a investigação sem saber que estão lidando com criminosos de verdade.

É uma premissa idiota se pararmos para pensar, mas o roteiro consegue fazê-la funcionar de maneira convincente ao estabelecer razões consistentes pelas quais os personagens demoram a perceber que a farsa é real. Assim, evita que seus personagens pareçam completos imbecis que não enxergam o óbvio e extrai a comicidade do fato deles agirem com extrema confiança diante de um perigo que sequer sabem que está presente, mas nós sabemos. O que eu vou dizer pode soar paradoxal, mas é justamente a inteligência da trama em estabelecer as situações absurdas que faz tudo ser tão idiota e tão divertido.

O elenco tem uma ótima química em conjunto e convence do fato de estarmos vendo amigos de longa data que se conhecem bem. Jason Bateman e Rachel McAdams conseguem trazer um senso verdadeiro de afeto e companheirismo que humaniza a natureza competitiva caricatural dos protagonistas. O roteiro também acerta ao nos apresentar a personagens insólitos como Gary (Jesse Plemons), o vizinho estranho de Max e Annie que insiste em querer ser convidado para as noites de jogos. As interações entre o casal protagonista e Gary são algumas das mais engraçadas do filme pelo timing certeiro com o qual constrói seu "humor de constrangimento" a partir da conduta esquisita de Gary.

O filme também acerta na criação de gags de puro humor físico, como a cena em que Annie tenta remover uma bala do braço de Max ou o momento em Max acidentalmente mancha um cachorro de sangue e tenta limpá-lo. Apesar de todo o absurdo e falta de noção, a trama ainda é hábil em criar uma atmosfera de urgência e em nos fazer sentir que aqueles personagens estão verdadeiramente em perigo e consegue nos pegar de surpresa com algumas reviravoltas inesperadas. O perigo também construído em cenas de perseguição que são igualmente enérgicas e engraçadas, em especial toda a correria envolvendo o roubo de um Ovo Fabergé que é filmada de modo a dar a impressão que tudo se passa em um único plano-sequência.

Apesar de não parecer grande coisa, A Noite do Jogo acabou se revelando como uma das melhores comédias dos últimos anos graças ao seu roteiro afiado, elenco entrosado e humor sem noção.


Nota: 8/10

Trailer

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