Meu primeiro pensamento ao entrar
para assistir No Olho do Furacão foi:
“eu não já vi esse filme antes”? Na verdade eu tinha confundido com No Olho do Tornado (2014), que não tem
nenhuma relação com este No Olho do
Furacão além do fato de ambos serem filmes muito ruins sobre ciclones.
A trama é centrada no
meteorologista Will (Toby Kebbell), que está em uma pequena cidade no sul dos
Estados Unidos para investigar a formação de uma possível supertempestade na
região. A cidade, que abriga uma instalação do governo federal de descarte de
cédulas de dinheiro velhas, é evacuada por precaução, mas bandidos tomam o
controle do prédio do governo para roubar os milhões armazenados ali, usando o
furacão como cobertura. Sim, os vilões conceberam um plano que só poderia ser
executado na ocorrência de um furacão forte o bastante para motivar uma
evacuação da cidade, o que é estranhamente específico e imprevisível. O que
eles fariam se um evento climático dessa magnitude não acontecesse? Iam esperar
até morrer de velhice? De todo modo, a agente federal Casey (Maggie Grace) é a
única a não ser capturada pelos bandidos e com a ajuda de Will tentará deter o
audacioso (ou estúpido) roubo.
Will se tornou estudioso de
furacões ao ver o pai ser morto por um. Sim, é o mesmo passado e motivação da
protagonista de Twister, copiado na
cara dura. Casey é uma agente em busca de redenção por um erro do passado e
Breeze (Ryan Kwanten), é um ex-militar alcoólatra cujo auge da vida no ensino
médio. Só ficou faltando um policial a uma semana de se aposentar para o filme
completar o bingo dos maiores clichês heróis de ação hollywoodianos.
Não só os personagens nunca vão
além desses moldes derivativos e sem imaginação, como também são prejudicados
por diálogos atrozes. É difícil crer que Will é um cientista inteligente quando
boa parte de suas falas soa completamente estúpida. Em uma cena, por exemplo,
Casey está trocando tiros com os vilões e quando avisa para Will que sua
munição está acabando ouve dele a pergunta “como isso aconteceu?”. Imagino que
um dos quatro roteiristas (nunca um bom sinal) pensou na fala como uma piada
engraçadinha, mas é tão sem sentido e imbecil que produz aborrecimento ao invés
de riso. Para piorar o britânico Toby Kebbell e o australiano Ryan Kwanten
apresentam um sotaque exagerado que transforma seus personagens caricaturas
risíveis.
As cenas de ação e destruição
tendem a ser uma bagunça incoerente graças à câmera cambaleante, que sacode a
todo momento, e uma montagem com cortes incessantes que parece pensada para
provocar epilepsia no espectador. Alguém poderia argumentar que essas escolhas
visariam reproduzir a desorientação da tempestade, mas esses modos de filmar e
cortar estão presentes até mesmo quando os personagens estão em ambientes
internos ou fora da tormenta, revelando que se trata apenas de uma abordagem
displicente e equivocada ao invés de uma escolha estética com um propósito
específico.
A ação ainda é prejudicada pela
computação gráfica tosca que sempre deixa claro que estamos vendo um grupo de
atores diante de um fundo verde vazio, minando assim qualquer impressão de
perigo. O filme ainda tenta algumas invencionices visuais na concepção dos
tornados que simplesmente não funcionam, principalmente a ideia de colocar desenhos
de caveiras nos ciclones para denotar o medo que Will tem deles. Eu
literalmente ri alto a primeira vez que vi isso. Um tornado enorme que
destrói tudo ao seu redor já é assustador por si só, não necessitando qualquer
tipo de “auxílio visual” para que o público seja capaz de temê-los.
Algumas cenas de destruição
também forçam demais a boa vontade do público com as liberdades criativas
tomadas pelo roteiro. O melhor exemplo é o desfecho da perseguição final na
qual o caminhão dos heróis está lado a lado com o dos vilões enquanto o furacão
está bem atrás deles, mas só o dos vilões é sugado pelos ventos. Sim, o
caminhão dos vilões estava com o motor danificado, mas os dois caminhões
estavam à mesma distância do furacão, então não havia motivo para que os dois
não fossem sugados. A menos, claro, que furacões sejam entidades conscientes e
possuam algum tipo de preferência moral. Tudo isso é conduzido com grande seriedade pelo diretor Rob Cohen, que parece não entender a natureza exagerada e absurda do seu material. Fosse ele consciente da natureza idiótica do texto, talvez o resultado pudesse ser minimamente divertido.
Com personagens desinteressantes,
diálogos sofríveis, atuações equivocadas e efeitos especiais toscos, No Olho do Furacão é daqueles filmes que
é tão ruim, mas tão ruim, que acaba descambando para o ridículo.
Nota: 2/10
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